FONTE: *** Jairo Bouer (doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).
Uma pesquisa mostra que metade das pessoas
infectadas com o vírus da hepatite B ou C (49,6%) já sofreu algum tipo de
discriminação por causa da doença. A pesquisa, feita pelo Grupo Otimismo, uma
ONG de apoio a pacientes, foi apresentada nesta semana no Congresso
Internacional de Doenças do Fígado, em Viena, na Áustria.
Entre os infectados que se abriram com a família
sobre o vírus, 24,6% relataram ter sentido um certo distanciamento por parte de
um ou mais parentes depois do anúncio. Dos mais de 45% que falaram sobre a
doença a colegas de trabalho, 10% foram demitidos. Dos 57,4% que contaram sobre
o vírus ao parceiro afetivo, 33,3% tiveram o relacionamento afetado.
Mais de 20% também disseram ter sofrido algum
tipo de discriminação no dentista e 17%, ao fazer manicure ou pedicure. Uma
parcela de 7% até deixou de ser atendida por profissionais de saúde ao informar
sobre o diagnóstico. Ao todo, foram entrevistados 1.217 infectados. Ou
seja: a hepatite causa estigma e discriminação.
A divulgação da pesquisa coincide com uma boa
notícia para parte dessa população: a aprovação, no Brasil, de um novo
tratamento oral contra hepatite C, que apresenta menos efeitos colaterais e tem
curta duração – apenas 12 semanas de uso.
O Viekira Pak (ombitasvir, veruprevir, ritonavir
e desabuvir) foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) após um processo de análise prioritária. Este é o quarto medicamento
para hepatite C registrado este ano no país, o que dá aos brasileiros acesso ao
que os infectologistas chamam de revolução no tratamento da doença, para a qual
ainda não existe vacina (diferente do que ocorre com a hepatite B).
Até hoje, muitos pacientes enfrentavam meses de
tratamento com interferon, droga com efeitos colaterais incômodos, e não
conseguiam zerar sua carga viral. Esse cenário ainda era agravado por uma
característica preocupante da hepatite C: por ser silenciosa, muitas vezes a
infecção só é descoberta quando já existe algum dano ao fígado. Esta, aliás, é
a causa de 25% de todos os casos de câncer hepático.
De acordo com o Ministério da Saúde, 1,5% da
população brasileira pode ter o vírus da hepatite C, ou seja, 3 milhões de
pessoas. E muita gente não sabe disso.
Jairo Bouer é médico formado
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com residência em
psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. A partir do seu trabalho no
Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas da USP (Prosex), passou a focar
seu trabalho no estudo da sexualidade humana. Hoje é referência no Brasil, para
o grande público, quando o assunto é saúde e comportamento jovem, atendendo a
dúvidas através de diferentes meios de comunicação.
Sobre
o blog.
Neste espaço, Jairo
Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre saúde, sexo e
comportamento.
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