quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ASSISTÊNCIA AO DEPENDENTE DE CRACK NÃO É SUFICIENTE, DIZ ESPECIALISTA...

FONTE: Thiago Pereira (TRIBUNA DA BAHIA).

Barato e extremamente perigoso, o crack tornou-se uma das drogas mais utilizadas do país. Feito a partir da mistura de cocaína com bicarbonato de sódio, o entorpecente vicia rapidamente, causa destruição de neurônios e provoca a degeneração dos músculos do corpo, o que dá uma aparência esquelética aos usuários.
De acordo com o psiquiatra Carlos Salgado, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), a estrutura para os dependentes de crack no Brasil é insuficiente e a oferta existente não cobre sequer os casos de alcoolismo. Para Salgado, a assistência aos usuários de drogas deve ser sistematicamente ampliada, tanto em vagas ambulatoriais nos Centro de Apoio Psico-Social (CAPS), quanto em leitos em hospitais gerais.
O psiquiatra também elogiou a campanha do Ministério da Saúde, lançada no dia 16 de dezembro de 2009, com o slogan “Nunca experimente o crack. Ele causa dependência e mata”. Segundo Salgado, “todo esforço que defina políticas públicas relacionadas à prevenção e assistência conta com o apoio da Abead. Porém o que vemos hoje é a desassistência dos serviços públicos em saúde mental e dependência química”. A campanha tem como objetivo frear a disseminação do consumo de crack no Brasil. Através de propagandas na televisão, rádio, jornais, revistas e sites, o governo espera alertar os jovens sobre os perigos da droga.
A iniciativa também produziu panfletos informativos sobre o assunto. Num deles, há a informação de que existem casos onde se faz necessária a internação do indivíduo. O informativo segue dizendo que para isso "existem leitos em hospitais, emergências e CAPS III (que funcionam 24 horas)". Entretanto, a realidade do país não oferece o tratamento e a assistência adequados àqueles que procuram auxílio especializado, disse o presidente da Abead.
Segundo levantamento do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), realizado em 2008, o crack é responsável por 39% dos atendimentos psiquiátricos no Brasil.
Questionado sobre quais medidas podem ser tomadas para conter o avanço do problema, Carlos Salgado foi categórico. “São necessárias políticas públicas e fiscalização rigorosa no sentido de banir o uso de tabaco e álcool por menores, que são as maiores portas de entrada para o uso de substâncias como cocaína e crack. Além disso, como estamos diante de um processo crônico de desassistência em atendimento de saúde, é necessário mudar o rumo e ampliar toda a hierarquia da rede de atenção, desde a unidade básica de saúde e o Programa Saúde da Família, até os serviços de nível terciário com retaguarda de internação hospitalar”, enfatizou o psiquiatra.

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