FONTE: iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Ainda que 2013 tenha sido um ano
estável para o Brasil do ponto de vista do desemprego, com a taxa de população desocupada
atingindo 4,6% em novembro, o menor nível desde o início da série histórica, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), os trabalhadores não receberam grandes incrementos salariais de uma
maneira geral. O rendimento médio dos brasileiros cresceu apenas 2% nos primeiros 11 meses
do ano em comparação com o mesmo período de 2012, passando de R$ 1887,70 para R$
1910,20, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgada neste mês
pelo instituto.
No entanto, alguns cargos foram
mais valorizados pelas organizações, como o de Controlador Regional, da área de
finanças, que teve faixa salarial de aproximadamente R$ 35 mil neste ano, segundo pesquisa da empresa de recrutamento Michael Page feita com profissionais de
São Paulo. O montante é cerca de 44% maior do que o salário da presidente Dilma
Rousseff, de R$ 19.833,17 (após descontos).
Para Marcelo de Lucca, diretor da
Michael Page no Brasil, como o cenário macroeconômico do País em 2013 não teve
o desempenho esperado, as empresas reforçaram a estrutura financeira a fim de controlar e gerenciar os custos da produção visando um resultado melhor. “Você tem uma
dúvida sobre o potencial de alavancar receita, então controla custos. Isso gera
mais exposição ao setor financeiro [dentro da empresa]”, avalia o executivo,
que aponta que a área financeira tem se tornado o “braço direito” dos CEOs das
organizações.
De acordo com o levantamento, outras
duas funções ligadas ao departamento de finanças estão entre os cargos melhores remunerados em 2013: a de
Superintendente Comercial, do setor de seguros, com faixa salarial de R$ 25
mil, e a de Gerente Tributário Sênior, com salário de R$ 30 mil.
Outras profissões que também se destacaram são as ligadas aos setores de consumo – como Marketing, Vendas e Varejo –, que continuaram se beneficiando com o aumento do poder de compra da população da classe C. Os executivos com os cargos de Gerente Nacional de Vendas, Gerente de Comunicação ou Marketing e Gerente Regional (com destaque para o setor de shopping centers) tiveram remuneração média de R$ 25 mil. “É consequência clara do aumento da capacidade de consumo. Independente das dúvidas macroeconômicas, alguns setores têm sofrido menos”, aponta de Lucca. “A gente sabe que aquele crescimento de gente consumindo não é mais igual. Hoje é muito mais orgânico do que há três anos atrás, mas ainda assim essas pessoas têm refinado o hábito de compra”, completa.
Construção e RH em alta.
Executivos do setor
de construção podem esperar um 2014 ainda melhor em termos de remuneração.
Segundo a pesquisa, um Gerente de Contratos do setor de obras pesadas teve
salário médio de R$ 30 mil em 2013. Para Marcelo de Lucca, apesar de certa
frustração do setor com os investimentos no Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), as obras de preparação para a Copa do Mundo e Olimpíada do
Rio alavancaram a remuneração dos profissionais ligados a este mercado. Além
disso, a recente investida do governo em obras de infraestrutura e leilões de
concessões podem garantir uma faixa salarial maior para os trabalhadores no
próximo ano. “É um mercado que muito provavelmente permanecerá aquecido”,
observa o executivo.
O momento também é bom para o profissional
que pretende fazer carreira no setor de Recursos Humanos, pela constante
valorização do setor dentro das empresas. “Felizmente, está mais do que claro
para qualquer companhia que, por mais mecanizada e industrializada, o que de
fato vai fazer a diferença são as pessoas. É difícil você atrair os melhores,
reter os melhores e desenvolvê-los”, diz de Lucca. O executivo destaca a
importância do Consultor Sênior em RH, que teve remuneração salarial média de
R$ 25 mil em 2013. “Ele auxilia a operação na estratégia de pessoas. Essa é uma
cadeira muito demandada e que inevitavelmente vai continuar a crescer nos
próximos anos”, conta ele.
Apesar da expectativa de que a economia do
País em 2014 mantenha o mesmo ritmo de crescimento deste ano, algumas
profissões devem continuar tendo remuneração acima da média. “O Brasil é
complexo e grande. Você tem dinâmicas muito diferentes, sejam regionais ou setoriais.
Por mais que a gente entenda que 2014 vai ser um ano de dúvidas, vão ter
estruturas que irão se beneficiar com demandas acima da média e,
consequentemente, vão ter profissionais valorizados”, comenta de Lucca.
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