FONTE: GEOVANNA MORCELLI, da Redação (estilo.uol.com.br).
Você pode não notar, mas vivemos cercados de cheiros. Mesmo sem querer, o olfato é invadido dia e noite por cheiros que marcam momentos da vida e criam memórias carregadas de emoção, como o cheiro da chuva, o aroma de um bolo saindo do forno, o perfume da mãe na infância ou o do primeiro namorado.
Alguns desses cheiros ocorrem na natureza, outros são "organizados" ou criados por especialistas, conhecidos como perfumistas. São pessoas e empresas que se dedicam a elaborar cheiros não apenas de perfumes e colônias, mas também para alimentos e bebidas industrializados, produtos de higiene pessoal, como pasta de dente, xampus, sabonetes; produtos de limpeza, aromatizadores de ambiente e outros.
Você pode não notar, mas vivemos cercados de cheiros. Mesmo sem querer, o olfato é invadido dia e noite por cheiros que marcam momentos da vida e criam memórias carregadas de emoção, como o cheiro da chuva, o aroma de um bolo saindo do forno, o perfume da mãe na infância ou o do primeiro namorado.
Alguns desses cheiros ocorrem na natureza, outros são "organizados" ou criados por especialistas, conhecidos como perfumistas. São pessoas e empresas que se dedicam a elaborar cheiros não apenas de perfumes e colônias, mas também para alimentos e bebidas industrializados, produtos de higiene pessoal, como pasta de dente, xampus, sabonetes; produtos de limpeza, aromatizadores de ambiente e outros.
Segundo o perfumista Thierry Bessard, da casa de fragrâncias francesa Givaudan, um profissional da área precisa saber identificar, em média, 1500 cheiros diferentes, cerca de três vezes mais do que uma pessoa sem treino. Essa capacidade é desenvolvida com prática diária.
O caminho para se tornar um "nariz" (nome como são conhecidos os perfumistas dentro de seu próprio meio) começa pelo aprendizado da identificação das grandes famílias olfativas, floral, frutal, amadeirado etc. Depois, o aspirante à profissão apura sua percepção para identificar, por exemplo, o aroma de diferentes tipos de flores: rosa, gerânio ou peônia. Por fim, a região de onde vem aquela flor e que lhe dá uma característica olfativa específica, como rosas da França que são diferentes de rosas produzidas na Turquia.
No Brasil, não existem cursos de formação de perfumistas, e quem deseja seguir na profissão pode entrar no mercado por meio das casas de fragrâncias multinacionais que se estabeleceram no país ao longo dos anos, como a americana IFF, a francesa Givaudan e suíça Firmenich ou na Natura, única empresa brasileira que tem um departamento próprio dedicado a criar os aromas da marca. Nessas empresas, o aprendiz da profissão começa como assistente de um perfumista e participa de treinamentos internos. Posteriormente, podem ser mandados para fazer um curso de aprofundamento no exterior. Fora do país, o mais conhecido é o da escola francesa Isipca, em Versailles, que tem duração de dois anos e exige formação universitária em Química.
O perfumista Fabio Navarro, responsável pelas fragrâncias da marca Paralèlle, conta que começou a trabalhar na área por acaso, quando, depois de um estágio na área de marketing da IFF, passou para o departamento de avaliação da empresa e conheceu as técnicas do processo de criação de fragrâncias. Para ele, a formação em química é importante, mas não fundamental. "Perfumaria é uma dose de informação técnica e uma dose muito grande de intuição, de saber o que combinar com o que. Isso se aprende na prática", diz.
O acaso também foi determinante na carreira da perfumista luso-francesa Carmita Magalhães, que trabalha na filial brasileira da Firmenich. Ela trabalhava como babá dos filhos de uma perfumista quando, em uma tarde, memorizou por brincadeira um kit de perfumaria (utilizado para treinamento técnico). O feito chamou a atenção da patroa. Depois disso, ela cursou Química, fez um ano do curso na Isipca e estudou por quatro anos em cursos internos em sua empresa. Carmita acredita que ter curiosidade, determinação e uma boa memória olfativa são fundamentais para o sucesso nessa carreira.
A cadeia de produção de um aroma começa, geralmente, com a encomenda de um cliente, que pode ser tanto uma indústria de guloseimas interessada em lançar um novo sabor de chiclete, como uma marca de moda que quer lançar uma nova fragrância no mercado. "O pesquisador da marca deve elaborar um briefing para entregar ao perfumista contratado, com base em uma história que a marca deseja contar e já selecionando as principais notas que devem compor o perfume", conta Carlos Veiga, do departamento de desenvolvimento de perfumaria do O Boticário, que recentemente encomendou à casa de fragrância IFF, um perfume baseado em café. Verônica Casanova, responsável pela criação do perfume, explica: "Temos que nos inspirar neste conceito pré-definido e então elaborar a melhor fragrância, pensando nos custos, no público alvo e a dosagem da fragrância desejada pelo cliente".
Em empresas que têm seu próprio departamento de criação, como é o caso da Natura, o processo de desenvolvimento de uma fragrância funciona de maneira diferente. "Após receber um briefing, crio um cheiro e submeto às avaliadoras olfativas que trabalham comigo", explica a perfumista Verônica Kato. "Elas vão deixar o cheiro mais próximo possível do conceito original, deixando-o mais doce, mais leve ou mais encorpado. Em seguida, faço os últimos ajustes até chegar na aprovação final. O processo pode levar meses ou até anos, o tempo médio de um projeto são dois anos".
“Além de saber reconhecer notas e aromas, um perfumista precisa ter em seu repertório os cheiros de cerca de 400 fragrâncias conhecidas, como o Chanel nº 5 e o Miss Dior”
Thierry Bessard, perfumista da Givaudan
“É uma profissão muito singular e solitária. Os aspirantes precisam ter paciência para passar por todos os passos do processo de desenvolvimento que, muitas vezes, exige períodos apenas de observação”
Fábio Navarro, perfumista da Paralèlle
O caminho para se tornar um "nariz" (nome como são conhecidos os perfumistas dentro de seu próprio meio) começa pelo aprendizado da identificação das grandes famílias olfativas, floral, frutal, amadeirado etc. Depois, o aspirante à profissão apura sua percepção para identificar, por exemplo, o aroma de diferentes tipos de flores: rosa, gerânio ou peônia. Por fim, a região de onde vem aquela flor e que lhe dá uma característica olfativa específica, como rosas da França que são diferentes de rosas produzidas na Turquia.
No Brasil, não existem cursos de formação de perfumistas, e quem deseja seguir na profissão pode entrar no mercado por meio das casas de fragrâncias multinacionais que se estabeleceram no país ao longo dos anos, como a americana IFF, a francesa Givaudan e suíça Firmenich ou na Natura, única empresa brasileira que tem um departamento próprio dedicado a criar os aromas da marca. Nessas empresas, o aprendiz da profissão começa como assistente de um perfumista e participa de treinamentos internos. Posteriormente, podem ser mandados para fazer um curso de aprofundamento no exterior. Fora do país, o mais conhecido é o da escola francesa Isipca, em Versailles, que tem duração de dois anos e exige formação universitária em Química.
O perfumista Fabio Navarro, responsável pelas fragrâncias da marca Paralèlle, conta que começou a trabalhar na área por acaso, quando, depois de um estágio na área de marketing da IFF, passou para o departamento de avaliação da empresa e conheceu as técnicas do processo de criação de fragrâncias. Para ele, a formação em química é importante, mas não fundamental. "Perfumaria é uma dose de informação técnica e uma dose muito grande de intuição, de saber o que combinar com o que. Isso se aprende na prática", diz.
O acaso também foi determinante na carreira da perfumista luso-francesa Carmita Magalhães, que trabalha na filial brasileira da Firmenich. Ela trabalhava como babá dos filhos de uma perfumista quando, em uma tarde, memorizou por brincadeira um kit de perfumaria (utilizado para treinamento técnico). O feito chamou a atenção da patroa. Depois disso, ela cursou Química, fez um ano do curso na Isipca e estudou por quatro anos em cursos internos em sua empresa. Carmita acredita que ter curiosidade, determinação e uma boa memória olfativa são fundamentais para o sucesso nessa carreira.
A cadeia de produção de um aroma começa, geralmente, com a encomenda de um cliente, que pode ser tanto uma indústria de guloseimas interessada em lançar um novo sabor de chiclete, como uma marca de moda que quer lançar uma nova fragrância no mercado. "O pesquisador da marca deve elaborar um briefing para entregar ao perfumista contratado, com base em uma história que a marca deseja contar e já selecionando as principais notas que devem compor o perfume", conta Carlos Veiga, do departamento de desenvolvimento de perfumaria do O Boticário, que recentemente encomendou à casa de fragrância IFF, um perfume baseado em café. Verônica Casanova, responsável pela criação do perfume, explica: "Temos que nos inspirar neste conceito pré-definido e então elaborar a melhor fragrância, pensando nos custos, no público alvo e a dosagem da fragrância desejada pelo cliente".
Em empresas que têm seu próprio departamento de criação, como é o caso da Natura, o processo de desenvolvimento de uma fragrância funciona de maneira diferente. "Após receber um briefing, crio um cheiro e submeto às avaliadoras olfativas que trabalham comigo", explica a perfumista Verônica Kato. "Elas vão deixar o cheiro mais próximo possível do conceito original, deixando-o mais doce, mais leve ou mais encorpado. Em seguida, faço os últimos ajustes até chegar na aprovação final. O processo pode levar meses ou até anos, o tempo médio de um projeto são dois anos".
“Além de saber reconhecer notas e aromas, um perfumista precisa ter em seu repertório os cheiros de cerca de 400 fragrâncias conhecidas, como o Chanel nº 5 e o Miss Dior”
Thierry Bessard, perfumista da Givaudan
“É uma profissão muito singular e solitária. Os aspirantes precisam ter paciência para passar por todos os passos do processo de desenvolvimento que, muitas vezes, exige períodos apenas de observação”
Fábio Navarro, perfumista da Paralèlle
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