Toda mulher é capaz de
ter orgasmo,
sozinha ou com alguém. E, exceto quando há alguma doença impeditiva, todo corpo
feminino é apto a sentir prazer, com o próprio toque ou com o estímulo de outra
pessoa. Por que, então, tantas mulheres sentem dificuldade em atingir o clímax?
Uma pesquisa divulgada
em 2017 pelo Prosex (Projeto de Sexualidade da Universidade de São Paulo) da
FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) concluiu que metade
das brasileiras não consegue gozar nas relações sexuais.
Segundo estatísticas
mundiais, de 5% a 10% da população feminina jamais chegou
lá.
Só que esses tristes números podem ser revertidos, sim, com informação,
rompimento com antigas crenças, mudanças de atitude e autoconhecimento.
Eis
algumas ideias:
Acredite: os meios
justificam os fins.
O objetivo de qualquer
transa é gozar, certo? Não necessariamente. O que acontece entre o início da
sessão de preliminares e o "grand finale" do clímax também importa -
e muito! - porque o sexo pode, precisa e deve ser prazeroso mesmo quando não há
orgasmo. Ficar pensando o tempo todo se está prestes a chegar lá só vai
deixá-la ansiosa e tensa. E essa preocupação pode acabar fazendo com que não
aproveite nada e que obtenha o efeito contrário ao desejado.
É preciso repensar a
educação sexual recebida.
Em muitos casos, frases
e conceitos sobre sexo durante a infância e adolescência podem repercutir
negativamente na idade adulta, atrapalhando o prazer. É preciso ressignificar
todas as repressões e noções limitantes e entender que o corpo é fonte de
prazer, que sexo não é pecado, coisa do demônio ou determina o caráter de
alguém. Para se sentir mais livre e plena, é necessário tirar a ideia de
imoralidade da questão sexual.
Conhecer 100% as partes
íntimas é fundamental.
De acordo com Arlete
Girello Gavranic, psicóloga e terapeuta sexual do Isexp (Instituto Brasileiro
Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática), em São Caetano do Sul
(SP), é complicado sentir um orgasmo sem que a mulher saiba perfeitamente como
são suas partes íntimas. "Diante de um espelho, o ideal é observar a
genitália, tocar os pequenos e os grandes lábios, perceber sua textura e aprender
a identificar tudo o que sente", fala a especialista, que diz que o
estímulo no clitóris deve ficar sempre por último. "À medida que for
mexendo nele, dá para notar uma maior lubrificação. Vale reparar também nas
mudanças que ele sofre conforme a excitação vai crescendo, como ficar mais
intumescido e avermelhado", completa.
Toda mulher precisa se
apropriar de seu corpo.
Embora estudos indiquem
que 80% das mulheres obtêm o orgasmo com estímulos no clitóris, é essencial que
sua excitação não se concentre apenas nos genitais. "A mulher precisa
explorar o próprio corpo, se acariciar nas mais diversas partes, descobrir técnicas
que possam provocar reações, sentir toques e massagens diferentes nos braços,
no pescoço, nos mamilos... É bom sensualizar o corpo e tirar dele o máximo de
prazer possível, inclusive identificando que tipo de carícia gosta de
receber", afirma Arlete.
Masturbação, a
peça-chave do orgasmo.
De acordo com a
pesquisa realizada pelo Prosex, 40% das brasileiras não têm o hábito de se
masturbar. Para a psicóloga e sexóloga Carla Cecarello, consultora do site
C-Date e fundadora da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade), a masturbação
é ótima para a mulher descobrir o que a leva a gozar: um movimento mais
cadenciado e forte? Manipulações mais suaves? Movimentos circulares ou de cima
para baixo, com pressão ou delicadeza? Ao identificar o que curte, é possível compartilhar
com o par. "Minha recomendação, principalmente para quem nunca teve um
orgasmo, é começar a experimentar o prazer solitário primeiro com os dedos e só
depois, se desejar, partir para um vibrador. Com as mãos, a mulher pode se
explorar melhor", conta Carla. Segundo a especialista, é bom apostar na
masturbação em várias situações para a mulher percorrer todo o leque possível
de experimentações: na banheira, no chuveiro, no sofá, vendo um filme picante,
etc.
Cuidado com comparações
e expectativas.
O clímax de uma mulher
não é igual ao de outra, assim como os orgasmos de uma mesma mulher são
diferentes. A sensação varia de pessoa para pessoa, por isso não é bom cultivar
ideias errôneas propagadas por filmes, livros e vídeos pornôs que sugerem
espasmos alucinantes com fogos de artifício. Alimentar expectativas mágicas
impede o reconhecimento do próprio prazer - e, importante repetir, ele tem
múltiplas facetas. Algumas mulheres sentem uma espécie de "choque
elétrico", outras relatam um comichão na área genital, há aquelas que
experimentam ondas de calor subindo dos pés à cabeça... Há orgasmos incríveis,
alguns sutis, outros bem "mais ou menos". É como foi dito no primeiro
item: o percurso é que faz tudo valer a pena.
Desistir, jamais!
Conforme a experiência
clínica de Arlete Gavranic, é comum que muitas mulheres entreguem os pontos e
desistam de tentar alcançar um orgasmo por fatores que vão de medo,
inseguranças relacionadas à autoimagem, repressão e até por receio de uma perda
de controle na hora H. "Algumas consideram cansativo e estranho o processo
da masturbação, mas é fundamental persistir, entender como funciona,
aprender", conta.
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