quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O DESAFIO DO GOVERNADOR...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

Na cerimônia de “inauguração” ou entrega de 350 novas viaturas policiais, exibidas como em governos anteriores na Avenida Paralela, o governador Jaques Wagner desafiou para um debate os críticos da segurança pública na Bahia.
Como informa o blog Bahia em Pauta, “as palavras não foram lançadas ao vento”. Aspirante do PMDB à sucessão de Wagner nas eleições de outubro deste ano, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, resolveu levar o discurso do governador petista a sério (como, aliás, devem ser levados a sério os discursos dos governadores, com exceção, conforme já demonstrou a prática, dos feitos pelo governador preso José Roberto Arruda, do Distrito Federal).
No twitter e em seu blog, Geddel aceitou o desafio: “Governador quer debater segurança? Marque hora e local. Tenho legitimidade para criticar e a mim não vão perguntar “por que não fez?”. Eu aceito o desafio”, insiste Geddel.
Certamente, se lançou o desafio, o governador, que naturalmente não estará pensando em fugir do debate que propôs, estará convicto de que tem elementos e argumentos para enfrentar as críticas, que são extremamente pesadas e vão desde o nível dos investimentos feitos no setor (apesar das 350 novas viaturas, dos 1.350 novos integrantes da Polícia Militar e até, por que não, do polêmico Guardião) até o crescimento constante e acelerado dos índices de criminalidade, especialmente nas modalidades em que é usada a violência.
Convém ressalvar que, quanto à disseminação do tráfico de drogas e do tráfico de armas que o negócio das drogas ilegais enseja, uma enorme parte da culpa ou responsabilidade não assumida cabe ao governo federal – ao presidente Lula e ao Ministério da Justiça, bem como à legislação pertinente, que deveria ser feita por um Congresso Nacional dominado, na Câmara e no Senado, pelas forças governistas.
Aí faltaram ações práticas no âmbito administrativo, como o controle de fronteiras, e vontade política do governo Lula para adequar a legislação ultrapassada. Mas isto não retira a responsabilidade do governo estadual, apenas a divide.
Dificilmente o ex-governador Paulo Souto, do DEM, e aspirante, tal qual Geddel, a voltar ao cargo, não vai querer ficar fora desse debate. A ele, como insinuou o ministro, implicitamente, poderá ser perguntado “por que não fez?”. Mas Souto tenderá a entrar no debate fazendo comparações, principalmente entre o seu último mandato de governador e o governo atual, no âmbito da segurança.
Wagner terá que buscar elementos e argumentos para enfrentar essa comparação. Possível, mas nada fácil, pois o cidadão sente um forte aumento da insegurança pública e é isso que estará ocupando sua mente ao ouvir críticas, comparações e defesa.
Vale registrar que o desafio do governador é benéfico para a sociedade e precisa mesmo ser realizado. Os três candidatos – e mais, a exemplo do deputado Luiz Bassuma, candidato a governador pelo PV – estarão prioritariamente buscando assegurar votos nesse debate, mas ganhará a sociedade na medida em que ele conduza menos a diagnósticos acadêmicos e mais a medidas práticas que se possam adotar a curto e médio prazos para atenuar significativamente o problema e inverter as tendências tenebrosas atuais.

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