FONTE: *** Jairo Bouer (doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).
Usuários crônicos de
maconha podem ser mais propensos a ter falsas memórias, indica um estudo
realizado pelo Hospital de Sant Pau e da Universitat Autònoma de Barcelona, na
Espanha.
Os pesquisadores
avaliaram 16 consumidores pesados, ou seja, que usaram maconha diariamente pelo
menos nos últimos dois anos, mas abandonaram o hábito quatro semanas antes da
avaliação. Nenhum deles tinha qualquer diagnóstico psiquiátrico ou neurológico.
O grupo foi comparado a outro, de 14 pessoas que nunca usaram a droga, ou que a
usaram poucas vezes ao longo da vida.
Todos os
participantes foram testados para outras substâncias capazes de interferir na
memória, como benzodiazepínicos e opioides, nas quatro semanas anteriores ao
experimento. Mas alguns deles, tanto no grupo de usuários de maconha como no
grupo-controle, usavam tabaco.
No trabalho,
publicado no periódico Molecular Psychiatry, os participantes passaram
por testes de memorização de palavras. Eles olhavam uma lista e, alguns minutos
depois, recebiam outra, com algumas palavras a mais, que tinham, ou não,
significado semelhante. Os usuários pesados de maconha foram mais propensos a
“lembrar” de termos que não estavam na primeira seleção, mesmo sem ter usado a
droga durante um mês.
Além disso, todos os
voluntários passaram por exames de ressonância magnética cerebral. E os
resultados indicaram que os usuários pesados apresentaram menor ativação de
áreas ligadas a memória e controle dos recursos cognitivos, além de alterações
no hipocampo, associada à memória de longo prazo.
Mais estudos são
necessários para confirmar se o problema tem mesmo relação com o uso crônico e
excessivo da droga, ou se teria a ver com alguma vulnerabilidade pré-existente.
Mas os resultados reforçam estudos anteriores que demonstram haver impacto na
memória com o consumo frequente da droga.
Jairo Bouer é médico formado
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com residência em
psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. A partir do seu trabalho no
Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas da USP (Prosex), passou a focar
seu trabalho no estudo da sexualidade humana. Hoje é referência no Brasil, para
o grande público, quando o assunto é saúde e comportamento jovem, atendendo a
dúvidas através de diferentes meios de comunicação.
Sobre o blog.
Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões
sobre saúde, sexo e comportamento.
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