FONTE: iG São Paulo, por Paulo Porto de Melo, TRIBUNA
DA BAHIA.
Dor de cabeça incapacitante é um dos sintomas
dessa doença que pode ser tratada por um neurocirurgião.
Você
fez uma ressonância magnética e resolveu dar uma espiada no laudo do resultado
do exame antes de levar o médico: vê escrito que você está com um pseudotumor
cerebral. À primeira vista parece assustador e você imagina que está com
câncer. Acalme-se, não é nada disso.
Atualmente,
em vez de pseudotumor cerebral, preferimos utilizar o termo Hipertensão
Intracraniana Idiopática. Existem, no entanto, médicos que ainda utilizam esta
nomenclatura mais antiga. Portanto, se recebeu este diagnóstico ou se ele veio
escrito no laudo de sua Ressonância, não se assuste… Não tem nada a ver com
tumor.
E que
quadro clínico é esse? É um quadro caracterizado por dor de cabeça (cefaléia)
de forte intensidade, náuseas e vômitos e alterações (usualmente turvação)
visuais. A dor frequentemente localiza-se na região frontal e piora quando o
paciente se abaixa. Outros sintomas tais como zumbido, alteração de
comportamento ou tontura podem também ocorrer.
O nível
de consciência, no entanto, permanece normal. No exame neurológico usualmente
se identifica edema de papilas ou paralisia do VI par craniano. Os exames de
imagem (tomografia e ressonância magnética) usualmente revelam ausências de
lesões que produzam efeito de massa e ausência de hidrocefalia, apesar do
quadro clínico.
O exame
de líquor usualmente evidencia hipertensão liquórica, com celularidade e
glicose normal. Alguns grupos, como o da Universidade de Ohio, pesquisam
as possíveis bases genéticas desta doença, para, no futuro, fazer uma
possível triagem e tratamento mais precoces.
O
tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. Usualmente tentamos primeiramente o
tratamento clínico, que consiste em utilizar medicações que reduzam a produção
de líquor e, com isso, a pressão intracraniana. Assim, medicamentos como a
acetazolamida ou corticoesteróides podem ser utilizados, com orientação médica.
Pacientes
que não melhorem com o tratamento, no entanto, podem ser submetidos a uma
pequena cirurgia, a derivação lombo-peritoneal. Nesta cirurgia um catéter é
introduzido através de um pequeno corte na região lombar e drena continuamente
o liquor para a cavidade abdominal, aonde se localiza sua outra extremidade.
Como se
vê, trata-se de uma doença benigna, facilmente tratável pelo neurocirurgião mas
que, se não tratada, pode levar a dor incapacitante.
Se você
se vê acometido por uma dor de cabeça nas condições descritas acima e tem
exames de imagem normal, procure um neurocirurgião para uma consulta que poderá
estabelecer ou afastar este diagnóstico.
* Dr Paulo Porto de Melo é
neurocirurgião formado pela UNIFESP, especialista em Neurocirurgia pela
Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e colaborador do Departamento de
Neurocirurgia da Universidade de Saint-Louis (EUA).
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