Checar se o bebê está
respirando ou garantir que a mamadeira esteja sempre esterilizada são apenas
algumas das preocupações comuns entre as mães de recém-nascidos. O problema é
quando essas apreensões começam a ganhar dimensões exageradas ou ficam
persistentes demais, acompanhadas de pensamentos perturbadores. Aí é preciso
ligar o sinal de alerta, pois a nova mãe pode estar sofrendo de ansiedade
pós-parto.
Três em cada 10
mulheres apresentam, pelo menos, um tipo de transtorno de ansiedade
após a chegada do bebê, de acordo com a psicóloga Luciana Rocha, idealizadora
do projeto Tons da Maternidade. ''Mesmo quem nunca teve crise de ansiedade
pode apresentá-la no pós-parto diante do enorme desafio que é cuidar desse
bebê'', comenta a psicóloga Fernanda Travassos Rodriguez, doutora em Psicologia
Clínica pela PUC-RJ.
Reações físicas como palpitações,
pânico ou preocupação excessiva com a própria saúde e a do bebê são sinais
que devem ser observados pela mãe e pela família, já que no pós-parto uma mãe
ansiosa pode ficar ainda mais vulnerável diante de todo o estresse adaptativo.
Por isso, identificar
o problema e buscar tratamento o quanto antes é primordial para a saúde dessa
mulher. ''É uma fase em que a mãe pode exacerbar tudo de forma negativa,
sendo que a ansiedade pode levar ao pânico'', diz o médico Joel Rennó Jr,
coordenador do Programa de Saúde Mental da Mulher do IPq (Instituto de
Psiquiatria da Universidade de São Paulo).
"Um marido que
ainda não está em sintonia com a nova fase, que não ajuda com o bebê, que se
mantém distanciado ou que demonstra ciúme da esposa com o bebê também contribui
para o aumento do estresse, desencadeando a ansiedade'', acrescenta Fernanda.
O médico Rennó Jr.
alerta ainda que muitas mães sofrem caladas, afinal existe uma cobrança por
parte da sociedade de que essa é uma fase mágica e, portanto, não faz sentido a
mãe manter-se nessa tensão. ''É preciso conscientizar de que demora um
tempo para estabelecer este vínculo e a fase inicial pode ser muito difícil. Em
muitos casos, a mãe não se sente acolhida para dizer o que está sentindo e a
atenção de alguém próximo pode ser essencial para identificar o problema e
ajudá-la a enfrentá-lo''.
Quem tem mais chances.
Segundo Luciana, mulheres
com mais idade, que tiveram dificuldade para engravidar ou idealizaram essa
maternidade podem ter mais chance de desenvolver a ansiedade, mesmo que
essa mulher nunca tenha tido. Para quem já teve, pode ser acentuado nesse
período. ''É um sofrimento que precisa de uma ajuda diferenciada'', enfatiza.
O próprio aleitamento,
segundo Luciana, pode provocar a ansiedade. ''É um processo difícil e doloroso.
Assim com o sono que nessa fase não é reparador, mas bastante interrompido
deixando a mãe mais sensível''.
Como tratar.
Buscar ajuda médica é
essencial para tratar a doença. ''Já existem medicações compatíveis com a
amamentação que ajudam nos sintomas, além de conseguir frear sua evolução'',
diz Luciana. E neste caso, a psicoterapia também é imprescindível para
compreender essa fase e enfrentar suas dificuldades.
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