FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
O desenvolvimento do semiárido brasileiro, região com quase 1 milhão de km2 (a maior parte deles na Bahia) na qual vivem cerca de 23 milhões de pessoas de nove estados brasileiros (metade delas na área rural), dependerá sobretudo de uma quebra de paradigma. Será preciso enterrar a ideia de que a região só avançará econômica e socialmente se dispuser de água em abundância.
“Tão prejudicial como negar a miséria do semiárido é a idealização da irrigação em toda a região”, afirmou o diretor do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Roberto Germano Costa, durante a conferência de abertura da Reunião Regional da SBPC em Mossoró (RN), proferida na noite de terça-feira, 13.
Promovido pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o evento está sendo realizado nas instalações da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) e da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern). O objetivo é discutir, por meio de conferências e mesas-redondas, o desenvolvimento sustentável do semiárido. A Reunião será encerrada na tarde de amanhã.
Na sua conferência, Germano Costa mostrou que apenas 2% das terras do semiárido são passíveis de receber sistemas de irrigação. Para agravar, os longos períodos de seca e a variabilidade das chuvas tendem a se intensificar com as mudanças climáticas. “Na região, 60% das chuvas ocorrem em apenas um mês, sendo que 30% em um só dia.
Trata-se de uma dinâmica climática que ninguém conseguirá mudar”, frisou ele. Por isso, na sua avaliação, é necessário acabar com a visão de que a água é a única solução para os problemas do semiárido, e passar a apostar nas potencialidades da região.
Apostar em culturas xerófilas, adaptadas à escassez de água, pode ser um dos caminhos, uma vez que a agricultura na região é uma atividade de alto risco. “Historicamente, somente a cada 10 anos se tem apenas dois anos de chuvas regulares”, disse o diretor do Insa. Além disso, as áreas de sequeiro utilizadas hoje correspondem a apenas 4,8% do território.
A pecuária, por sua vez, apesar de ser de baixo risco, precisa avançar mais em manejo, nutrição, reprodução e melhoramento, sendo que o principal gargalo são as forragens.
O semiárido ainda tem o desafio de resolver a questão das pequenas propriedades. Com 2,5 milhões de estabelecimentos rurais, cerca de 1,9 milhão deles possuem menos que 20 hectares, área insuficiente para garantir a sustentabilidade de uma família. "O desafio é conviver com as peculiaridades da região, transformando a semiaridez em uma vantagem”, ressaltou Germano Costa.
Exemplos de potencialidades não faltam. É o caso da palma, que no México está sendo utilizada mais para alimentação humana do que animal. Do licuri, do qual é possível fazer azeite e até barra de cereais. Ou da faveleira, usada na produção de óleo. “A questão toda é agregar valor com inovação tecnológica”, resume, citando o exemplo do mel, cuja expansão da cadeia produtiva praticamente está na dependência da quebra de barreiras fitossanitárias.
O desenvolvimento do semiárido brasileiro, região com quase 1 milhão de km2 (a maior parte deles na Bahia) na qual vivem cerca de 23 milhões de pessoas de nove estados brasileiros (metade delas na área rural), dependerá sobretudo de uma quebra de paradigma. Será preciso enterrar a ideia de que a região só avançará econômica e socialmente se dispuser de água em abundância.
“Tão prejudicial como negar a miséria do semiárido é a idealização da irrigação em toda a região”, afirmou o diretor do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Roberto Germano Costa, durante a conferência de abertura da Reunião Regional da SBPC em Mossoró (RN), proferida na noite de terça-feira, 13.
Promovido pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o evento está sendo realizado nas instalações da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) e da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern). O objetivo é discutir, por meio de conferências e mesas-redondas, o desenvolvimento sustentável do semiárido. A Reunião será encerrada na tarde de amanhã.
Na sua conferência, Germano Costa mostrou que apenas 2% das terras do semiárido são passíveis de receber sistemas de irrigação. Para agravar, os longos períodos de seca e a variabilidade das chuvas tendem a se intensificar com as mudanças climáticas. “Na região, 60% das chuvas ocorrem em apenas um mês, sendo que 30% em um só dia.
Trata-se de uma dinâmica climática que ninguém conseguirá mudar”, frisou ele. Por isso, na sua avaliação, é necessário acabar com a visão de que a água é a única solução para os problemas do semiárido, e passar a apostar nas potencialidades da região.
Apostar em culturas xerófilas, adaptadas à escassez de água, pode ser um dos caminhos, uma vez que a agricultura na região é uma atividade de alto risco. “Historicamente, somente a cada 10 anos se tem apenas dois anos de chuvas regulares”, disse o diretor do Insa. Além disso, as áreas de sequeiro utilizadas hoje correspondem a apenas 4,8% do território.
A pecuária, por sua vez, apesar de ser de baixo risco, precisa avançar mais em manejo, nutrição, reprodução e melhoramento, sendo que o principal gargalo são as forragens.
O semiárido ainda tem o desafio de resolver a questão das pequenas propriedades. Com 2,5 milhões de estabelecimentos rurais, cerca de 1,9 milhão deles possuem menos que 20 hectares, área insuficiente para garantir a sustentabilidade de uma família. "O desafio é conviver com as peculiaridades da região, transformando a semiaridez em uma vantagem”, ressaltou Germano Costa.
Exemplos de potencialidades não faltam. É o caso da palma, que no México está sendo utilizada mais para alimentação humana do que animal. Do licuri, do qual é possível fazer azeite e até barra de cereais. Ou da faveleira, usada na produção de óleo. “A questão toda é agregar valor com inovação tecnológica”, resume, citando o exemplo do mel, cuja expansão da cadeia produtiva praticamente está na dependência da quebra de barreiras fitossanitárias.
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