Segundo
especialistas, evidências mostram que os medicamentos sedativo-hipnóticos (como
os comprimidos Ambien e Lunesta) estão relacionados a um aumento do risco de
suicídio, mas esse dado ainda não explica totalmente quais pacientes correm
maior risco.
Comprimidos para dormir são comuns. Cerca de 4% dos
adultos nos Estados Unidos — o equivalente a dez milhões de pessoas — tomam
esses medicamentos,
segundo uma estimativa de 2013 do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos
EUA.
Apesar
do uso generalizado, esses medicamentos podem causar efeitos colaterais bastante alarmantes. A bula do remédio Ambien, por exemplo, alerta que possíveis efeitos colaterais
incluem comportamento agressivo, confusão, depressão, alucinações e “pensamentos ou ações suicidas”.
Diante
desse quadro, quem deve tomar medicamentos sedativo-hipnóticos, categoria na qual se enquadram comprimidos como Ambien
e Lunesta? E quão frequentemente esses remédios realmente causam esses
problemas?
Um
novo estudo, publicado pela revista American Journal of Psychiatry,
diz que a resposta é um pouco evasiva.
A
nova pesquisa revisou estudos médicos anteriores para tentar quantificar
exatamente quanto um hipnótico poderia aumentar as chances de alguém
apresentar pensamento ou comportamento suicida.
Os
pesquisadores confirmaram que os comprimidos para dormir estavam relacionados a
um aumento dos casos de suicídio, mas, então, as coisas ficaram mais complicadas: Nenhum dos estudos incluídos na revisão fez uma distinção entre
pensamento e comportamento suicida causados por abuso ou uso indevido de
medicação e aqueles causados mesmo quando usados corretamente.
Em
outras palavras, o alerta sobre o efeito colateral pode estar baseado em casos
nos quais o medicamento foi usado abusivamente ou onde havia um problema mental preexistente. Ou não. As pesquisas não deixam isso
claro.
Pesquisas
sobre a relação entre comprimidos para dormir e suicídio são inconclusivas.
O
novo estudo analisou todas as pesquisas anteriores publicadas sobre a relação
entre suicídio ou pensamentos suicidas e 11 diferentes medicamentos hipnóticos
atualmente aprovados pela FDA, agência que regulamenta os setores farmacêutico
e de alimentos nos EUA, para o tratamento de insônia.
O
estudo também incluiu análises da FDA sobre segurança ou comentários sobre
esses 11 comprimidos para insônia, bem como relatórios detalhados da agência sobre
suicídios relacionados a hipnóticos desde os anos 70.
Os
dados sugerem que o risco de suicídio entre pessoas que tomam hipnóticos era de 2 a 24
vezes maior do que entre os que não ingerem comprimidos para dormir.
O
risco de suicídio ou pensamentos suicidas associados aos comprimidos para
insônia parecem aumentar nos primeiros dias de medicação que, em alguns casos,
são acompanhados por outros comportamentos incomuns, como sonambulismo, confusão, alucinações ou paranoia.
Outra
grande questão que os dados não responderam: até que ponto sintomas preexistentes de depressão afetam o risco de alguém
manifestar pensamento ou comportamentos suicida?
“Será
que o simples fato de tomar remédios para dormir o torna suicida? Ou apenas
quando você está ou corre o risco de ter depressão?”, pergunta o coautor do
estudo, Peter Rosenquist, vice-presidente do departamento de psiquiatria e comportamento de saúde da Augusta University, na
Geórgia (EUA).
“Esta
é a maior limitação de quase todos os estudos.”
Vários
dos estudos que Rosenquist e seus colegas revisaram para esta pesquisa
analisavam os resultados de grupos de indivíduos que tomaram vários desses
medicamentos para insônia. No entanto, esses estudos não consideraram se essas
pessoas já tinham sintomas depressivos ou ocorrências prévias de abuso de álcool ou drogas.
Rosenquist
explicou que outra ressalva é que os estudos que têm sido feitos mostraram que
as taxas de suicídio eram maiores em pessoas que tomavam medicação para dormir,
mas não necessariamente que esses remédios seriam a causa.
“Todos
podemos concordar que é melhor prevenir do que remediar. Mas a associação não
prova necessariamente a causalidade”, disse.
O que
isso tudo significa para pessoas que tomam remédios para dormir?
Esses
alertas podem soar ameaçadores, mas não significam que os comprimidos para
dormir não possam ajudar as pessoas.
Remédios
para insônia com prescrição médica podem trazer benefícios reais para algumas
pessoas, se usados nas circunstâncias
certas, disse Rosenquist. Mas, com base nas evidências disponíveis, é
importante que qualquer pessoa considerando a ideia ou já tomando comprimidos
para dormir esteja ciente dos riscos e precauções a serem tomadas, disse.
Estas
são as coisas que você precisa saber:
1. Se você
sofre de depressão, tomar comprimidos para dormir pode ser perigoso.
É
bem sabido que a insônia e a depressão têm uma complicada (e frequentemente
entrelaçada) relação. E, se você estiver sendo tratado para ambos os
problemas, é importante que todos os médicos estejam em sintonia sobre seu
tratamento.
Os
dados não mostram que ter sintomas preexistentes de depressão aumenta o risco
de suicídio caso você esteja tomando hipnóticos, disse W. Vaughn McCall, também
coautor do estudo e presidente do departamento de psiquiatria e comportamento
de saúde da Faculdade de Medicina da Geórgia da Augusta University, em
entrevista ao HuffPost. Mas uma overdose de comprimidos para dormir pode matar.
“A
pílula [pode ser usada] como um meio para concluir uma decisão que já foi
tomada”, disse.
2. Os
primeiros dias da medicação de hipnóticos são os mais perigosos.
Esteja
especialmente atento a qualquer efeito colateral, assim que começar a tomar
comprimidos para dormir prescritos por seu médico.
“Nossa
revisão mostra que o período de maior risco documentado são os primeiros dias de
ingestão da medicação”, Rosenquist disse.
Sinais
de alerta de que a medicação não está funcionando como deveria incluem
sonambulismo, estado depressivo ou se você se sente pior ou com pensamentos
suicidas. Caso sinta qualquer um desses sintomas, PARE de tomar o remédio e
ligue para seu médico, recomenda Rosenquist.
3.
Hipnóticos podem ser mortais combinados com outros remédios (e álcool!).
Mesmo
se cada medicamento for ingerido segundo a dose prescrita, os hipnóticos podem
ser mortais se você tomá-los ao mesmo tempo com outros remédios (ou álcool).
A morte acidental do ator Heath
Ledger, em 2008, é um trágico exemplo.
Assegure-se
de que seu médico tenha conhecimento sobre qualquer outro medicamento que você
esteja tomando caso ele receite um comprimido para dormir — e certifique-se de
que seu médico autorize a ingestão desses remédios ao mesmo tempo.
4. Esteja
atento às advertências das bulas.
Pode
parecer óbvio, mas vale a pena repetir:
Comprimidos
para dormir devem ser tomados segundo as recomendações.
NÃO
tome mais do que a dose recomendada.
NÃO
tome depois de ingerir álcool.
NÃO
misture com outros remédios, a menos que seu médico tenha dado o sinal verde.
Vá
dormir cerca de 15 minutos após tomar a medicação — e fique na cama pela
quantidade de tempo recomendada até que o efeito do remédio passe (tipicamente
de sete a oito horas).
Conclusão:
Esses remédios são comprimidos potentes. Tome-os apenas segundo recomendado por
seu médico e esteja atento às precauções.
Nenhum comentário:
Postar um comentário