segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

CONCORRÊNCIA DESLEAL...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

Não entendo (ou melhor, entendo muito bem) o receio de parte de nossas autoridades e mesmo da imprensa em evitar esmiuçar um escândalo que bate à nossa porta e pede por clemência para ser desnudado. Posso estar sendo cansativo, mas é estranhíssimo o silêncio em torno de uma suposta falcatrua que pode chegar ou até ultrapassar a R$ 1 bilhão. O ato criminoso teria sido cometido contra a Ebal, administradora da Cesta do Povo. Não se trata de especulação. Boa parte dos números está registrada em relatório feito no governo Wagner por técnico da Secretaria Estadual da Fazenda. Os auditores preparam um calhamaço de quase 400 páginas concluindo que o buraco é muito mais embaixo do que se imagina. Depois que venho batendo na tecla há mais de uma semana, chega a informação de que os documentos são uma tentativa de atingir a candidatura do conselheiro Otto Alencar, do Tribunal de Contas dos Municípios, a uma vaga ao Senado Federal. Tento não citar nomes ou fazer pré-julgamentos. No entanto, o que está em jogo é o patrimônio público. Daí o meu cuidado de não politizar um caso que deveria ser tratado também na esfera policial. Aliás, o aparelho policial baiano tem se mostrado cada vez mais eficiente, sobretudo nas escuta telefônicas para fisgar, em particular, eventuais adversários políticos do Palácio de Ondina.
GRAÇAS ÀS ESCUTAS – coincidentemente preservaram-se as alas governistas - o distinto público soube da disputa de empreiteiras por uma obra de R$ 628 milhões relacionada às faixas exclusivas para ônibus em Salvador, antes até de aberto o processo licitatório. Agora, cadê o mesmo dinamismo policial na apuração da monstruosa garfada contra a Cesta do Povo? Por que duas medidas para um mesmo peso?Vejo, a propósito, o anúncio oficial de concurso para preencher cargos na empresa. É o fim da picada, é o fim do caminho, um resto de toco é um pouco sozinho. Sejamos claros: os atuais detentores do poder eram unânimes (e com razão) a favor do fechamento da estatal. Para que miséria um Estado como o nosso (ou qualquer outro) quer uma rede de supermercados? Uma rede de cerca de 300 lojas que vende quase sempre mais caro e produtos de qualidade inferior à iniciativa privada? Trata-se de uma concorrência desleal, inclusive.

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