FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Com o
avanço da medicina reprodutiva e da tecnologia, os médicos voltados a esta
especialidade têm buscado cada vez mais soluções eficazes para o
tratamento de casais que encontram dificuldades para gerar seu bebê.
Embora novas possibilidades surjam diariamente, ainda
existem muitas dúvidas sobre o tema fertilidade. E essas incertezas impedem
muitos casais de realizarem o sonho de terem um filho.
O ginecologista responsável pela área de Reprodução
Humana da Criogênesis, Renato de Oliveira, esclarece os principais
questionamentos.
1 - Quais as principais causas da infertilidade?
As causas da infertilidade são divididas democraticamente. Em 30% dos casais
avaliados, identificam-se fatores exclusivamente femininos. Mesmo valor
encontrado tanto para a identificação de fatores exclusivamente masculinos
quanto para a identificação de uma causa em ambos.
Nos 10% restantes, não se encontra um fator preponderante
que justifique a infertilidade. Isto se denomina infertilidade sem causa
aparente.
Deve-se destacar que não significa que não há uma causa,
mas que não foi possível reconhecer o fator de infertilidade com os métodos
utilizados ou disponíveis na atualidade.
2 - Quando um casal é considerado infértil?
Podemos dizer que a ausência de gravidez após um ano de tentativas frequentes
sem o uso de métodos anticoncepcionais caracteriza a infertilidade.
Se há uma causa conhecida ou se a mulher possui mais de 35
anos, a procura de um especialista a fim de diagnosticar infertilidade não deve
esperar um ano.
3 - Quando o casal deve procurar tratamento para ter
filhos?
Após um ano de vida sexual sem contracepção e sem obter uma gestação ou após
dois abortos consecutivos.
Além disso, há uma recomendação da Sociedade Americana de
Medicina Reprodutiva que a mulher com mais de 35 anos deve procurar um
especialista após 6 meses de tentativas sem sucesso e, após os 40 anos, procura
imediata assim que desejo de gravidez.
Caso tenha outra suspeita de dificuldade para engravidar em
qualquer idade, a procura de avaliação também é indicada.
4 - A fertilidade diminui com a idade?
Sim. Há uma queda da fertilidade com a idade. Sabemos que por volta dos 35
anos, 16% dos casais possuem dificuldade em engravidar.
Este valor aumenta até os 37 anos e a queda da fertilidade é
mais acentuada até, aproximadamente, 43 anos. Após esta idade, dentre as
pacientes inférteis submetidas aos tratamentos mais sofisticados, como a
fertilização in vitro, apenas ao redor de 5% alcançarão uma gravidez.
5 - Quais são as maiores causas da infertilidade masculina
e feminina?
A principal causa de infertilidade masculina é desconhecida (chamada de
idiopática). Porém, destaca-se a varicocele, fatores obstrutivos, genéticos
ambientais com a drogadição e uso de anabolizantes.
A mulher tem como principais causas de infertilidade a
endometriose, alterações tubárias, distúrbios da ovulação, destacando a
síndrome dos ovários policísticos, alterações uterinas, dentre outras.
6 - Há fatores que aumentam o risco de infertilidade
feminina? E a masculina?
Sem dúvida. No caso da mulher, o fato de deixar para engravidar mais tarde, a
obesidade ou o baixo peso, a exposição a doenças sexualmente transmissíveis e o
tabagismo são exemplos claros de situações que aumentam o risco de
infertilidade e que devem ser evitados.
Outra situação é a exposição aos tratamentos oncológicos
como a quimioterapia ou radioterapia. Nestes casos, dependendo do processo
utilizado, há prejuízo da reserva ovariana e alto risco de infertilidade. Por
isso estas pacientes devem sempre serem orientadas quanto à preservação de
fertilidade.
No caso dos homens, há os fatores relacionados à exposição
a substâncias tóxicas. Dentre os exemplos mais comuns, temos os medicamentos
usados em quimioterapia, a radiação ionizante, o calor ou os hormônios exógenos.
Além disso, infecções que levam à inflamação dos testículos também podem estar
envolvidas.
7 - Como a idade interfere na fertilidade do homem?
A idade interfere na fertilidade do homem, mas de maneira muito menos incisiva
do que na mulher. Há trabalhos que mostram uma redução na concentração e na
mortalidade dos espermatozóides.
Outros, um aumento de problemas genéticos com a idade. No
entanto, a queda da fertilidade masculina inicia-se, em média, dez anos mais
tardiamente que nas mulheres.
8 - Nos casos em que a mulher foi diagnosticada com
endometriose, qual a possibilidade de engravidar naturalmente?
A endometriose é uma doença estrogênio dependente, proliferativa, crônica,
recidivante, caracterizada pela presença de tecido endometrial fora da cavidade
uterina.
Sua associação com a infertilidade está bem estabelecida.
Porém, o entendimento do seu exato mecanismo de ação ainda não é completamente
conhecido.
Assim, há uma possibilidade de gravidez espontânea em
algumas pacientes independente do grau da doença, mas dependente do tamanho do
comprometimento dos órgãos pélvicos.
Sabe-se que ocorre um aumento da taxa de gravidez
espontânea em 50% nos primeiros seis meses após a cirurgia. A decisão de operar
depende de outros fatores que devem ser individualizados e discutidos com um
especialista.
9 - Problemas de fertilidade são hereditários entre as
mulheres?
Depende do problema. Sabe-se que há um componente familiar em doenças como
miomas, endometriose e falência ovariana prematura (menopausa precoce).
Já os homens podem ter alterações genéticas que levam a
redução da qualidade do sêmen.
Outra situação rara, mas importante, é quando há ausência
dos ductos deferentes bilaterais (canais que transportam os espermatozóides do
testículo para o ducto ejaculatório).
Este problema está relacionado a uma mutação do gene da
fibrose cística, doença grave que deve ser avaliada.
10 - Qual a idade mais indicada para a mulher engravidar?
A mulher está suscetível à gravidez a partir da sua primeira menstruação. Mas
vale destacar fatores importantes em cada fase da vida. A maior vantagem em
engravidar aos 20 e poucos anos diz respeito à saúde.
Isto porque os riscos de doenças como diabetes gestacional
e pré-eclâmpsia são menores nesta fase.
Por volta dos 30 anos, é o período que a maioria das
pacientes por questões profissionais e sociais escolhe para engravidar. A
estabilidade financeira e emocional faz com que a mulher aproveite e curta
muito mais a maternidade, influenciando o bem-estar, tanto dela quanto do bebê.
A partir dos 35 anos, os obstetras já consideram a gestação
de risco e ainda alertam para a queda progressiva da fertilidade feminina.
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