quinta-feira, 30 de março de 2017

OS BEBÊS ESCUTAM ENQUANTO AINDA ESTÃO NA BARRIGA DA MÃE?...

FONTE: Bia Souza, Do UOL, em São Paulo (http://noticias.uol.com.br).


Diversas pesquisas já mostraram que o feto é capaz de ouvir sons e responder a eles enquanto está no útero da mãe. Mas será que ele é mesmo mais propenso a reagir ao som materno do que aos outros. Ele pode distinguir a voz?

A audição humana funciona assim: a vibração, ou ondas sonoras, chega ao tímpano, dentro do sistema auditivo as células o transformam em estímulos elétricos que são levados até o cérebro e decodificados.

Um feto começa a ouvir entre a 20º e 24ª semana de gestação, quando os neurônios vão formando o córtex auditivo, a região responsável por processar o som.

A partir desse momento os bebês podem ouvir os órgãos internos da mãe, assim como sua fala.
"O som é uma vibração emitida ao cérebro como corrente elétrica e interpretada pelo cérebro. Se você estive embaixo d'água vai ouvir o trovão, mas não vai escutar o som do jeito que ele é porque o som fica melhor [transmitido] através do ar", explica o neuropediatra Paulo Breinis, do Hospital São Luiz Jabaquara.

Os estímulos sonoros externos, inicialmente ficam mais abafados. Mas o som exato do que eles escutam não dá para saber. "O bebê escuta pela vibração do líquido amniótico. Mas será que a ele escuta só pelo ouvido? Será que a reação que ele tem não vem da vibração pela pele? Essas questões ainda não sabemos", explica o neuropediatra da Unifesp Luiz Celso Vilanova.


Voz da mãe.
De acordo com uma pesquisa publicada pela PNAS em 2015, os primeiros sons da mãe fornecem aos recém-nascidos a aptidão auditiva necessária para moldar o cérebro para a audição e desenvolvimento da linguagem.

Durante o estudo, os pesquisadores selecionaram 40 bebês prematuros e pediram às mães de metade das crianças para cantar duas canções em um estúdio e gravaram seus batimentos cardíacos através de um estetoscópio conectado a um microfone.

Os cientistas então removeram os tons de frequência mais alta das gravações e reproduziram o som restante em sessões de 45 minutos que totalizavam 3 horas por dia em 21 incubadoras de bebês, enquanto as outras crianças receberam cuidados comuns.

Após 30 dias, os pesquisadores compararam as imagens de ultrassom dos cérebros e perceberam que os bebês expostos às vozes de suas mães tinham córtices auditivos significativamente mais espessos do que os outros.

Acredito que a criança reconheça a voz da mãe após o nascimento, por ser formada ali dentro. Esse é o som mais próximo que a acompanha desde o início da vida. No momento não é possível quantificar isso."
Paulo Breinis, neuropediatra.

Por outro lado, falar com o bebê não parece ser a única forma de interação. Em 2015, um estudo publicado na revista científica Plos analisou o comportamento dos fetos a estímulos e mostrou que o bebê reagia mais ao toque do que à voz da mãe.

Durante o estudo, 23 gestantes que estavam entre a 21ª e a 33ª semana de gravidez foram estimuladas a ler em voz alta, acariciar a barriga e apenas deixar as mãos próximas do ventre. Os cientistas perceberam, por ultrassonografias, que os bebês ficavam mais ativos quando elas acariciavam a barriga.

Memória.
Desde o final da década de 1980 diversas pesquisas sugerem que os fetos podem aprender dentro do útero. Em 2013, uma pesquisa publicada na PNAS mostrou que bebês poderiam reconhecer palavras e variações após o nascimento.

Sabemos que o feto pode ouvir pela movimentação dele no útero e pelos batimentos cardíacos. É assim que sabemos se o que ele está ouvindo é desagradável ou não. Após o nascimento tentamos avaliar se algum que ele ouviu no útero provoca nele o mesmo comportamento.

Luiz Celso Vilanova, neuropediatra da Unifesp.
No estudo publicado na PNAS, os pesquisadores registraram a atividade elétrica do cérebro para procurar traços neurais de memórias do útero.

Durante a pesquisa, as gestantes foram submetidas a uma gravação tocada várias vezes por semanas durante os últimos meses da gravidez. O material incluía uma palavra inventada, repetida muitas vezes e intercalada com a música.


Quando os bebês nasceram, os cérebros eram capazes de reconhecer a palavra e suas variações, enquanto outro grupo de crianças não tinha essa habilidade. Para os cientistas, isso demonstra que o som repetido cria uma memória que pode ser detectada nas ondas cerebrais.

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