FONTE: Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
O número de doadores de sangue
fidelizados no Brasil – aqueles que doam com regularidade, aumentou, mas
continua longe do ideal. O alerta é de especialistas neste Dia Nacional do
Doador do Sangue, celebrado hoje (25).
Para o biólogo molecular da
Fundação Pró-Sangue de São Paulo, Eduardo Levy, a melhora da instrução e mais
informações podem explicar o aumento. “Cerca de 60% dos doadores aqui [Fundação
Pró-Sangue] são doadores que vem de forma altruística e com regularidade. Mas
em alguns países, como na Inglaterra esse percentual chega a 100%”, contou ele.
Por outro lado, o biólogo lamenta
que a sociedade esteja cada vez mais individualista, sobretudo, os jovens e
teme que os números voltem a cair. “Precisamos de campanhas e de educação nas
escolas que combatam o egoísmo e ressaltem a importância de termos uma sociedade
solidária. O sangue só vem de um ser humano, não existe sangue artificial e
dependemos dos doadores”, completou o médico.
O gerente médico da Associação
Beneficente de Coleta de Sangue (Colsan), Fábio Lino, lamentou que o mais comum
entre os brasileiros ainda seja a doação a parentes e conhecidos em situações
de emergência. “A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que 5% da
população de um país doem sangue regularmente para manter os estoques de sangue
dos hemocentros. No Brasil esse percentual está entre 2% a 2,5%”, disse ele.
“As campanhas ajudam pontualmente, mas falta conscientização. Falta essa
cultura de perder um dia da vida para tentar ajudar o próximo doando sangue.”
O diretor da Associação
Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), hematologista
Dante Langhi Jr, compartilha da opinião dos colegas. Ele deu o exemplo do
trabalho de conscientização com os doadores específicos, como os de plaqueta.
“Como esse doador é contatado muitas vezes pelos serviços e a conscientização é
mais efetiva, vimos um aumento desse número de doadores nos últimos anos”,
comentou.
Para doar sangue é preciso ter
entre 16 e 69 anos, pesar mais de 50 quilos, estar bem de saúde e portar um
documento de identidade oficial com foto. Jovens com 16 e 17 anos só podem doar
sangue com autorização dos pais ou responsáveis legais. Não é necessário estar
em jejum, apenas evitar apenas alimentos gordurosos nas 3 horas que antecedem a
doação.
Os especialistas também elogiaram
o uso do teste de ácido nucleico (Teste NAT) no sistema de saúde público que
aumenta a segurança das transfusões de sangue. A utilização do NAT nos bancos
de sangue tornou-se obrigatória há um ano no país. Ele é o único capaz de
detectar a presença do vírus do HIV, da Hepatite C e da Hepatite B no organismo
entre o dia da contaminação por vírus e o momento de sua manifestação no
organismo (janela imunológica).
Para Lino o Teste NAT foi uma das
ferramentas mais importantes de controle do sangue nos últimos tempos. “O
número de doações em janela imunológica é muito pequeno, mas ainda assim pode
acabar infectando um paciente”, comentou.
Levy acredita que embora a
incorporação do teste NAT seja de extrema importância para fortalecer segurança
do sangue, é necessário mais tempo para mensurar sua utilidade no país.
“Ter um doador em janela
imunológica é raro, estamos falando de índices de uma a cada 100 mil doações.
Alguns bancos de sangue no país vão demorar uns cinco anos para ter 100 mil
doações”, explicou ele.
Langhi Jr. comentou que em vários
países desenvolvidos o NAT já é utilizado há muitos anos e sua eficácia
comprovada por vários estudos. “É sem dúvida nenhuma um grande ganho a
obrigatoriedade dos testes NAT. As vantagens que esse teste oferece já são
conhecidas na literatura médica específica”.
O NAT é desenvolvido pelo
Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-manguinhos) da Fundação Oswaldo
Cruz. (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde.
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