domingo, 27 de novembro de 2011

OMS APOIA INDENIZAÇÃO A FILHOS DE EX-PACIENTES COM HANSENÍASE...

FONTE: DA AGÊNCIA BRASIL (www1.folha.uol.com.br).


Os filhos separados ainda bebês de pais internados compulsoriamente para o tratamento da hanseníase entre as décadas de 1920 e 1990 querem uma indenização do Estado por alienação parental. Eles cobram a instalação de um grupo de trabalho pela Presidência da República, que estabeleça o valor e as regras para o pagamento do benefício.

O pedido terá o reforço, na próxima na segunda-feira (28), do embaixador da OMS (Organização Mundial da Saúde) para eliminação da hanseníase, Yohei Sasakawa, que fará o pedido da indenização à presidenta Dilma Rousseff, em Brasília.

Sasakawa é uma das principais lideranças no combate ao estigma da doença. Como presidente da Fundação Nippon, sediada em Tóquio, distribuiu medicamentos gratuitamente contra a doença para vários países entre a década de 1980 --quando a cura foi descoberta-- e os anos 2000.

No Brasil, uma lei obrigou a internação contra a vontade de milhares de pessoas com hanseníase nos antigos hospitais-colônia até 1980. Elas tinham que entregar seus filhos a educandários. Ainda hoje, alguns desses hospitais funcionam parcialmente porque os ex-doentes, mesmo sem a obrigação de permanecer, não têm para onde ir. No Rio de Janeiro, onde estão duas ex-colônias, o embaixador da OMS Yohei Sasakawa se encontrará com 500 filhos de ex-pacientes neste sábado, em Itaboraí, na região metropolitana.

A indenização para os filhos de ex-pacientes consta de resolução do Comitê dos Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) para enfrentar o preconceito contra hansenianos e suas famílias.

Segundo o Morhan (Movimento pela Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase), no Brasil, os filhos de ex-pacientes somam de cerca de 20 mil pessoas, que pelos danos impostos com a separação das famílias reivindicam uma indenização de até R$ 50 mil por pessoa.

Segundo o coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio, o benefício é uma forma de cobrar do governo desculpas "pela maior política brasileira de alienação parental" e de questionar atuais políticas sanitárias de segregação, como tratamentos para usuários de crack.

"Vemos o que aconteceu com a hanseníase no passado se repetir com o crack. São filhos tirados dos pais e pais tirados de filhos em todo o país. É a mesma política higienista de segregação, de isolamento e de alienação", disse o coordenador.

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República informou que é favorável à reivindicação e que espera os pareceres dos ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, do Planejamento, da Saúde e da Previdência Social, da Advocacia-Geral da União e da própria Casa Civil para criação do grupo de trabalho.

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