FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).
Os turbantes dos ayatollahs iranianos estão arrepiados. Os protestos e manifestações recrudesceram. Eles haviam chegado a um clímax na sequência da reeleição fraudulenta do presidente Mahmoud Ahmadinejad, representante no governo da hierarquia muçulmana xiita mais radical do Irã. Morreram então nos protestos de rua 70 pessoas, segundo admitido pelo governo, além da ocorrência de centenas de prisões e cinco condenações à morte.
As manifestações diminuíram significativamente durante um pouco de tempo, mas a oposição continuou questionando as eleições e chama Ahmadinejad de ditador, acusando de não haver sido reeleito pelos votos, e sim pela fraude, graças à qual não teria vencido o oposicionista Mir Hossein Mousavi.
Mas a morte e o adeus popular ao grão ayatollah Montazeri, um influente moderado simpatizante da oposição, desatou uma nova série de grandes manifestações de rua. Logo em seguida veio um agitado fim de semana, com manifestações violentas desencadeadas pela comemoração do luto da Ashura, a cerimônia religiosa mais importante para os xiitas.
Ontem, neste espaço, indaguei para onde vai o Irã. E não tinha uma resposta, salvo a constatação de que há um crescente cansaço com a ordem imperante e a inevitável conclusão de que a ditadura teocrática lá instalada, como tudo mais neste mundo, “vai passar”. Continuo hoje neste ponto – com essas constatações e sem a resposta.
Mas os ayatollahs e o governo sentem o perigo. Ontem, o ayatollah Abas Vaez Tabasi, um dos representantes regionais do ayatollah Ali Khamenei, o líder supremo, sucessor de Komeini, disse à TV estatal que “os líderes da oposição são uns mohareb (inimigos de Deus)”, acrescentando que devem ser tratados como prevê a sharia – a lei para os xiitas. A sharia fixa a pena de morte para os mohareb. Trata-se de uma ameaça, a mais grave feita até agora por um regime em crise e talvez desespero e não há garantia de que não levem a ameaça à prática. Dezenas de milhares de seguidores do governo fazem agora manifestações, pedindo punições aos “responsáveis” pelo protesto, ao tempo em que, contraditoriamente, acusam Israel e os Estados Unidos pelos protestos. Vão aplicar a sharia a esses dois países? Gostariam, mas...
No jogo sinistro das intimidações, o governo de Ahmadinejad, “presidente” que foi tão bem recebido pelo governo Lula recentemente, incluiu entre os presos três integrantes da oposição próximos a Mousavi e uma irmã da ativista Shirin Ebadi, Prêmio Nobel da Paz. “Minha irmã é dentista, não está de forma alguma ativa nos direitos humanos ou na política e ela não participou de nenhum protesto”, disse Ebadi, acrescentando que a prisão é uma tentativa de silenciá-la. Ontem, Ahmadinejad falou pela primeira vez sobre os protestos, qualificando as grandes manifestações de domingo como “um roteiro escrito por sionistas e americanos”. Disse também que “é um espetáculo que dá ânsia de vômitos”.
Os turbantes dos ayatollahs iranianos estão arrepiados. Os protestos e manifestações recrudesceram. Eles haviam chegado a um clímax na sequência da reeleição fraudulenta do presidente Mahmoud Ahmadinejad, representante no governo da hierarquia muçulmana xiita mais radical do Irã. Morreram então nos protestos de rua 70 pessoas, segundo admitido pelo governo, além da ocorrência de centenas de prisões e cinco condenações à morte.
As manifestações diminuíram significativamente durante um pouco de tempo, mas a oposição continuou questionando as eleições e chama Ahmadinejad de ditador, acusando de não haver sido reeleito pelos votos, e sim pela fraude, graças à qual não teria vencido o oposicionista Mir Hossein Mousavi.
Mas a morte e o adeus popular ao grão ayatollah Montazeri, um influente moderado simpatizante da oposição, desatou uma nova série de grandes manifestações de rua. Logo em seguida veio um agitado fim de semana, com manifestações violentas desencadeadas pela comemoração do luto da Ashura, a cerimônia religiosa mais importante para os xiitas.
Ontem, neste espaço, indaguei para onde vai o Irã. E não tinha uma resposta, salvo a constatação de que há um crescente cansaço com a ordem imperante e a inevitável conclusão de que a ditadura teocrática lá instalada, como tudo mais neste mundo, “vai passar”. Continuo hoje neste ponto – com essas constatações e sem a resposta.
Mas os ayatollahs e o governo sentem o perigo. Ontem, o ayatollah Abas Vaez Tabasi, um dos representantes regionais do ayatollah Ali Khamenei, o líder supremo, sucessor de Komeini, disse à TV estatal que “os líderes da oposição são uns mohareb (inimigos de Deus)”, acrescentando que devem ser tratados como prevê a sharia – a lei para os xiitas. A sharia fixa a pena de morte para os mohareb. Trata-se de uma ameaça, a mais grave feita até agora por um regime em crise e talvez desespero e não há garantia de que não levem a ameaça à prática. Dezenas de milhares de seguidores do governo fazem agora manifestações, pedindo punições aos “responsáveis” pelo protesto, ao tempo em que, contraditoriamente, acusam Israel e os Estados Unidos pelos protestos. Vão aplicar a sharia a esses dois países? Gostariam, mas...
No jogo sinistro das intimidações, o governo de Ahmadinejad, “presidente” que foi tão bem recebido pelo governo Lula recentemente, incluiu entre os presos três integrantes da oposição próximos a Mousavi e uma irmã da ativista Shirin Ebadi, Prêmio Nobel da Paz. “Minha irmã é dentista, não está de forma alguma ativa nos direitos humanos ou na política e ela não participou de nenhum protesto”, disse Ebadi, acrescentando que a prisão é uma tentativa de silenciá-la. Ontem, Ahmadinejad falou pela primeira vez sobre os protestos, qualificando as grandes manifestações de domingo como “um roteiro escrito por sionistas e americanos”. Disse também que “é um espetáculo que dá ânsia de vômitos”.
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