quinta-feira, 2 de abril de 2015

SE INTEGRAR À SOCIEDADE É UM DESAFIO PARA OS AUTISTAS...

FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.

Embora as características sejam unânimes, seu desenvolvimento varia de quadro para quadro.

“Em alguns instantes sou pequenina e também gigante. Vem, cara, se declara, o mundo é portátil pra quem não tem nada a esconder, olha minha cara. É só mistério, não tem segredo. Vem cá, não tenha medo”. O trecho entre aspas foi retirado de Infinito Particular, canção escrita em parceria entre Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown. Os compositores têm em comum a sociabilidade, são comunicativos e livres de diagnósticos disfuncionais, mas a letra poderia muito bem retratar a percepção de mundo de um indivíduo com transtorno do espectro do autismo (TEA) – desordem que compromete o desenvolvimento e afeta cada paciente de forma singular.
Para Laísa Acioly, mãe de Lavínia, de 07 anos, foi visível que sua criança era diferente das demais. “Já bebê, seus olhos nunca cruzavam com o olhar dos amigos e parentes que a visitavam. Quando entrou na escola, percebi que não se reunia aos coleguinhas na rodinha para ouvir as histórias quando a professora chamava”, lembra. Por atuar na área da saúde, desconfiou que a evolução da filha não seguia correspondente ao considerado natural e procurou auxílio com diversos profissionais, sem muito sucesso no diagnóstico até aproximadamente seis meses depois.
Lavínia estava com a idade de 3 anos e 4 meses, e uma resposta: era uma criança com espectro autista. Nos próximos passos enxergou a genitora, incluíam conscientização e conhecimento das limitações conexas ao resultado e meios para melhora da qualidade de vida. Qualificar alguém com TEA ainda é complicado, pois inexistem exames específicos para resultar num diagnóstico preciso. A psicóloga do Hapvida Saúde, Lívia Vieira, comenta que é comum haver falhas dos profissionais na conclusão de uma análise exata. “Existem crianças que são falsamente classificadas com autismo, pois apresentam um comportamento mais reservado, ficam muito tempo na televisão ou apegados aos estudos, e até pela falta da presença assídua de adultos”, afirma.
O inverso também é possível. Há casos em que a legalidade dos pais confunde a falta de interação social e as demais características com timidez, retardando as oportunidades de acompanhamento evolutivo.
Embora as características sejam unânimes, seu desenvolvimento varia de quadro para quadro. “Frieza sentimental, dificuldade no contato visual e na comunicação, principalmente pela fala, solidão voluntária e resistência a comandos verbais são alguns dos sinais que levam a identificar o distúrbio”, descreve Lívia Vieira. A manifestação desses indícios acontece ainda nos primeiros meses de vida.

Para a afirmação de pessoa com espectro de autismo, ampara-se à comparação ao disposto no Dicionário da Saúde Mental (DSM), produzido pela Associação Americana de Psiquiatria. A última revisão, publicada em maio e atualizada após 13 anos, que resultou na quinta edição do documento, sofreu mudanças quanto às definições estabelecidas ao transtorno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário