Resumo da
notícia
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Alguns
produtos são muito parecidos com outros e podem confundir o consumidor
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Isso
não é necessariamente ruim, mas às vezes a qualidade nutricional pode ser bem
diferente entre eles
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Iogurte,
azeite, pão integral, linguiça, requeijão e mel estão entre as categorias com
"sósias"
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Você já comprou um
vidro verde-escuro ou uma lata estampada com ramos de oliva pensando que era
azeite e, chegando em casa, descobriu que era um óleo composto? Existem muitos
casos de produtos
que afirmam ser uma coisa e não são, mas mesmo entre os
que não estão descumprindo a lei, há uma margem para enganos devido ao design
das embalagens ou forma como nomeiam seus produtos, e isso não ocorre só com os
azeites.
"Há produtos com
embalagens e posicionamento nas gôndolas do mercado bem parecidos com as de
outros, mas geralmente mais baratos", destaca Laís Amaral, nutricionista
do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor). "Assim, o consumidor, por
observar um preço mais baixo e não prestar muita atenção aos rótulos, pode
acabar levando gato por lebre", completa a nutricionista.
Para não cair em
pegadinhas, basta prestar atenção na embalagem, em especial na lista dos
ingredientes, que coloca todos os componentes do produto em ordem decrescente.
Veja a seguir as categorias que podem conter intrusos e como escolher entre um
e outro no mercado.
Iogurte.
Na geladeira, várias
embalagens vizinhas dos iogurtes são, na verdade, bebidas lácteas. A diferença
entre uma e outra é a composição. O iogurte é obrigatoriamente feito com pelo
menos 70% de lácteos e deve ser fermentado com duas bactérias específicas.
Já a bebida láctea
--que se disfarça também de leite com chocolate na caixinha -- é o resultado da
mistura do leite com o soro do leite, um subproduto da fabricação do queijo, e
aditivos como gordura vegetal, polpa de frutas, açúcar, fermentos lácteos,
leite fermentado, aromatizantes, corantes e espessantes, entre outros.
A consistência é mais
líquida do que a do iogurte e 51% da composição deve ser de derivados do leite.
A dica é escolher produtos com o rótulo mais simples possível e ingredientes de
origem natural, tomando sempre cuidado com o teor de açúcar adicionado e de gordura
vegetal.
Azeite.
O azeite de oliva deve
conter sempre apenas o óleo extraído da azeitona em sua composição. Para a
saúde, o mais importante é o produto ser 100% azeite: tanto o extravirgem
quanto o virgem e o comum possuem altos índices de gorduras monoinsaturadas,
com benefícios comprovados à saúde do coração. A diferença entre eles é que os
dois últimos passam por mais etapas de processamento e, assim, perdem sabor,
aroma e outros compostos benéficos para além das gorduras.
O problema é que,
próximo aos azeites e com embalagens quase iguais, estão os óleos compostos, em
que o óleo oriundo da oliva divide espaço com outros, que podem compor entre 85
e 90% do produto, segundo o Idec. Ambos têm teores de gordura similares, mas o
azeite puro é considerado melhor para a saúde. Termos como "tempero
português", "tempero misto" e "tempero sabor azeite"
também indicam que o produto não é 100% extraído da azeitona.
Linguiça
calabresa.
Praticamente todas as
marcas levam a descrição "linguiça tipo calabresa". O termo quer
dizer que a linguiça não é, de fato, calabresa, que deve ser exclusivamente de
carne suína curada, com sabor picante, defumada ou não. A "tipo calabresa"
leva também outras carnes mecanicamente separadas de aves e até proteína
vegetal, como soja. Em outros produtos, a lógica é a mesma: o "tipo"
sempre significa uma imitação do original.
Requeijão.
São duas categorias
gêmeas na aparência: o requeijão cremoso e o requeijão cremoso com amido. O
primeiro é produzido a partir do creme de leite e o segundo leva amido, um
ingrediente mais barato, utilizado como substituto do queijo. Isso é ruim se o
indivíduo já ingere muitos carboidratos durante o dia, pois o amido é um
carboidrato. Mas vale lembrar que mesmo o requeijão cremoso tradicional possui
muita gordura saturada.
Ou seja, ambos devem
ser consumidos com parcimônia em nome da saúde. O produto deve especificar na
embalagem que contém amido, e algumas marcas incluem ainda gordura vegetal para
dar consistência e sabor à mistura. Vale observar as letras pequenas do rótulo
antes de fazer a escolha.
Mel.
Ele também pode
esconder pegadinhas. Se o produto afirma ser mel de abelha no rótulo, pode
confiar. Mas encontre as palavras escritas, pois o líquido pode ter cor e
consistência de mel e ser, na verdade, xarope de glicose ou melado de cana.
Ambos os produtos têm qualidade nutricional inferior e preço mais baixo.
Pão
integral.
Ponto de atenção
importante na hora das compras, porque não existem regras sobre o uso do termo
integral ou sobre a quantidade de cereal integral que deve existir num produto
para que ele receba essa classificação. Logo, os pães - e outros biscoitos e
bolachas - que se intitulam assim podem ser compostos mais de farinha de trigo
branca do que integral de fato.
A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), começou a discutir a regulamentação da categoria
no ano passado. Enquanto a definição não vem, a única maneira de saber é
olhando o rótulo. A
farinha de trigo integral deve aparecer como primeiro ingrediente da lista.
Se a farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico estiver em primeiro
lugar, sinal de que aquele pão não é integral de verdade.
*** Fontes: Carmen
Tadini, engenheira de alimentos e pesquisadora do Centro de Pesquisas em
Alimentos da USP (Universidade de São Paulo) também foi consultada nessa
matéria; Clarissa Casale Doimo, nutricionista com pós-graduação em Nutrição
Aplicada ao Exercício pela USP (Universidade de São Paulo); e Laís Amaral,
nutricionista do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor).
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