Pela primeira vez,
pesquisadores conseguiram regenerar célula responsável pela audição em
mamíferos. Descoberta,
publicada no periódico European Journal of Neuroscience, pode ser novo
tipo de terapia para perda auditiva em humanos.
O processo de como o
cérebro interpreta sons é relativamente simples. Uma vez que o som entra no
ouvido por meio de ondas sonoras, ele se move até o tímpano, que vibra e envia
essas vibrações para os ossos do ouvido médio. A cóclea, local do ouvido onde
as células são como pelos, então capta essas vibrações e as transformam em
sinais elétricos que o cérebro pode processar.
O problema é que a
cóclea pode ser danificada com o tempo, seja por causa da idade ou da exposição
a ruídos altos, resultando na perda auditiva permanente.
Até então, os
cientistas não sabiam como reverter a surdez em humanos, mas tinham
conhecimento de que animais como peixes e pássaros são capazes de manter a
audição intacta, regenerando as células ciliadas sensoriais encontradas na
cóclea. Os mamíferos são os únicos vertebrados incapazes de fazer isso. Por
esse motivo, os pesquisadores decidiram entender como essa regeneração funciona
nos outros animais para tentar replicar o processo em mamíferos.
Eles estudaram peixes e
aves e identificaram um grupo de receptores responsáveis pela regeneração
chamado EGF. Mas ao analisarem camundongos, eles também encontraram um receptor
específico, chamado ERBB2, que também poderia ser usado para ativar a
regeneração das células ciliares da cóclea.
Os cientistas testaram
três métodos diferentes que poderiam usar esses receptores para ativar a via. O
primeiro envolveu uma série de experimentos em que eles usaram um vírus para
atacar os receptores ERBB2 em camundongos. No segundo, eles modificaram
geneticamente os camundongos na tentativa de ativar o ERBB2. O último teste
usou duas drogas que poderiam produzir uma resposta no ERBB2.
Os resultados mostraram
que cada método utilizado teve resultados semelhantes, mas não idênticos.
Entretanto, todos regeneraram as células ciliadas sensoriais em mamíferos.
A ativação do ERBB2
iniciou um processo que levou à produção de células de suporte coclear. Isso
fez com que células-tronco se transformassem nas células ciliadas sensoriais.
"O processo de
reparar a audição é um problema complexo e requer uma série de eventos
celulares. Você tem que regenerar células ciliadas sensoriais e essas células
têm que funcionar adequadamente e se conectar com a rede necessária de
neurônios", diz Patricia White, autora do estudo. "Essa pesquisa
demonstra uma via de sinalização que pode ser ativada por diferentes métodos,
poderia representar uma nova abordagem para a regeneração coclear e,
finalmente, restauração da audição".
Os cientistas ainda
terão que fazer mais pesquisas antes de realizar qualquer tipo de teste em
humanos. Mas a descoberta é um grande passo para a cura da perda auditiva.
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