FONTE: Camila Neumam, do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Cada vez mais exposta
pelo corpo, a tatuagem deixou de ser identificada com determinados grupos e
ganhou proporção popular no Brasil. Entretanto, dificilmente a prática é
associada à saúde, mesmo sendo um procedimento invasivo.
Na tatuagem, a pele é
pigmentada pela introdução de substâncias corantes, de origem vegetal ou
mineral, por meio de agulhas ou similares.
Sem cuidados básicos
e específicos de higiene, a prática pode trazer riscos como alergias, queloides
(má-cicatrização), infecções por bactérias e até a possibilidade de infecção
por vírus HIV e de hepatites.
Riscos à saúde.
Estes riscos podem
ser evitados se os tatuadores usarem materiais descartáveis (agulhas, máscaras,
luvas, lâminas e raspador de pelos) e produtos antissépticos, como álcool,
durante e após o procedimento-- o que já é determinado pela Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária). As tintas usadas devem ser atóxicas e
aprovadas pelo órgão nacional.
"A agulha deve
ser descartável porque, por ser muito fina, pode manter resquícios de sangue, o
que aumenta as chances de contaminação por doenças como HIV, o vírus da Aids, e
por hepatites B e C", diz Heloísa Ramos Lacerda, diretora da Sociedade
Brasileira de Infectologia.
O procedimento da
tatuagem pode causar ainda infecção pela bactéria Staphylococcus aureus,
que vive na pele. Com o tecido sendo perfurado, essa bactéria entra no
organismo pela corrente sanguínea e se aloja em alguma parte do corpo. Em
pessoas com problemas cardíacos, que têm lesões nas válvulas cardíacas, pode
ser bem perigoso, afirma a infectologista.
"Se tiver
infecção nas válvulas do coração, a bactéria pode se alojar lá e causar
inflamação no local", diz Heloísa Lacerda.
Quem não deve fazer?
O governo brasileiro
permite apenas que maiores de idade se submetam ao procedimento da tatuagem, ou
menores com autorização dos pais. Já médicos pontuam outros requisitos.
O ideal é que a
pessoa esteja bem de saúde, sem infecções ou inflamações aparentes. Caso
contrário, é melhor tratá-las primeiro para evitar a exposição a bactérias e
vírus.
"Não devem fazer
tatuagem as pessoas com a imunidade comprometida porque têm maior risco de
infecção; as com problemas de pele, já que têm maior probabilidade de sofrer
reação alérgica; as que sofrem de valvulopatia (alteração nas válvulas
cardíacas), e que já tiveram hepatite B e C", diz a infectologista Heloísa
Lacerda, da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Diabéticos também
devem consultar o médico antes de fazer tatuagem, já que estão mais sujeitos a
ter infecções, devido à baixa imunidade em época de glicemia descontrolada. Se
mantiverem a taxa de açúcar no sangue normalizada, podem fazer o procedimento,
segundo o dermatologista Fernando Freitas, membro da Sociedade Brasileira de
Dermatologia.
"Pode fazer a
tatuagem desde que esteja com a glicemia totalmente controlada. Mas deve evitar
fazer em locais do corpo em que normalmente são aplicadas as injeções de
insulina", diz.
O dermatologista
alerta ainda para possíveis reações alérgicas por causa da tinta usada no
procedimento.
"[A tatuagem]
pode desencadear um quadro chamado dermatite de contato, uma espécie de reação
alérgica ao contato com a tinta. Mas isso acontece em pessoas potencialmente
alérgicas, como as portadoras de dermatite atópica [inflamação na pele]".
A Sociedade
Brasileira de Dermatologia orienta as pessoas a não fazerem tatuagens sobre
sinais e marcas de nascença porque encobri-las dificulta a detecção de possível
câncer de pele. Portadores de vitiligo, por exemplo, só devem se tatuar
depois de fazer um teste dermatológico para evitar reações alérgicas.
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