domingo, 16 de setembro de 2012

ANTIRRETROVIRAIS AMPLIAM EXPECTATIVA DE VIDA DE PACIENTES...


FONTE: TRIBUNA DA BAHA.


Diagnosticada com o vírus HIV desde 2009, a paciente que prefere não ser identificada está grávida de três meses. O companheiro, que está sempre ao lado, sabe que ela é soropositiva.

Mãe de uma criança, fruto de uma relação anterior, a paciente é portadora do vírus da Aids, mas não manifestou a doença.

A futura mamãe iniciou o tratamento com os medicamentos antirretrovirais em 2010, e desde então, leva a vida normalmente, sem preocupações.

Este caso é apenas um dos muitos casos que são contabilizados diariamente nos atendimentos feitos pelo Serviço Municipal de Assistência Especializada (Semae), que funciona no 3º Centro de Saúde Professor Bezerra Lopes, na Liberdade.

No local, são atendidos cerca de 240 pacientes por mês, regularmente, com média de 20 novos pacientes no período.

Todos eles são encaminhados ao tratamento depois do resultado comprovado de soropositividade, através dos bancos de sangue, postos de saúde, ou os que sofrem com tuberculose e já foram identificados através de exames.

Lá, os pacientes são acompanhados por uma equipe multidisciplinar, composta por cinco infectologistas, um hepatologista, quatro enfermeiras, duas assistentes sociais, uma psicóloga, uma psiquiatra e três farmacêuticas, que são responsáveis pela entrega dos medicamentos para o controle do vírus.

No local, funciona a Unidade Dispensadora de Medicamentos Antirretrovirais (UDM), criada desde 2008 e primeira do nordeste a oferecer o serviço aos pacientes portadores do HIV.

O atendimento é feito em pacientes provenientes dos postos de saúde, dos bancos de sangue (quando apresentam sinal positivo para o vírus) e pelo Hospital Otávio Mangabeira, todos identificados por exames médicos, que indiquem a necessidade de uso do coquetel de remédios para o tratamento da Aids.

Cada paciente é cadastrado no Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (Siclom), do Ministério da Saúde, e recebe a dosagem específica para o tratamento, determinada através da prescrição médica.

Basta apresentar algum documento de identificação no Semae, para retirada do medicamento. Esta rotina acontece mensalmente, com consultas médicas para avaliação a cada três meses.

"Os pacientes recebem medicamentos referentes ao tratamento diferenciado, devido às suas contraindicações e efeitos colaterais, inerentes a cada pessoa", explica a farmacêutica do Semae, Tatiana Haguihara, responsável pela entrega dos medicamentos no serviço.

O diagnóstico é feito através de exames de sangue, que revelam a quantidade de linfócitos - tipo de glóbulo branco presente no sangue, que atuam na defesa do organismo. "Caso este número esteja abaixo de 500, o paciente inicia imediatamente o tratamento", explica Tatiana.

Outro fator, que pode dar início imediato ao tratamento com medicamentos antirretrovirais, é a gravidez. "São mulheres que podem transmitir o vírus HIV ao bebê, mas o tratamento correto evita que isso aconteça" afirma a farmacêutica. "Ou ainda quando o casal é sorodiscordante, ou seja, quando um dos dois foi identificado com o vírus, e o outro é negativo no exame", completa.

As pessoas que foram diagnosticadas com o índice de linfócitos no sangue próximo do limite estabelecido pelo Ministério da Saúde (resultado do CD4 abaixo das 500 células por mm³), que vivem com HIV em parceria sorodiscordante (o companheiro tem o vírus, mas ele ou ela não), não têm a necessidade imediata do tratamento, aguardando apenas a indicação médica. Nestes casos, a doença pode levar anos para se manifestar.

De acordo com Tatiana Haguihara, a falta de informação ainda é a principal causa do preconceito contra o tratamento do vírus HIV. "Muita gente ainda tem medo de fazer exames que identifiquem o vírus, por falta de informação, achando que vão morrer de Aids, mas esquecem que a Aids não mata, ela apenas enfraquece o sistema imunológico, deixando oportunidades para doenças, como a tuberculose, por exemplo, que realmente mata uma pessoa", explica.

Os atendimentos no Semae têm aumentado principalmente em pessoas idosas. "Nestes casos, o homem pensa que o uso do preservativo faz com que ele perca a virilidade e, mesmo utilizando os remédios estimulantes como o Viagra, pratica o ato sexual sem proteção, passando também para a companheira em casa", alerta Tatiana.

Nos casos em que o ato sexual ocorreu sem proteção, é indicada o tratamento preventivo, para pessoas que possam ter sido expostas ao vírus. Os indivíduos recebem os medicamentos que fazem parte do coquetel utilizado no tratamento do vírus HIV, durante o tratamento profilático, que deve ocorrer ininterruptamente por 28 dias. Este exame é feito pelo Hospital Couto Maia, no Mont Serrat.

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