quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

FAÇA O QUE EU DIGO...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

De L A Costa Junqueira, do Instituto MVC, de São Paulo, fisguei o texto abaixo. É a cara daquela história “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. É a cara, por exemplo, da Justiça baiana e do Tribunal de Contas dos Municípios, ciosos quando analisam as contas e o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal pelos prefeitos e presidentes de Câmaras de todo o Estado. No entanto, eles (o TJB e o TCM) acabam de pipocarem o limite de despesas com pessoal.
Perguntinha idiota: quem vai colocá-los no banco dos réus? Quem dirá a eles que as lei foram feitas para serem corretamente aplicadas? Quem as multará? O limite máximo do Judiciário com pessoal seria de R$ 884,6 milhões, mas os gastos acumulados nos últimos 12 meses chegaram a R$ 917,8 milhões. No TCM, deveriam ficar no máximo em R$ 84 milhões, porém o tribunal comprometeu R$ 87,4 milhões com a folha.
Eis o texto de L A Costa Junqueira. Qualquer semelhança com a situação vivida hoje pelo Judiciário e o TCM baianos será, efetivamente, mera coincidência. “De boas intenções o inferno está cheio”.“O discurso é ótimo, mas as ações...”
“A teoria na prática é outra”.
As três frases têm algo em comum: o fato de os executivos ( e dirigentes de órgãos públicos, por que não?) exigirem de seus subordinados comportamentos, habilidades que eles mesmo não praticam. Isto é particularmente grave pois um dos mais eficazes processos educacionais e/ou de mudança é o exemplo. Se não há exemplo, não há mudança e se estabelece o caos, a manutenção de um status quo, que certamente não costuma ser dos melhores. Vamos então listar alguns desses comportamentos, habilidades, cobrados pelas chefias, mas não praticados por elas (às vezes punidos quando praticados pelos subordinados).
“Nós aqui vivemos numa democracia, todos podem dizer o que pensam inclusive pontos de vista contrários à chefia.” “Aqui a gestão do tempo é sagrada; reuniões marcadas às 14 horas, começam às 14 horas.”
“Errar é parte do processo de aprendizado; aqui todos podem errar.”
“Na dúvida erre por ação e nunca por omissão.”
“Em nossa empresa o cliente é o rei; o que ele disser ou quiser deve se sobrepor a tudo o que está escrito ou dito na empresa.” “Aqui impera o processo decisório participativo, todos serão ouvidos.”
“Em nossa empresa não gostamos de trabalho rotineiro; o negócio aqui é ser criativo.” “Nosso sistema de remuneração permite que você, meu subordinado, ganhe mais do que eu, basta produzir mais resultados.”
“Tudo o que eu disser é negociável; sinta-se à vontade para questionar.”
“Nessa empresa você terá todas as chances de se desenvolver; aqui os recursos humanos são nosso principal ativo.”
Certamente alguma das frases devem ter parecido familiares. Lembramos que elas embutem pressupostos perigosos, são ideias que as chefias acreditam, pregam, mas que retratam o que não acontece no contexto empresarial. Criam expectativas que não serão atendidas, reduzem a motivação e retardam o processo de mudança.
O negócio é fugir delas, se nós executivos não estamos dispostos, realmente, a começar pelo nosso exemplo.

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