FONTE: Daniela Pereira, TRIBUNA DA BAHIA.
Em dez anos aumentou cerca de 52%
o número de pessoas acima de 60 anos no mercado de trabalho na cidade como
apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A presidente da
Federação das Associações de Aposentados, Pensionistas e Idosos do Estado da
Bahia (Feasapeb), Marise Costa Sansão, afirma que o motivo principal é o
fator previdenciário, que reduz o valor da aposentadoria, obrigando as pessoas
a continuar trabalhando.
De acordo com o IBGE, em Salvador
e Região Metropolitana houve um aumento de 52% porque em 2003 havia 47mil
pessoas acima de 60 anos ou mais no mercado de trabalho.
Em 2013 este número passou
para 102 mil trabalhadores nesta faixa etária. No Brasil, 5,18 milhões idosos
estavam no mercado de trabalho, em 2003 e dez anos depois, foi para 7,2
milhões. E na Bahia em 2003, 482 mil, já em 2013, a soma foi de 583 mil.
O supervisor de
Disseminação de Informações , da Unidade Estadual do IBGE na Bahia, Joilson
Rodrigues de Souza, afirma que os dados mostram “a valorização do trabalho dos
mais velhos, pois houve uma mudança do ambiente econômico, e fica mais claro
isto com aumento na Região Metropolitana de Salvador”.
Os dados do instituto não
especificam se estes números são por demora de aposentadoria ou continuidade no
trabalho ou ingresso após aposentadoria. Para a presidente da Feasapeb um dado
é certo: não é ingresso em trabalho novo após aposentadoria porque “é muito
difícil arranjar emprego após 60 anos, as pessoas mais velhas ninguém quer”,
afirmou.
Para Sansão está claro que se
trata da demora de se aposentar e continuidade após aposentadoria devido ao “
fator previdenciário que diminui os benefícios previdenciários, principalmente
para nós mulheres que temos vida mais longa,segundo estatísticas, fazendo com
que muitos trabalhadores adiem a sonhada aposentadoria e outros mesmo
aposentados prossigam no trabalho ou ingressem novamente no mercado”, declarou
a aposentada.
O fator previdenciário é um
cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição e por idade, sendo
opcional no segundo caso.
Criado no governo de Fernando
Henrique Cardoso com o objetivo de equiparar a contribuição do segurado ao
valor do benefício, baseia-se em quatro elementos: alíquota de
contribuição, idade do trabalhador, tempo de contribuição à Previdência Social
e expectativa de sobrevida do segurado
A dirigente da federação da
categoria explicou que com este cálculo o trabalhador tem muitas perdas e mesmo
que se aposente com um teto máximo com o tempo vai reduzindo o valor cada vez
mais porque os reajustes nunca alcançam o valor máximo da época.
“Ficou claro que a pessoa tem
medo de sair, quem está em vias de se aposentar. Nós que já nos aposentamos
tivemos que nos reinserir no mercado de trabalho porque um dado lamentável é
que dos dois milhões de aposentados na Bahia 83,6% recebem apenas
um salário mínimo. E a gente tem família muitas vezes para ajudar, remédios que
são caríssimos e praticamente não sobra para lazer “, criticou.
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