FONTE: Madson Moraes (www.msn.com).
Depois de tentativas frustradas de
consumar o casamento na lua de mel, Melissa Andrade, 31 anos e casada há 3,
decidiu fazer uma busca na internet para saber a raiz da sua insegurança na
cama. Ela encontrou o termo vaginismo e se identificou com os sintomas. O
diagnóstico não foi fácil: alguns médicos, inicialmente, disseram que ela
precisava apenas relaxar que tudo aconteceria naturalmente na cama. Até que um
dia, quase dois anos depois de casada, Melissa foi diagnosticada com vaginismo.
O vaginismo é uma disfunção sexual
que pode causar dor na relação sexual. Tem origem de fundo emocional e pode vir
a causar baixa autoestima e até mesmo depressão. "Meu marido se sentia
rejeitado por mim e eu me sentia hiperinsegura. Devido a isso, vivíamos
brigando e, por mais que tentássemos resolver nossos problemas, sempre havia
algo pendente. De tanto tentar, e sempre nos frustrar, começamos a evitar o ato
sexual e isso nos afastou bastante. Parecíamos estranhos vivendo sob o mesmo
teto. Ele sempre foi muito paciente, mas é impossível passar por esta situação
sem ser afetado de alguma forma", conta.
Uma das razões para desenvolver o
vaginismo,explica Melissa, é sempre ter tido medo e vergonha do ato sexual.
"Todas as vezes que eu pensava no sexo, pensava nele como algo que doeria,
que me machucaria. Um traço bastante forte da minha personalidade é a
ansiedade, e pelo muito que pesquisei, vaginismo e ansiedade estão diretamente
relacionados.Acredito ter sido o medo que me travou. Mesmo ouvindo que seria
prazeroso, eu temia a dor", revela.
Melissa, então, criou o blog
"Vaginismo – Rumo à cura", para compartilhar sua história e de outras
mulheres com a disfunção. "Recebo depoimentos de mulheres diariamente.
Algumas já estão curadas, outras procuram apoio para dar início ao tratamento e
outras para tirar dúvidas. Algumas permitem que seus relatos sejam publicados e
outras não.
O que recomendo é que não demorem a
procurar ajuda de um ginecologista,sexólogo ou fisioterapeuta. O importante é
não deixar que o medo e a vergonha atrapalhem de alcançar a cura", diz.
"O vaginismo é uma dificuldade ou impossibilidade de penetração vaginal de
objeto, dedo e pênis, e ocorre porque há uma contração excessiva dos músculos
do assoalho pélvico na mulher. Durante a penetração haverá dor física e
emocional", explica Fabiane Dell’ Antônio, sexóloga e consultora da loja
de produtos sensuais Hot Flowers, Essa disfunção que atrapalha a vida sexual
pode acontecer por vários motivos desde uma ansiedade excessiva, como no caso
de Melissa, como por uma educação sexual repressora, assédio ou abuso
sexual,imagens negativas em relação ao sexo ou ao papel da mulher, uma traição
ou mesmo o pós-parto."Pesquisas apontam que de 25 a30% das mulheres brasileiras
sentem dor frequentemente na relação sexual. Sobre o vaginismo, estudos mostram
que ele afeta de 5 a 20% das mulheres.
É importante saber que mulheres que
sentem dor durante a penetração alteram a estrutura muscular do períneo e a
longo prazo podem desenvolver o vaginismo", diz a sexóloga." Mulheres
com vaginismo tendem a ter baixa autoestima. Elas se sentem diferentes,
inferiores. Cerca de 53% delas são casadas ou têm um relacionamento estável,
mas não conseguem viver sua plenitude sexual e, nem sempre, os companheiros
compreendem que elas têm uma disfunção", explica Débora Pádua,
fisioterapeuta ginecológica especialista em sexualidade. Quanto ao tratamento,
Melissa tentou durante um tempo se curar sozinha. "Comprei o kit de
dilatadores vaginais e comecei afazer os exercícios em casa. Eles me ajudaram
muito, mas não resolveram o problema. Conseguia introduzir todos os
dilatadores, mas não tinha muito sucesso na hora do sexo. Então, decidi
procurar uma fisioterapeuta uroginecológica e ela me incentivou a iniciar a
terapia. A partir daí, foram poucos meses para que eu tivesse minha primeira
relação sexual com penetração total e prazerosa", completa.
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