quinta-feira, 20 de novembro de 2014

1 A CADA 88 PESSOAS DO RECÔNCAVO BAIANO POSSUI ANEMIA FALCIFORME...

FONTE: Tamirys Machado, TRIBUNA DA BAHIA.

           
No Brasil, a cada ano nascem 3,5 mil crianças com anemia falciforme. A Bahia lidera o ranking de casos da doença, com 15 mil portadores. No Recôncavo do Estado, a situação ainda é mais alarmante: a cada 88 nascidos, um tem a falciforme, segundo o hematologista Fernando Araújo, do ambulatório municipal especializado.
Conforme o médico, “até pouco tempo atrás, qualquer dor óssea ou com um quadro infeccioso normalmente se restringia a crise falcêmica, quando na verdade a doença, por ter uma hemácia que impacta no vaso, ela interage com o endotélio que é o nosso maior órgão. O endotélio quando rompe, ele sangra, e se fissurar libera um monte de substância, e com isso apresenta isquemia, com manifestação clínica ou silenciosa”, explicou.
A doença falciforme é caracterizada por uma alteração sanguínea que causa anemia crônica, dores generalizadas e icterícia, atingindo, principalmente, pessoas de origem africana. Nesses pacientes, as células do sangue têm um formato diferente do normal, o que dificulta a circulação e pode levar a acidentes vasculares cerebrais (os populares derrames), lesões em diversos órgãos e úlceras de perna. “Por isso vemos crianças com 10 anos de idade com Acidente Vascular Cerebral, ou ataque isquêmico transitório, mulheres apresentando infarto sem fatores de risco prévio, ou seja, começou a se perceber que a anemia falciforme não era uma doença localizada em tecido ósseo, era uma doença sistêmica de uma relevância muito grande”, pontuou Araújo.
De acordo com os dados da Associação Baiana das Pessoas com Doença Falciforme-ABADFAL, a média nacional é bem menor do que a baiana, um para cada mil nascidos têm a doença. “A prevalência na população negra fortalece o racismo institucional, pois a evolução científica não acompanhou as políticas públicas para a doença”, destaca Altair Lira, coordenador de formação e pesquisa da ABADFAL. “É uma doença sistema de processo inflamatório crônico e se não tomar cuidado a sua morbidade e sua sobrevida são comprometidas”, explicou o hematologista Araújo.
Como pode ser identificada no exame do pezinho, o diagnóstico precoce, segundo especialistas, é fundamental, pois o acompanhamento regular com equipe de saúde, além de suporte social, pode reduzir e até evitar agravos e complicações.
Conforme o especialista Araújo, a hematologia hoje já tem ferramentas necessárias para o tratamento adequado da doença. “Hoje já temos especialistas dentro da hematologia que orienta, dá o cuidado, acompanha os pacientes, oferece eventual medicamento para o paciente sair de uma situação social ou psicológica”, afirmou. Um dos tratamentos indicados é a terapia gênica, transplante de medula, combate a ferro, entre outros.
A forma mais comum e grave da doença é denominada anemia falciforme e ocorre quando a criança herda o gene para produzir a Hb S do pai e da mãe, resultando na forma Hb SS. Todas essas combinações possíveis com a Hb S são exemplos de doença falciforme e apresentam sinais e sintomas semelhantes, sendo tratadas de forma similar.
Outra questão apontada pelo médico é o comprometimento do fator psicológico, já que em alguns pacientes há o rompimento da hemacia, deixando o olho amarelado, porém o tratamento também já conta com apoio psicológico.

 “Tem pacientes que usavam óculos escuros por conta do olho amarelado”, explica. Ontem, aconteceu a “Roda de Conversa” sobre a importância do reconhecimento precoce e prevenção das complicações geradas pelas doenças falciformes. O evento foi na sede do SIM Clínicas, na Estrada da Liberdade. 

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