Em média, a vida
útil das cédulas de pequeno valor, que circulam mais, é de pouco mais de um ano.
Comerciantes e lojistas estão fazendo de tudo para
conseguir moedas. De brindes e descontos aos clientes que facilitam o troco ao
recurso a vendedores ambulantes e flanelinhas, vale qualquer esforço atrás dos
trocados.
Os apelos chegaram até mesmo às igrejas em busca do
dinheiro miúdo. Essas táticas passaram a ser usadas depois que se tornou cada
vez mais difícil obter moedas e notas de baixo valor nos bancos, informa o
jornal "O Estado de S. Paulo" em sua edição desta terça-feira (14).
As causas para o sumiço do troco na rede bancária são os
cortes sucessivos no orçamento do Banco Central. Sem recursos, a instituição
foi obrigada a reduzir as encomendas de moedas para menos de um terço dos
pedidos feitos no ano passado.
Em cédulas, foram solicitadas menos da metade das
unidades de 2013, segundo o contrato firmado entre o BC e a Casa da Moeda,
responsável pela fabricação de dinheiro no País. No ano passado, a Casa da
Moeda produziu 3,15 bilhões de cédulas e 2,3 bilhões de moedas de todos os
valores para o BC.
Neste ano, a previsão é fabricar 1,2 bilhão de cédulas e
somente 945 milhões de moedas. Essas são as quantidades previstas em contrato
para todo o ano. Mas, passados nove meses, a fabricação está muito abaixo dessa
previsão. E o orçamento destinado para esse fim já foi praticamente todo gasto.
De janeiro a setembro, a Casa da Moeda produziu 654
milhões de cédulas e 286 milhões de moedas, quantidade significativamente
inferior à dos últimos anos. Em 2012, foram 2,8 bilhões de cédulas e 1,2 bilhão
de moedas.
Até o momento, porém, não há evidências de que essa
produção menor tenha se refletido em diminuição da base monetária - o dinheiro
em circulação. Uma hipótese para isso é que, para economizar, o BC tenha, por
exemplo, mandado imprimir uma nota de R$ 100 no lugar de cinco de R$ 20 ou de
50 de R$ 2.
Corte
Defensor da austeridade fiscal do setor público para a contenção da inflação, o BC provou do próprio “remédio": o orçamento da autoridade monetária com custeio administrativo e despesas com investimento foi cortado em 28% neste ano.
Defensor da austeridade fiscal do setor público para a contenção da inflação, o BC provou do próprio “remédio": o orçamento da autoridade monetária com custeio administrativo e despesas com investimento foi cortado em 28% neste ano.
Dados obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo mostram
que, para a produção de cédulas e moedas, o Departamento de Meio Circulante
teve aprovados R$$ 208,1 milhões em 2014. Nessa conta estão também a produção
de moedas comemorativas, como as da Copa do Mundo, que são mais caras.
Desse valor, R$ 205,6 milhões já foram gastos até o dia
10 de outubro. Em 2013, o orçamento para a fabricação de dinheiro foi 500%
maior: o BC tinha R$ 1,261 bilhão, do qual R$ 1,234 bilhão foi efetivamente
gasto.
O BC admite que a contenção de gastos atrasa a reposição
das notas desgastadas e danificadas pelo uso por novas cédulas. “O BC vem
buscando aumentar o prazo de circulação das notas, sem contudo descuidar-se de recolher
aquelas com elevado nível de desgaste”, disse, em nota.
Em média, a vida útil das cédulas de pequeno valor, que
circulam mais, é de pouco mais de um ano. As novas notas, da segunda família do
real, receberam uma camada de verniz para aumentar a vida útil.
Neste ano, foram colocadas em circulação 690 milhões de
unidades de novas moedas - número superior à quantidade que foi fabricada. Ou
seja, o Banco Central tinha unidades fabricadas guardadas.


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