FONTE: Camila Neumam, do UOL,
em São Paulo
(noticias.uol.com.br).
O cálculo renal, mais
conhecido como pedras nos rins, não distingue cor, idade ou classe social, e
recentemente, acometeu a funqueira Valesca Popozuda
e o rei Pelé.
Embora a enfermidade
seja conhecida popularmente com esse nome, as pedras podem se instalar em
outras partes do trato urinário, ou seja, na bexiga, na uretra e nos ureteres.
O quadro é sempre
lembrado pelas dores terríveis que causa na lombar e no abdome e costuma tem
maior incidência entre homens ou entre aqueles que bebem pouca água e abusam do
sal.
A dor forte aparece
por causa da obstrução da via urinária provocada pela pedra, que bloqueia a
passagem da urina e causa a dilatação do rim. Sua intensidade costuma ser
comparada à dor do parto sem anestesia, capaz de causar vômitos e cólicas
extremamente dolorosas.
O cálculo é formado
geralmente por cristais de oxalato de cálcio eliminados pela urina, que ao se
agruparem com o tempo formam as pedras. Quanto mais água a pessoa tomar, maior
a chance de eliminar os cristais.
Se o indivíduo urina
pouco, fruto da escassa ingestão de líquidos, os cristais tendem a se agrupar
com mais facilidade e formar compostos sólidos de diferentes tamanhos nas vias
urinárias. Há pessoas que tendem a absorver mais oxalato e cálcio do que a
média e, consequentemente, seu organismo formará mais cristais.
Vitamina C é vilão.
Para quem não tem o
hábito de ingerir mais líquidos ou urina pouco, o ideal é evitar alimentos que
facilitam a excreção de oxalato, como a vitamina C ingerida em cápsulas, ou
alimentos que já contêm oxalato como espinafre, chocolate, chá mate e chá
preto.
"O oxalato de
cálcio é o tipo mais comum de cálculo e é produzido por metabolização hepática
da vitamina C. Nas dietas acima de quatro gramas de vitamina C ao dia, há risco
aumentado de cálculos. Por isso, quem tem propensão para formar pedras nos rins
deve evitar automedicação com vitamina C", afirma o urologista Jean
Cristovão Guterres, da Fundação Pró-Rim.
Por outro lado, sucos
de laranja e de limão, embora sejam fontes de vitamina C, contêm quantidades
significantes de citrato de potássio, que evita a formação das pedras.
"A quantidade de
vitamina C nos sucos não é muito grande, mas as bebidas têm bastante citrato,
que protege contra a formação dos cristais de oxalato na urina", afirma o
nefrologista Daniel Rinaldi dos Santos, presidente da Sociedade Brasileira de
Nefrologia.
Por muito tempo, os
alimentos ricos em cálcio não eram recomendados com o intuito de evitar as
pedras. Hoje, no entanto, há consenso de que eles são benéficos justamente pelo
contrário.
"O oxalato é
eliminado juntamente com o cálcio pela urina e pelas fezes. Quando se ingere
pouco leite e derivados, haverá pouco cálcio para ser eliminado com o oxalato
e, por sua vez, mais oxalato para os rins, aumentando a chance de criar
pedras", diz o nefrologista.
Sal e industrializados.
Além da vitamina C, o
consumo excessivo de sódio também pode ser um dos fatores de desenvolvimento do
cálculo renal, pois favorece o aumento da excreção de cálcio na urina.
Para reduzir a
quantidade de sódio na alimentação, o urologista recomenda diminuir as
colheradas de sal no preparo da comida e a diminuição do consumo de alimentos
processados ricos em sódio como embutidos, caldos prontos, molho shoyo, sopas
de pacote e macarrão instantâneo.
Refrigerantes e sucos
artificiais entram nesta lista dos vilões por também terem quantidade
significativa de sódio.
Como tratar?
Não se sabe ao certo
por que os homens sofrem mais com cálculos. Os especialistas indicam que má
alimentação e um maior número em atividades manuais -- que fazem suar mais --,
sem a devida reposição de líquidos, podem influenciar nos números.
Segundo o urologista
da Pró-Rim, 10% dos meninos e 5% das meninas que nascem hoje, se chegarem aos 70
ou 80 anos terão cálculos renais.
Dependendo do tamanho
destas pedras, elas podem ser removidas pela urina ou por cirurgia.
Cálculos de até cinco
milímetros de diâmetro têm 85% de chance de serem eliminados espontaneamente
através da urina, e os de até oito milímetros de 50%.
"A maioria dos
cálculos renais pode ser eliminada através do sistema urinário com bastante
água para ajudar a mover a pedra. E tomando medicação para dor, se
necessário", afirma o urologista.
Em casos de pedras
maiores ou quando o quadro se agrava para uma infecção urinária, pode ser
necessária a cirurgia endoscópica, que 'quebram as pedras', ou com corte,
explica o nefrologista.
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