FONTE: Camila Neumam, do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
A primeira vacina
contra dengue testada em humanos em grande escala mostrou proteção moderada
contra a doença e já é vista de forma promissora, segundo pesquisa
publicada quinta-feira (10) na revista Lancet.
No geral, ela apresentou capacidade de proteção de 56% da população vacinada.
Não há ainda vacina
disponível e licenciada no mundo para imunizar contra o vírus que causa a
dengue,
mas ela já poderá estar disponível no Brasil em 2015.
A vacina foi testada
em mais de 10 mil crianças de cinco países asiáticos, continente com maior
número de casos e onde as crianças são as mais afetadas. Testada em três doses,
a vacina mostrou ser capaz de proteger contra os quatro tipos do vírus
circulantes no mundo, mas com eficácias diferentes.
A OMS (Organização
Mundial de Saúde) tem como meta a redução da morbidade da dengue em pelo menos
25% e da mortalidade em pelo menos 50% até 2020.
Contra a dengue
hemorrágica, versão mais grave da doença, a vacina se mostrou mais eficaz, com
88,5% de proteção entre todos os vacinados.
Na imunização contra
os vírus do tipo 3 e 4 (DENV 3 e 4), a pesquisa apontou grau de proteção
superior a 75% e contra o vírus do tipo 1 (DENV 1), de 50%.
Já contra o vírus
tipo 2 (DENV 2), a proteção seria de apenas 35% dos vacinados, o que não impede
a vacina de imunizar contra o vírus, segundo Sheila Homsani, gerente do
departamento médico da Sanofi Pasteur Brasil.
"Como a vacina é
tetravalente, ela protege contra os quatro tipos de sorotipos da dengue e tem
proteção global alinhada com o que a OMS espera. Com ela, estima-se que até
2020 haja uma diminuição de 50% da mortalidade por dengue", diz.
A vacina é produzida
pelo laboratório Sanofi Pasteur em conjunto com o Instituto de Pesquisa de
Medicina Tropical das Filipinas.
Vacina tem potencial para
reduzir casos pela metade.
O estudo envolveu
10.275 crianças saudáveis, com idade entre dois e 14 anos, selecionadas de
forma aleatória para receber três injeções da vacina ou um placebo a cada seis
meses, durante um ano. Elas foram acompanhadas pelos cientistas por outros dois
anos.
De acordo com a
autora da pesquisa, Maria Rosario Capeding, do Instituto de Pesquisa de
Medicina Tropical das Filipinas, os resultados do estudo sugerem que o uso da
vacina pode reduzir mais da metade a incidência de infecção por dengue, assim
como das hospitalizações por causa da doença.
"Essa vacina tem
potencial para ter um impacto significativo na saúde pública, tendo em vista a
alta carga da doença em países endêmicos", disse à Lancet.
Dengue no Brasil e no
mundo.
A dengue é uma doença
transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que infecta ao menos 390
milhões de pessoas a cada ano, das quais 96 milhões sofrem de infecção, segundo
a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Nos últimos 50 anos,
a incidência de dengue aumentou 30 vezes, com mais da metade da população
mundial em risco, diz a OMS.
No Brasil, foram
notificados 638.404 casos de dengue entre os dias 1º de janeiro e 28 de junho
deste ano, segundo o Ministério da Saúde. O número representa uma queda de 52%
em comparação ao mesmo período do ano passado.
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