FONTE: Maria Fernanda Ziegler - iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Pesquisadores britânicos descobriram que muito
antes de se tornar a doença tão agressiva e temida, o câncer de pulmão pode
ficar inativo por até duas décadas no organismo do paciente. Isto ajuda a
explicar porque a doença é tão resistente, e também porque um número
considerável de pacientes tem recaída mesmo após a cirurgia.
A equipe de pesquisadores do Centro de
Pesquisas de Câncer do Reino Unido estudou o caso de sete pacientes (incluindo
fumantes e não fumantes) e descobriram que os primeiros erros genéticos, que
causam o câncer, podem existir sem serem detectados por muitos anos até que
erros adicionais ativem o rápido desenvolvimento da doença.
Os pesquisadores encontraram provas, em dois
tumores de ex-fumantes, que alterações de genes relacionados ao câncer
ocorreram enquanto os pacientes ainda estavam fumando.
“Surpreendentemente, esses pacientes pararam
de fumar há 20 anos, indicando que eventos ocorreram provavelmente há mais de
20 anos. Não temos certeza ainda se trata de um pré-tumor maligno ou se já era
um tumor. De qualquer forma, isto sugere que algo que se tornou um tumor já
estava presente no pulmão há mais de 20 anos”, disse ao iG Nicholas
McGranahan, um dos autores do estudo publicado na quinta-feira (09.10) no
periódico científico Science.
Os pesquisadores ainda não conseguiram criar
diagnósticos capazes de identificar o “algo que se torna tumor”. Eles defendem
maior investimento em pesquisas neste sentido. “Se pudermos detectar um câncer
antes que ele se torne maligno, nós poderemos pará-lo antes que se torne
perigoso”, disse.
Com a descoberta de que a doença pode ficar
inativa durante muitos anos, os pesquisadores esperam que aumente a detecção
precoce da doença.
"Casos de sobreviventes ao câncer de
pulmão continuam sendo devastadoramente baixos, mesmo os novos tratamentos têm
impacto limitado na doença. Ao entender como ele se desenvolve e evolui,
podemos começar a prever seus próximos passos.", disse Charles Swanton,
outro autor do estudo.
Além de ser um dos tipos de câncer mais comuns
– mais de 40 mil pessoas são diagnosticadas no mundo todos os anos – , o câncer
de pulmão é pouco entendido ainda e, como disse McGranahan, “entender como ele
evolui é essencial para poder combate-lo”.

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