FONTE: Aline Leal, da Agência
Brasil, em Brasília (noticias.uol.com.br).
O Conselho Federal de
Medicina (CFM) divulgou na quinta-feira (27) uma nota de repúdio à campanha
contra o racismo no SUS (Sistema Único de
Saúde), lançada pelo governo esta semana. A classe médica disse que a campanha
tem tom racista e "desconsidera problemas estruturais que afetam toda a
população".
Para o secretário do
CFM, Sidnei Ferreira, o problema do SUS está longe de ser o racismo. "Com
essa campanha, o Ministério da Saúde insinua que o médico e os outros
profissionais diferenciam [os pacientes] pela raça, fazem um apartheid,
diferenciando o negro do branco. Morrem negros, brancos, morenos e amarelos
porque o governo não cuida da saúde pública", declarou.
Segundo o conselho,
os quase 400 mil médicos brasileiros são contrários a qualquer tipo de
preconceito na assistência a pacientes e há um dispositivo no Código de Ética
Médica estabelecendo que os profissionais zelem para que ninguém seja
discriminado por razões vinculadas à herança genética.
Na nota, o CFM diz
estar preocupado com as condições de trabalho e atendimento oferecidos pelo
SUS. "São essas as causas do mau atendimento para a população no SUS, não
importando questões de gênero, classe social ou etnia."
O Ministério da Saúde
divulgou nota comentando as declarações do CFM. No texto, o ministério reafirma
que o SUS "não tolera o racismo ou qualquer atitude discriminatória"
e que a campanha "reconhece que o racismo no Brasil está expresso em suas
mais diversas formas e áreas".
"Além da
dimensão histórica, que mostra que as condições socioeconômicas da população
negra se refletem em índices como morte materna, infantil e violência, bem como
na dificuldade de acesso a serviços de saúde, há o racismo institucional. Nesse
caso, dados revelam que os negros são atendidos em consultas com tempo
reduzido, o uso de anestesia é menor nos partos e, em alguns casos, a abordagem
aos pacientes não é ética ou respeitosa. Assim como acontece de pessoas que
chegam aos serviços de saúde e não querem ser atendidas por profissionais
negros. Ou seja, dentro das mesmas condições, há atendimento diferenciado entre
brancos e negros", informou a nota.
Segundo o ministério,
a campanha atende a uma demanda do movimento negro. "Centenas de
comentários preconceituosos postados nas redes sociais da pasta em resposta à
ação reforçam que é necessário enfrentar esse tema."
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