FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
A infertilidade feminina é
geralmente causada por problemas relacionados à ovulação – que ocorre quando o
folículo ovariano é rompido e o óvulo é liberado para que ocorra a fecundação
ao encontrar o espermatozoide. Quando o óvulo é fecundado, forma-se o embrião
que, ao se implantar no útero, dá início à gravidez. Quando não fecundado, em
poucos dias ocorre a menstruação. Mas existem alguns problemas que impedem a mulher de liberar
óvulos – ou, ainda, a liberação ocorre em alguns ciclos mas não em todos.
Distúrbios ovulatórios ou hormonais costumam justificar por que mais de 20% das
pacientes jovens não estão aptas à concepção.
De acordo com Assumpto Iaconelli Junior,
especialista em Medicina Reprodutiva, engravidar não é uma tarefa tão fácil
quanto parece, já que os seres humanos têm uma das menores taxas de reprodução
de todas as espécies existentes na Terra. “As chances de um casal jovem e aparentemente
saudável conseguir engravidar logo no primeiro mês de tentativas são de apenas
15%. Entretanto, no período de um ano de tentativas regulares, essa taxa
costuma ser de 80%”.
Os problemas para ovular podem
acontecer principalmente por três fatores: síndrome dos ovários policísticos,
distúrbios da tireoide (hiper ou hipotireoidismo), e falência ovariana
prematura (antes dos 40 anos). “Estudos indicam que a SOP (síndrome dos
ovários policísticos) atinge entre 5% e 10% das mulheres em idade
reprodutiva, sendo a anovulação crônica típica dessas pacientes. Por isso
mesmo, como tratamento de primeira linha para engravidar, recomendamos a
indução de ovulação e aplicação de técnicas de baixa complexidade. A
fertilização in vitro só é indicada nos casos em que esses recursos falharam”,
diz Iaconelli.
O médico alerta para outros casos
muito comuns que têm influência sobre a menstruação e a ovulação. “Em atletas olímpicas,
bem como corredoras de maratonas e, em alguma medida, bailarinas profissionais,
o hipogonadismo (quando os ovários produzem pouco ou nenhum hormônio sexual,
como estrogênio e progesterona) pode se manifestar por atraso da menarca ou
pela interrupção da menstruação. Isso também costuma ocorrer quando a paciente
está muito abaixo do peso normal ou nos casos de obesidade”.
Modificações no estilo de vida são
altamente recomendadas para quem quer aumentar as chances de concepção e
envolvem cuidados com a dieta, incremento ou redução de atividade física, controle do estresse e
interrupção do hábito de fumar. “A resistência à insulina, por exemplo, exerce
papel fundamental na fisiopatologia da SOP. Sendo assim, a redução dos níveis
séricos de insulina circulante ajuda a restaurar a função reprodutiva. No caso
de pacientes obesas ou com sobrepeso, uma das primeiras orientações é perder
peso de forma saudável – o que é uma das etapas mais difíceis do tratamento.
Estudos mostram que perder entre 5% e 10% do peso resulta em melhora do perfil
lipídico, da pressão arterial e da resistência à insulina, promovendo a
restauração dos ciclos ovulatórios em muitos casos”, diz o especialista.
Quando o assunto é Reprodução Assistida, a
estimulação ovariana é empregada em praticamente todos os tratamentos. “A
disponibilidade de diferentes compostos e apresentações permite individualizar
o tratamento de acordo com o perfil da paciente. Assim, podemos reduzir as complicações
e alcançar os melhores resultados. É importante deixar claro que não existe um
passo a passo a ser seguido por todos. Por isso, o monitoramento ciclo a ciclo
da resposta da paciente se torna indispensável. Vale dizer que os protocolos
estão cada vez mais seguros e convenientes à paciente”, diz Iaconelli.
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