FONTE: Noemi Flores, TRIBUNA DA BAHIA.
Crianças devem intercalar entre as
horas que ficam em frente ao computador com atividades ao ar livre,
em pátios, playgrounds ou parquinhos para que não tenham problemas de miopia
acomodativa. É o que aconselha o oftalmologista Alexandre Príncipe, vice-diretor do Hospital
Santa Luzia.
A miopia é o distúrbio visual que acarreta uma
focalização da imagem antes desta chegar à retina. Uma pessoa míope consegue
ver objetos próximos com nitidez, mas os distantes são visualizados como se
estivessem embaçados (desfocados).
De acordo com o especialista não existe um
estudo que mostre o tempo adequado para as crianças ficarem no
computador. Mas orienta os pais para não deixarem a criança ou adolescente
ultrapassar mais de duas horas, têm que intercalar com brincadeiras ao ar livre
ou passeios. Ele explica o porquê desta necessidade. “Se ficar muito tempo, a
criança só desenvolve a visão para perto e terá dificuldade de enxergar longe”,
adverte.
O oftalmologista afirma que há alguns estudos
que compravam mais miopia em crianças que passam muito tempo diante do
computador. “É porque a criança e o adolescente ainda está na fase de
desenvolvimento, o que não acontece com o adulto que se tiver este
comportamento não vai ter miopia, mas desconforto ou os olhos ressecados”.
Príncipe citou o exemplo de países
populosos como Japão em que as crianças não têm muito espaço ao ar livre para
atividades, passando a maior parte do tempo em computadores, muitas adquiriram
a miopia. Mas o especialista destaca que também há os fatores genéticos que
influenciam, se na família já existirem
casos de miopia, a criança pode ter a predisposição, não significa que terá a
doença.
Segundo o oftalmologista, o ideal sempre é a
prevenção, mas no caso da criança que tiver miopia pode ser tratada com o
uso de óculos “e só vai estabilizar após os 18 anos, fase adulta, quando alguns
podem ser operados, mas lembrando que corrige o grau e nem sempre a
doença. E também a cirurgia não é para todo mundo, tem que passar pela
avaliação do especialista”, sinalizou.
Um estudo realizado pelo
oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, em Campinas,
com 360 crianças de 9 a 12 anos. Entre os participantes que ficavam usando
alguma tecnologia por até 6 horas, 21% foram diagnosticados com miopia. Nessa
faixa etária a prevalência apontada pelo Conselho Brasileiro de
Oftalmologia (CBO) é de 12%.
Queiroz Neto também chama a atenção dos pais
para o monitoramento do uso de equipamentos eletrônicos. Isso porque, a criança
que a cada hora de uso do computador ou outro dispositivo descansa os olhos por
15 a 30 minutos evita o desenvolvimento da miopia acomodativa que atrapalha o
rendimento escolar.
Se a criança não tiver
monitoramento, adverte, vai ter dificuldade permanente de enxergar de
longe. Para ele, o vício em jogos eletrônicos, navegar pela internet e redes
sociais em telas cada vez menores explica o aumento de míopes em todas as
faixas etárias. É bem verdade, comenta, que os diagnósticos de alterações na
visão estão cada vez mais precisos, mas a mudança de hábitos, a maior exigência
da visão de perto contribui com este crescimento.
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