FONTE: Susan Souza, iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
E se
fosse possível usar apenas a música como um remédio para aliviar a ansiedade,
ajudar na memorização de um trabalho ou diminuir a depressão? E se o som de uma
cachoeira contribuísse para manter a calma no trânsito?
De
acordo com o livro Sua playlist pode mudar sua vida (Ed. BestSeller),
escrito pela psiquiatra Galina Mindlin em parceria com o neurocientista
cognitivo Don DuRousseau e o especialista em concentração Joseph Cardillo,
existe um método ideal para usar as nossas músicas e sons favoritos de uma
forma que contribua para deixar a mente fluida, aliviar a ansiedade, superar
uma depressão e até treinar a memória.
"Descrevemos
no livro técnicas para ajudar o leitor a selecionar a melhor playlist
personalizada, que leva em conta o fator emocional e o atual estado de espírito
da pessoa", explica ao Delas a psiquiatra Galina Mindlin,
professora da Universidade de Columbia e diretora do Centro de Musicoterapia
Cerebral em Nova York (EUA).
Galina
explica que a playlist personalizada pode ser sincronizadas aos ritmos
fisiológicos e aos batimentos cardíacos da pessoa para alcançar ainda mais
impacto no cérebro e provocar o estado desejado, seja de concentração ou de melhora
do humor.
Os
autores recomendam incluir na playlist as canções favoritas (que podem ser
trocadas a qualquer momento) e algumas melodias primitivas para atingir um
estado de equilíbrio como, por exemplo, sons de cachoeira, ondas do mar
quebrando na praia, folhas de árvores balançando ao vento, o crepitar da
madeira em uma fogueira, batimentos cardíacos ou outros elementos que possam
recuperar momentos prazerosos ou até mesmo recordações que remetem ao útero
materno.
O olhar
que a neurociência lança neste livro vai além da música como fonte de
entretenimento e recreação, mas sim como um "remédio musical",
explicam os autores.
"A
playlist liberará o remédio musical que está entranhado no seu cérebro e, por
fim, deixará você em condições ideais para realizar seus objetivos",
descrevem os autores.
Música e depressão.
Quando
uma pessoa em estado depressivo procura por músicas para uma playlist, Galina
recomenda se faça uma escolha bem pensada, para não agravar as emoções
negativas.
"Se
a pessoa tem a certeza de que certo gênero ou música tem um efeito desagradável
sobre ela, como irritação ou ansiedade, essa canção ou gênero não deve fazer
parte da playlist", orienta ela.
"Se
a ideia é superar uma depressão ou um estado triste, eu não recomendaria
canções melancólicas, porque isso pode aumentar a tristeza. Mas, no caso de a
pessoa ter uma memória emocional muito positiva associada à uma música triste,
o cérebro seria capaz de responder quando uma determinada música pode tirar do
estado depressivo ou não", diz a psiquiatra.
A música do cérebro.
Galina
estuda ainda a música criada pelo próprio cérebro humano, que, segundo ela,
funciona como uma espécie de "trilha sonora personalizada" composta
por ondas cerebrais decodificadas em um processo chamado Musicoterapia
Cerebral. Cada cérebro gera ondas únicas que, quando interpretadas por um
algoritmo computacional, são convertidas em frequências sonoras, ou seja, a
"música do cérebro".
"No
BMT ('Brain Music Treatment' ou Tratamento Músico-cerebral, em tradução literal),
as ondas cerebrais se misturam com as próprias frequências musicais da pessoa.
Seu uso é extremamente efetivo em nos deixar menos ansiosos e mais
autoconfiantes. Funciona como um bio/neurofeedback, quando você treina seu
cérebro para estar em sincronia com seus ritmos inatos mais relaxantes ao ouvir
o seu próprio arquivo de relaxamento."
A
psiquiatra explica que assim a mente se torna sensível e mais ágil à nossa
"canção de ninar pessoal".
"Ao
ouvir a própria música cerebral você consegue um reforço positivo e o cérebro
se inclina a ouví-la cada vez mais. O BMT é um tratamento eficaz para insônia e
ansiedade, e alivia o estresse do cotidiano sem os efeitos colaterais que se
pode ter de medicações", diz a especialista.
Veja
algumas dicas do livro Sua playlist pode mudar sua vida:
Para fazer a mente fluir: vá a um lugar calmo e ouça os sons naturais (um rio,
córrego ou parque) com atenção à própria respiração. Ouça os barulhos naturais
com muita atenção para armazená-los na memória.
Faça a
observação auditiva de 5 a 10 minutos até chegar a 20. Depois, coloque sons
parecidos com esses na playlist, combinando-os com outras canções, para manter
o estado de fluxo.
Para aliviar a ansiedade: uma dica é escolher músicas que, intuitivamente, transmitam
a ideia de tranquilidade e prazer na audição. Se o trânsito gera ansiedade,
"toque suas canções relaxantes nesse momento", ensinam os autores.
Se uma
música gera estresse e você quiser reverter a emoção, os especialistas indicam
ouvir a faixa várias vezes e terminar com uma que seja "energizante".
Isso vai reprogramar o cérebro para "dissolver a recordação
estressante" e diminuir a ansiedade.
Para afiar a memória: se você precisa decorar um texto para uma apresentação, uma
dica seria começar ouvindo um som primitivo que traga boas recordações e calma
(uma cachoeira, por exemplo) para se equilibrar.
Ouça
então uma canção que traga bem-estar e que seja dançante, para deixar a mente
alerta e pronta. Repita a música algumas vezes para recuperar lembranças boas e
detalhadas.
Pratique
a leitura do texto, sem a música, e use o método sempre que precisar. A
playlist de músicas dançantes pode ter mais faixas de acordo com o tempo
disponível para escutá-las.
Para ter mais criatividade: "Use a música para recuparar o espírito aventureiro",
indica o livro, recomendando uma playlist de canções favoritas para despertar
um estado de "almejar novos sonhos".
Essa
playlist pode ter cerca de cinco faixas, começando por músicas mais rápidas e
terminando com uma mais lenta e relaxante.
Encontre
um momento do dia, vá a um lugar tranquilo e ouça essa seleção, que deve
funcionar como um momento para relaxar e pensar positivamente em você,
exclusivamente, durante 15 a 30 minutos por dia.

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