Dono de borracharia foi
confundido com estuprador em série.
Preso e condenado há
nove anos de prisão por estupro, Antonio Cláudio Barbosa de
Castro, de 35 anos, foi inocentado na segunda-feira (29) pelo Tribunal
de Justiça do Ceará. Ele ficou preso por cinco anos e foi ser solto na
terça-feira (30).
"São cinco anos
lutando sem cessar nenhum dia. Quem sabe da nossa intimidade, quem conhece a
nossa família sabe de tudo que nós sofremos até hoje correndo atrás de Justiça,
porque a gente não podia deixar pra lá. A gente tinha certeza da inocência dele",
afirmou Antonia Geralda, que é irmã do homem, em entrevista ao RedeTV
News, que acompanhou o momento do anúncio da decisão - assista abaixo.
Antônio Cláudio era
dono de uma borracharia na periferia da cidade e não tinha antecedentes
criminais. Ele foi confundido com o Maníaco da Moto, que abordava e estuprava
mulheres na periferia de Fortaleza. Acusado pelo estupro de nove vítimas, ele
foi condenado a nove anos de prisão; cumpriu cinco deles.
A Defensoria Pública do
Ceará propôs a revisão do julgamento ao Tribunal de Justiça. A ação partiu de
uma ONG de São Paulo que busca reverter condenações de inocentes.
"Fizemos um
trabalho de investigação intenso pra nos convencer, por meio de novas provas da
inocência dele e isso foi feito", explicou a advogada Flávia Rahal,
também ao redeTV News. "Nós tinhamos convicção absoluta que não era ele. E
as novas provas, que são muitas, convenceram também o tribunal, fazendo com que
uma injustiça que já dura cinco anos, fosse finalmente revertida".
Entre as novas provas,
a defesa argumentou que o homem que cometia os crimes tem mais de 1,80m de
altura. Antônio Cláudio tem 1,59m. E ainda: os ataques do ‘Maníaco da Moto’
continuaram, mesmo com Antônio Cláudio preso.
"As provas foram
sendo refutadas uma a uma”, alegou na sustentação oral a advogada Flávia Rahal,
segundo comunicado divulgado pela Defensoria Pública do Ceará, trazendo ao
processo novos elementos e argumentos em favor do réu.
Ela contou aos
desembargadores que a maioria das vítimas durante o andamento da ação penal
foram renunciando a denúncia por não reconhecê-lo como culpado e, mesmo assim,
rotulado pela mídia, em novembro de 2015, foi condenado a nove anos de reclusão
em regime fechado, tornando concreto mas não definitivo, seu destino.
Além disso, duas
policiais civis, que participaram da investigação, recuaram e reconheceram a
inocência do acusado. "Quando a gente teve acesso às imagens de câmera de
rua a gente viu que não era a mesma pessoa, que não podia ser a mesma
pessoa", esclareceu a policial Juliana Garcia.
Com novas provas, o
caso ganhou corpo para revisão processual que declarasse a inocência definitiva
de Antônio Cláudio.
Agora, a família
aguarda o alvará de soltura, que, segundo o defensor público Emerson Castelo
Branco, pode ser expedido ainda nesta terça: "A ideia é nós tentarmos que
ele saia amanhã mesmo, não demorar mais nenhum dia porque o prejuízo já foi de
cinco anos, uma pessoa completamente inocente presa há cinco anos".
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