FONTE: Sandra Rodrigues - Agência CNJ de Notícias, TRIBUNA DA BAHIA.
O combate à violência doméstica é uma das
preocupações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que desde 2007 estimula os
tribunais a encontrarem formas de atendimento às vítimas
O
dispositivo conhecido como botão do pânico tornou-se um aliado no combate à
violência doméstica sofrida por mulheres. Quando acionado, em virtude de perigo
iminente de agressão, o equipamento emite um alerta para que a vítima seja
socorrida.
Varas
especializadas nos tribunais de Justiça do Espírito Santo, São Paulo, Paraíba,
Maranhão e Pernambuco mantêm parcerias com governos municipais e estaduais para
atendimento de segurança.
O
combate à violência doméstica é uma das preocupações do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), que desde 2007 estimula os tribunais a encontrarem formas de
atendimento às vítimas.
“O uso
do botão resulta em dois efeitos: inibidor para os agressores e encorajador
para as mulheres voltarem às atividades rotineiras, como trabalhar ou mesmo
sair à rua”, resumiu a juíza Hermínia Maria Silveira Azoury, coordenadora das
varas de violência doméstica e familiar contra a mulher do Tribunal de Justiça
do Espírito Santo (TJES).
O
tribunal é pioneiro na implantação do equipamento formalmente chamado de
Dispositivo de Segurança Preventiva. No estado, logo que o dispositivo foi
implantado na capital, Vitória, em 2013, foram evitadas 12 mortes de mulheres
por violência doméstica, conforme dados apresentados pela magistrada.
No total, 100 botões foram distribuídos pela Justiça e o
convênio entre TJES e prefeitura de Vitória foi recentemente renovado por mais
cinco anos.
Localização e gravação.
Em São
Paulo, a comarca de Limeira é pioneira no uso do botão do pânico na região.
Foram contratados 50 dispositivos desde que o programa começou, em abril deste
ano.
Segundo
dados do 2º Ofício Criminal de Limeira, atualmente, quatro mulheres detém os
aparelhos, mas ainda não houve nenhum acionamento.
Por
meio do botão, a polícia poderá localizar o conflito e acompanhar o diálogo,
durante o trajeto, com gravação da conversa num raio de até cinco metros. O
áudio poderá ser utilizado como prova judicial.
Nordeste.
Na
capital do Maranhão, São Luís, as mulheres ameaçadas dispõem de dispositivos
distribuídos em casos que requerem maior atenção da Vara Especial de Combate à
Violência Doméstica e Familiar.
No
interior do estado, a comarca de Cururupu adota medidas protetivas com o uso de
botão pela mulher e de tornozeleira eletrônica pelo acusado.
Em
outro município maranhense, Grajaú, que também incorporou a nova tecnologia, um
dispositivo foi entregue em junho deste ano a uma indígena da tribo Guajarara,
vítima de violência doméstica cometida pelo companheiro.
Foi uma
das medidas protetivas imputadas ao agressor, que inclui respeito a uma
distância mínima de 200 metros da ofendida.
Segundo
o juiz da 2ª Vara da comarca de Grajaú (MA), Alessandro Arrais Pereira, "o
uso dos dispositivos eletrônicos constitui uma liberdade vigiada, alternativa à
prisão preventiva, contribuindo, portanto, para diminuir a população de presos
provisórios, bem como um instrumento para melhor fiscalização do Estado quanto
ao fiel cumprimento das medidas judiciais impostas”, afirmou.
A
Paraíba optou por um aplicativo de celular do programa “SOS Mulher” para
distribuição a mulheres com risco de agressão, similar ao botão do pânico.
“É mais
uma proteção às mulheres, pois o acusado não se intimida só com medidas
protetivas. Assim, conseguimos mais agilidade para a prisão do agressor”, disse
o juiz Alberto Quaresma, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a
Mulher de Campina Grande, que contabiliza, atualmente, três mil processos de
violência doméstica.
Na
cidade paraibana, já foram distribuídos 50 aparelhos em ação do governo
estadual, em conjunto com Judiciário e Ministério Público. Quando a vítima
aciona o aparelho, um sinal é recebido pela polícia, que localiza a mulher por
GPS e realiza o atendimento.
A juíza
Rita de Cássia Andrade, coordenadora do Juizado de Violência Doméstica e
Familiar da capital paraibana, entende que, além das questões processuais e do
uso da tecnologia, é preciso trabalhar na prevenção e “na conscientização da
sociedade para vencer o preconceito machista que vê a mulher como objeto”.
A juíza
faz palestras de esclarecimento em várias instituições e em bairros da cidade.
Em
Pernambuco, a iniciativa chegou este ano, de forma pioneira, à Vara da
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher em Jaboatão dos Guararapes, na
região metropolitana de Recife (PE).
O
Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), firmou parceria com a prefeitura
local, para que a Patrulha Municipal Maria da Penha, vinculada à Guarda
Municipal, seja acionada pelas vítimas portadoras do botão do pânico, em caso
de necessidade.
Estarão
disponíveis 50 equipamentos, na fase inicial do projeto.
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