FONTE: Eduardo Schiavoni Do UOL, em Americana (noticias.uol.com.br).
Pesquisadores da
Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro criaram uma substância
capaz não só de repelir o mosquito da dengue como matá-lo durante uma pesquisa
que buscava princípios ativos para a criação de um detergente. A eficácia do
produto foi confirmada em testes laboratoriais e o próximo passo é baratear o
processo de criação para a produção comercial que pode funcionar sendo passado
na pele ou espirrado contra mosquitos. Não há prazo, no entanto, para que o
produto chegue ao mercado.
A substância foi produzida a partir de uma bactéria encontrada em solo contaminado por derivados de petróleo. Os cientistas já estudavam há 17 anos a bactéria Pseudomonas aeruginosa LBI em uma pesquisa para a produção de detergente biológico, até perceberem que ela tinha a capacidade de destruir as larvas do Aedes aegypti, mosquito causador da dengue, no estágio de larva e na fase adulta, além de funcionar como repelente.
A substância foi produzida a partir de uma bactéria encontrada em solo contaminado por derivados de petróleo. Os cientistas já estudavam há 17 anos a bactéria Pseudomonas aeruginosa LBI em uma pesquisa para a produção de detergente biológico, até perceberem que ela tinha a capacidade de destruir as larvas do Aedes aegypti, mosquito causador da dengue, no estágio de larva e na fase adulta, além de funcionar como repelente.
O grupo, comandado
pelo professor Jonas Contiero, decidiu, então, testar a aplicação da substância
contra as larvas. "A substância atua basicamente na diminuição da tensão
da água. Como as larvas do mosquito da dengue precisam se manter na superfície
para respirar, resolvemos testar essa situação e, com a queda nessa tensão, a
larva não consegue se manter à flor da água, afunda, não consegue respirar e
morre", informou a biólogo Roberta Barros Lovaglio, que participa da
pesquisa. O biólogo Vinicius Luiz da Silva e o parasitologista Cláudio José von
Zuben também integram o grupo.
Testes.
A mudança de foco na
pesquisa ocorreu há um ano. Depois de perceberem a eficácia da substância
contra as larvas, o grupo testou a ação do produto contra mosquitos adultos e
percebeu que eles também era afetados.
"No caso deles,
a substância quebra a cutícula do mosquito. Com isso, ele fica suscetível à
ação do meio ambiente e morre. Apenas como comparação, seria o mesmo que
retirar a pele de um ser humano", informa Silva.
A eficácia do
produto, segundo os pesquisadores, é de 100%, em teste realizado com dez
larvas, em todas as concentrações testadas, sendo que as larvas morreram em ate
18h depois da aplicação. Com os mosquitos adultos, foram 20 exemplares, e todos
morreram após a aplicação do produto.
A última parte da
pesquisa, que é financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo) testou também a ação repelente da substância. Em testes
realizados em ratos, um animal é borrifado com o composto, e outro não. Eles
são expostos a mosquitos. O rato que não está com o produto é picado. No outro,
que recebeu o repelente, os mosquitos nem se aproximam.
O foco do trabalho do
grupo, agora, é baratear os custos de produção para um possível uso comercial
da substância. Segundo os pesquisadores, a produção e purificação de
dez mililitros do produto custa R$ 1,4 mil. "Nossa pesquisa,
nesse momento, está dedicada a tentar novas fórmulas de produção para uso
comercial", disse Roberta, que informou, ainda, que o grupo está em
contato com advogados da Unesp para requerer a patente do produto.
Para von Zuben, a
substância é completa e pode ajudar a combater a dengue em todas as fases,
ajudando, inclusive, a diminuir a circulação do vírus que causa a doença.
"A partir do momento que conseguimos novas ferramentas para controlar esse
mosquito, vamos diminuir a quantidade de adultos no ambiente e, com isso,
diminuir as chances de transmissão do vírus para outras pessoas", disse.
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