A exposição a
substâncias químicas presentes em plásticos e alimentos enlatados pode
desempenhar um papel na obesidade infantil, de acordo com um estudo publicado
no periódico Journal of the Endocrine Society na quinta-feira (25).
Segundo os cientistas,
o bisfenol S (BPS) e o bisfenol F (BPF) são produtos químicos usados em certos
tipos de plástico, no revestimento de latas de alimentos e bebidas e no papel
térmico onde é impresso o cupom fiscal.
Esses produtos químicos
têm sido usados como um substituto para o bisfenol A (BPA), uma substância que
provoca um desequilíbrio no corpo humano, podendo induzir ou inibir a produção
de hormônios no organismo e por isso é relacionado a problemas como obesidade, diabetes
e infertilidade.
"Em um estudo
anterior, descobrimos que o BPA estava associado a uma maior prevalência de
obesidade em crianças americanas, e este estudo encontrou a mesma tendência
entre essas versões mais novas do químico", disse Melanie Jacobson, uma
das autoras do estudo. "Isso mostra que ter substituído o bisfenol A pelo
S e F não diminuiu os danos que a exposição química tem à nossa saúde".
Como
o estudo foi feito.
Os pesquisadores usaram
dados das Pesquisas Nacionais de Saúde e Nutrição dos EUA para avaliar
associações entre BPA, BPS e BPF e resultados de massa corporal entre crianças
e adolescentes com idade entre 6 e 19 anos.
Os resultados mostraram
que crianças que tinham níveis mais elevados de BPS e BPF na urina eram mais
propensas a ter obesidade em comparação com crianças com níveis mais baixos.
E
no Brasil?
Desde o dia 1º de
janeiro de 2012, a venda de mamadeiras ou outros utensílios para bebês que
contenham BPA está proibida. A determinação foi da Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária). Quatro anos antes, União Europeia, Canadá e Estado
Unidos já haviam feito o mesmo. Por conta disso, a indústria química começou a
promover produtos do tipo "BPA Free", ou livres de BPA.
O problema é que,
segundo Bruno Alves Rocha, pesquisador do departamento de análises clínicas e
toxicológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (Universidade de
São Paulo), estudos recentes demonstraram que a maioria dos substitutos
utilizados pela indústria (Bisfenol AF, Bisfenol F, Bisfenol S, Bisfenol B,
Dimetilbisfenol A, Tetrabromobisfenol A) tem efeito comparável ao do Bisfenol
A, ou até pior no quesito toxicidade. E muitos dos produtos 'free' também possuem
a substância em sua composição"
No entanto, para as
demais aplicações além da mamadeira, o BPA ainda é permitido no Brasil,
"mas a legislação estabelece limite máximo de migração específica desta
substância para o alimento, que foi definido com base nos resultados de estudos
toxicológicos", segundo o site da Anvisa.
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