domingo, 30 de outubro de 2016

EXERCÍCIOS AJUDAM NA PREVENÇÃO E NO TRATAMENTO PÓS-DIAGNÓSTICO DO CÂNCER...

FONTE: Carmen Vasconcelos (carmen.vasconcelos@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.
Estudo realizado na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, mostrou que pacientes com câncer de mama que caminhavam três horas por semana tiveram mais chances de cura.
Há quatro anos, a professora aposentada Mila Araújo, 77, descobriu que tinha um nódulo no seio esquerdo. O diagnóstico confirmou a presença de um câncer e ela fez a cirurgia para retirada de uma parte da mama e o esvaziamento das axilas. A presença de um dreno para a quimioterapia e a retirada do tumor terminaram impactando nos movimentos e na circulação dos braços e ela desenvolveu um linfoedema na região, exigindo que iniciasse sessões de reabilitação.
“Eu tinha muito medo da quimioterapia, pois ouvia relatos terríveis, ainda durante o tratamento, fui orientada a buscar uma atividade física como uma forma de minimizar os efeitos colaterais do tratamento e fui percebendo que esses exercícios, junto com o apoio da família, dos amigos me ajudaram a vencer o medo do tratamento, a passar pela perda do cabelo, dos pelos do corpo sem tanta dor”, conta. Hoje, Mila, que sempre gostou de se exercitar, não dispensa a prática do Pilates, a natação e as caminhadas. “Estou aposentada, mas não abandonei os projetos atuais e os do futuro. Descobri que o movimento é a própria vida”, completa.

Um estudo realizado na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, mostrou que pacientes com câncer de mama que caminhavam três horas por semana, tiveram em média 46% mais chances de cura, se comparadas às outras pacientes que não possuíam esse hábito. O estudo mostrou ainda que em pacientes que aderiram a essa prática após décadas de sedentarismo, o percentual foi de 33%. Ao contrário do que muitos imaginam, o diagnóstico de câncer não vai exigir repouso absoluto, na verdade, a atividade pode se transformar numa grande aliada tanto na prevenção de cânceres diversos quanto durante o tratamento, vencendo diversos efeitos colaterais do tratamento.
Movimento que cura.
Para a fisioterapeuta Helena Mathias, do Núcleo do Movimento Pilates & Reabilitação, existe um medo, um tabu em que o paciente oncológico seja submetido à atividade ou à manipulação, esquecendo que as atividades, desde que bem orientadas e feitas com base no tratamento, auxiliam o paciente a superar efeitos do tratamento, tais como a fadiga, a fraqueza muscular, os formigamentos, a má postura adquirida no pós-cirúrgico, especialmente depois da retirada da mama.  “Para a prevenção, o ideal seria a prática de uma atividade de 150 minutos semanais, preferencialmente que unisse as partes aeróbica e a resistência”, esclarece a fisioterapeuta, ressaltando a importância que essa atividade física traga prazer para quem a pratica. 
Com uma postura parecida, o educador físico e mestre em Fisiologia do exercício voltado para a clínica Marcos Motta reforça a postura de Helena Mathias e lembra que o único remédio para a fadiga, especialmente aquela provocada pela quimioterapia, é o exercício físico. “Aliado a tudo isso, o exercício físico melhora as perspectivas de vida e confere mais autonomia e independência para o paciente em tratamento”, esclarece o educador físico. 
Marcos Motta pontua ainda que a atividade física estabelece melhoras gerais no organismo, fato que se mostra extremamente positivo para o sistema imunológico. “A atividade física combate a obesidade que nada mais é que um quadro inflamatório, capaz de repercutir no câncer, ajuda a superar a constirpação e promove uma melhora no aparelho digestivo do paciente”, descreve. Segundo o profissional, ainda não é comum a presença de educadores físicos em clínicas e hospitais, mas aos poucos, essa cultura vem mudando com ganhos significativos para os pacientes. 
Adequação.
A oncologista Renata Cangussu, especialista em tumores femininos, lembra que a atividade física aliada a uma boa alimentação é capaz de prevenir um terço dos casos de câncer. “Naquelas pessoas com diagnóstico, o fato de se manter ativa reduz os efeitos danosos do processo terapêutico”, ratifica, destacando que a prática auxilia a evitar o retorno da doença. “Ao contrário do que se imagina, a paciente em tratamento pode ganhar muito peso em função das alterações hormonais e o exercício impede que isso se torne um agravante para a condição clínica”, diz a médica. 

Ela destaca que as contraindicações são poucas e que levam em consideração o quadro clínico geral do paciente que, mesmo não podendo fazer atividades de alto impacto ou pegar peso, por exemplo, pode encontrar alternativas adequadas para o seu caso. Completando a recomendação, o educador Marcos Motta lembra que as  atividades precisarão sempre  ser orientadas por profissionais capacitados, que entendam a doença e saibam adequar a fisiologia do movimento à necessidade daquela pessoa. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário