Em segundo lugar no
ranking do Ministério da Saúde de doenças que mais matam no Brasil, atrás
apenas das doenças do coração e sistema circulatório, o câncer preocupa e chama
a atenção devido ao seu rápido crescimento entre a população: de acordo com
dados do Fundo Mundial de Pesquisa sobre o Câncer, sua incidência tende a
crescer 58% no mundo nos próximos 15 anos.
Isso se deve, em grande
medida, ao estilo de vida moderno. Obesidade, sedentarismo, exposição sem
proteção aos raios ultravioletas do sol, fumo, consumo excessivo de bebidas
alcoólicas e má alimentação são fatores que agravam a situação.
No que diz respeito à
alimentação, o primeiro passo para diminuir o risco pessoal é ter consciência
do que faz mal, tomar atitudes para reduzir a ingestão de comidas e bebidas
relacionadas ao câncer e substituí-las de forma saudável. Michele Samora, chefe
da residência de oncologia clínica da Escola Paulista de Medicina e Georgia
Bentes, coordenadora de nutrição na Oncologistas Associados - RJ e
nutricionista da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), explicam a
seguir quais são esses alimentos e que trocas simples podem melhorar muito sua
saúde e seu bem-estar.
1.
Carnes processadas.
Presunto, salame, peito
de peru ou de frango defumado, salsicha e linguiça estão entre os petiscos
favoritos dos brasileiros e são apontados pelo Inca (Instituto Nacional de
Câncer) como alimentos que podem aumentar o risco de desenvolvimento de câncer.
Isso se deve ao fato de neles serem usados aditivos químicos (especialmente
nitrato e nitrito) com o objetivo de prolongar sua validade ou realçar seu
sabor --o efeito colateral é a elevação em mais de 50% do risco de câncer de
cólon, reto, intestino e estômago. O recomendado é que a porção não passe de 50
g por dia.
Como
substituir: por carnes feitas em casa e preparadas
para consumo semelhante (fatiadas, cortadas em cubos, desfiadas etc.).
2.
Legumes em conserva.
A validade aumenta e o
gostinho fica irresistível, mas palmitos, cebolinhas, pepinos e legumes em
conserva carregam com eles muitas substâncias químicas, além de uma quantidade
excessiva de sódio, que causam alterações na mucosa gástrica e tornam o
estômago mais vulnerável a lesões e ao desenvolvimento de tumores. Por isso,
são classificados pelo Inca como alimentos que podem aumentar o risco de
câncer. Se for consumi-los, prefira sempre versões que não sofrem adição de
sal.
Como
substituir: pelos mesmos alimentos in natura e
preparados de forma caseira com azeite, vinagre e temperos variados.
3.
Frutas, verduras e legumes tratados com agrotóxicos.
Todo agrotóxico
(glifosato, malationa e diazinona são os mais comuns atualmente) é indutor de
alteração celular --para matar fungos e pequenos insetos que possam prejudicar
uma lavoura, por exemplo --, e age também nas células humanas, podendo levar ao
desenvolvimento de câncer de próstata e de bexiga, além de leucemia, linfoma
não-Hodgkin e mieloma múltiplo.
O Inca alerta que
regiões com alto uso de agrotóxicos apresentam incidência de câncer bem acima
das médias nacional e mundial.
Mas é importante ressaltar que o risco existe quando há consumo repetitivo e acumulado de alimentos tratados com agrotóxico, ou seja, comer uma salada de alface e tomate aqui e uma maçã ali não torna a pessoa uma potencial paciente de câncer.
Como
substituir: buscando itens de produtores que tem
seu uso de agrotóxicos regulado ou não os usem ou optando por frutas e legumes
com cascas mais grossas (como melancia, melão e abóbora), que conseguem
proteger seu interior contra a entrada dos agrotóxicos.
4.
Refrigerantes sem açúcar.
Pesadíssimas em sódio e
em adoçantes, estas bebidas não têm valor nutricional nenhum e deixam as
mucosas internas suscetíveis a alterações celulares que aumentam o risco de
desenvolvimento de câncer. Se encaixam na classificação de alimentos com
adoçantes artificiais (os edulcorantes) potencialmente cancerígenos do Inca.
Aqui também vale
destacar que esse efeito se dá diante de um consumo contínuo e repetitivo
dentro de um padrão alimentar descuidado e sem consumo diário de água. Tomar um
copo de refrigerante de vez em quando para acompanhar uma refeição ou em uma
festinha de criança não é um perigo real e imediato.
Como
substituir: por água ou sucos naturais.
5.
Carnes bem passadas demais, com crosta dura ao redor.
Aquela carne
carinhosamente chamada de "sola de sapato" e com uma crosta dura ao
redor não apenas é pouco saborosa como aumenta o risco de câncer de intestino.
O problema é que, durante a queima da carne e até chegar a essa capa ao seu
redor são produzidos alcatrão --sim, o mesmo do cigarro -- e aminas
heterocíclicas, ambos já relacionados ao câncer. O Inca recomenda que o bife
pode ser bem passado, mas sem deixar passar do ponto, ok?
Como
substituir: por carne no máximo bem passada, sem
crosta ao redor.
6.
Alimentos industrializados com uso de conservantes.
Para se manterem
adequados para uso por um período prolongado, biscoitos doces (recheados ou
não) ou salgados, macarrão instantâneo, sopas em pó e massas prontas, entre
outros alimentos industrializados, recebem uma grande carga de conservantes.
Eles, por sua vez, são compostos basicamente por sódio e substâncias químicas
que podem lesionar a mucosa gástrica e levar ao câncer de estômago. Por isso, o
Inca alerta que alimentos preparados desta forma devem ser evitados.
Como
substituir: por cereais, biscoitos, massas e demais
alimentos frescos e integrais ou que não apresentem tantas substâncias de nome
complicado na lista ingredientes, já que elas representam os aditivos químicos
presentes naquele alimento.
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