terça-feira, 19 de janeiro de 2010

OS RISCOS DOS ANABOLIZANTES...

FONTE: Lucy Andrade (TRIBUNA DA BAHIA).

Proibido para fins estéticos, podendo causar danos irreversíveis e até mesmo levar à morte, anabolizantes sintéticos são vendidos pela internet, em academias de ginásticas, clínicas clandestinas e, pior, são receitados por médicos. A afirmação é do endocrinologista Osmário Sales: “É um absurdo, mas dentro da categoria há médicos que receitam anabolizantes. Esses jovens estão condenados a terem uma saúde debilitada”, afirmou.
Um corpo definido, com barriga sarada e gordura zero, é o desejo da maioria das pessoas que frequentam as academias, mas que nem sempre estão dispostas a suar a camisa, pois, para obter esse resultado, o trabalho é árduo e exige mudança nos hábitos alimentares, além de muita malhação.Na busca pela estética perfeita, muitas pessoas buscam nas famosas injeções ou compridos a solução para “bombar”, e os riscos podem ser irreversíveis.
Conforme o endocrinologista, alguns anabolizantes podem ser receitados em casos de desnutrição grave e não para uma pessoa saudável ganhar massa muscular. “O problema é sério, até os médicos estão receitando substâncias anabólicas para melhorar o condicionamento físico do paciente que deseja massa muscular ou hormônio para crescimento. Essas pessoas estão condenadas a um futuro doente”. Entre os males, de acordo com o médico, estão a impotência sexual, câncer de próstata e no fígado, atrofia testicular, arritmia cardíaca, aumento da pressão arterial, esterilidade irreversível, enfarto, choque anafilático e até a morte. Mesmo sabendo desses riscos, o número de adeptos de anabolizantes vem crescendo, e os amantes continuam buscando a perfeição, indo na contramão da saúde.
Ao alcance dos mais vaidosos, há produtos para todas as partes do corpo, os mais procurados são o Durateston, que é uma combinação de quatro compostos de testosterona, que promete definir toda a musculatura, com ganho de massa muscular; Oxodranlona, GH - um hormônio do crescimento, muito utilizado por adolescentes – e Deca e Winstrol - usados para definir o corpo.
O especialista explicou que o uso inadequado desses medicamentos, indicados para casos graves de desnutrição, quando usados para definir o corpo, tem efeitos ilusórios e que condena os jovens a um futuro doente. “A sensação de que a pessoa está com mais massa muscular é provocada pela retenção de líquido, que fica entre a pele e o músculo. Outra ilusão é de que o indivíduo fica mais forte, pois, como o músculo está drogado, a carga de peso aumenta em até cinco vezes ou mais.
Quando a pessoa parar de tomar os remédios, o corpo fica deformado, ou com efeito sugado “mucho” ou obeso e flácido. Ou seja, o corpo sarado é ilusão, depois vêm todas as consequências. Tenho pacientes jovens que estão destruídos por causa do uso de anabolizantes”, explicou o médico.
ANVISA NÃO TEM EFETIVO PARA FISCALIZAR.
A fiscalização das vendas ilegais dos esteróides é realizada pela Vigilância Sanitária – Anvisa, que conta apenas com 110 fiscais para cobrir toda a Salvador, desde cemitérios até empresas de saúde. Dessa forma, a fiscalização nas academias e farmácias ocorre de forma aleatória. De acordo com a fiscal do órgão Ione Pimentel, as fiscalizações são feitas, mas não tem como cobrir toda a extensão da cidade, com plantões constantes.
“Quando vistoriamos as academias, nunca encontramos indícios de aplicações. Infelizmente, sabemos por meio de terceiros que é praticado, mas eles usam e depois dão fim, não deixam vestígios. As drogarias só podem vender as substâncias com a retenção da receita médica. Não temos como fiscalizar 24 horas, com esse número de efetivo. Mas a população deve denunciar”, solicitou a fiscal.
Contudo, mesmo sendo ilegal, as drogas continuam no mercado e não é difícil encontrá-las. Além da propaganda do amigo que já tomou e “deu o canal”, na internet eles são vendidos facilmente com entrega na residência. Nas academias o que mais circula no “rol” dos malhados são os remédios de crescimento. Mas, além desses pontos-de-vendas, há também “clínicas” clandestinas que vendem e aplicam todos os tipos de anabolizantes.
O cenário desses locais, de acordo com uma estudante de direito, que se identificou como “Lara”, 21 anos, é como um abatedouro. “Eu fui indicada por um amigo, nesses locais, só entram pessoas com referência. O que mais me impressionou foi a falta de higiene e o uso aleatório das substâncias. Para começar, o técnico que faz os procedimentos não usa luvas descartáveis e não lava as mãos após as aplicações. Os remédios são armazenados sem refrigeração, dentro de um armário de madeira”, disse a estudante, que preferiu não revelar o local.
Ela disse ainda que tem medo de não conseguir parar e que mesmo tendo o corpo perfeito, preferia não ter começado a usar. “Eu era muito magra, sentia vergonha de usar roupas curtas, hoje o meu corpo é perfeito”.
Realmente, a imagem é de uma jovem saudável e malhada, “barriga de tanquinho”, pernas com músculos expostos e com glúteos a la Carla Perez – “Comecei tomando hormônio de crescimento, depois veio a necessidade de definir os músculos, comecei usando Dura e assim entrei no ciclo dos anabolizantes.
Hoje eu mantenho meu corpo com injeções localizadas. Tomo esses remédios há três anos – não dá para parar, se parar o corpo murcha. Não sei até quando vou continuar assim, mas se eu pudesse eu não teria feito”, lamentou.
O DESTRUIDOR E GORDURA.
Na guerra contra as gorduras localizadas, a “sensação” é o Lipostabil, que mesmo sendo proibido no Brasil para qualquer finalidade, ainda continua exterminando as indesejadas gordurinhas. O produto era utilizado livremente nas clínicas e consultórios estéticos, ficando conhecido como a “Lipo Light”, mas em 1995 a Anvisa publicou uma resolução ancorada no fato de que não existem pesquisas detalhadas sobre os efeitos da fosfatidilcolina no combate à gordura localizada.
O Lipostabil é produzido pelo laboratório Aventis Pharma na Itália e na Alemanha, à base de fosfatidilcolina, substância derivada da soja que tem a capacidade de “derreter” as gorduras. De acordo com a esteticista Flávia Reis, em dez sessões de injeções aplicadas no local adiposo, ao longo de dois ou três meses, o “pneu”, a barriga e o culote indesejados sucumbiam sob a ação do Lipostabil. Para os profissionais da área, essa medida foi adotada porque o tratamento com o Lipostabil estava substituindo a minilipo, o que causava prejuízos para médicos da área estética.
“O produto foi proibido porque estava dando prejuízos aos cirurgiões. Houve uma pressão para banir o produto, que substituía, em alguns casos, a lipoaspiração”, disse a esteticista.
A fiscal Ione ressaltou que recentemente uma pessoa foi presa e responde a processo perante a Polícia Federal por comercializar o Lipostabil em uma butique em Brotas. “Recebemos uma denúncia e juntamente com a PF fizemos a “batida” no local, às 3h30 da madrugada, a pessoa foi presa em flagrante e está respondendo a processo. Esse medicamento não é brasileiro e não tem registro no País.
É um produto importado que entra no país por contrabando e não há estudos sobre ele, nem os benefícios e nem as consequências”, afirmou a fiscal. entra no Brasil contrabandeado.

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