sexta-feira, 21 de setembro de 2012

SALVADOR É LÍDER NACIONAL NAS DESPESAS COM TRANSPORTE PÚBLICO...


FONTE: Victor Longo (victor.longo@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.

Em números absolutos, os gastos com transporte em Salvador e RMS só ficam atrás dos de Curitiba, onde se gasta um total de R$ 690,18 mensais.
O recepcionista Vitor Augusto, de 26 anos, mora com a namorada desde 2005. Juntos, eles têm uma renda mensal de R$ 2,5 mil e cada um tem seu carro. Quanto gastam com transporte por mês? “Juntando os dois, gastamos pelo menos uns R$ 600 só com gasolina. Sem contar a lavagem, a manutenção, consertos e todos os outros gastos com o carro”, calcula Vitor. Mas não é melhor ir de ônibus? “Impossível. A gente gastaria o triplo do tempo e ainda chegaria atrasado todo dia no trabalho”, acrescenta.

O casal ilustra bem a realidade de Salvador e Região Metropolitana. Uma pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que as famílias da metrópole baiana são as que mais gastam com transporte, levando em consideração a renda mensal. E o principal motivo desses gastos tão altos é o transporte privado (carros, motos e bicicletas).

Juntos, os gastos com transporte público e privado somam R$ 659,66, o equivalente a quase 20% de uma renda média familiar de R$ 3.351. Segundo o estudo, a família soteropolitana gasta R$ 125,92 com transporte público e R$ 533,74 com o privado, em média.

Em números absolutos, os gastos com transporte em Salvador e Região Metropolitana só ficam atrás dos de Curitiba, onde se gasta um total de R$ 690,18 mensais. Porém, a renda da capital do Paraná é mais elevada: R$ 3.863.

O estudo Gastos das Famílias das Regiões Metropolitanas Brasileiras com Transporte Urbano tem como base a Pesquisa de Orçamento Familiar (IBGE) de 2009. As despesas com transporte público incluem gastos com ônibus, transporte alternativo, sistemas de táxi e mototáxi, transporte escolar, transporte ferroviário e hidroviário. Já as despesas com transporte privado incluem gastos com a aquisição de carros, motos e bicicletas, além dos custos de manutenção, impostos e abastecimento.

“O transporte individual vem aumentando cada vez mais sua participação na matriz modal de deslocamentos urbanos no Brasil. Os dados sobre os gastos das famílias brasileiras mostraram esse avanço, principalmente nas famílias de menor poder aquisitivo”, conclui o estudo.

Peso .

Segundo o especialista em Finanças Pessoais Luciano Lisboa, professor da Unifacs, os gastos com transporte de uma família não devem ultrapassar os 15% da renda. Porém, acrescenta, a tendência em cidades sem infraestrutura urbana adequada é que as pessoas comprometam mais a renda por não terem opção.

“Se tivéssemos um transporte público adequado, não gastaríamos tanto com transporte. Eu mesmo sou um exemplo. Eu tenho um carro, minha filha tem outro, minha mulher tem outro. Isso seria necessário se tivéssemos um transporte público eficiente?”, questiona.

Ele calcula que o gasto médio mensal com um veículo popular de R$ 25 mil, sem contar as parcelas da aquisição, giram em torno de R$ 500. “Os gastos incluem seguro, IPVA, manutenção, estacionamento, lavagem, etc”, enumera. “Além disso, tem a depreciação, que não é um gasto, mas uma perda no valor do veículo, de aproximadamente 10% ao ano”, lembra.

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