Mulheres que seguem um
tratamento hormonal contra os efeitos da menopausa têm um risco ligeiramente
maior de ter câncer de mama - confirmou um grande estudo publicado na
sexta-feira (30).
Estudos anteriores já
haviam determinado essa relação, mas o artigo da revista britânica "The
Lancet" inovou ao quantificar o risco de cada tipo de tratamento e, ao
mesmo tempo, demonstrar que, embora diminua com o fim do tratamento, o risco
persiste por pelo menos dez anos.
Os autores revisaram 58
estudos epidemiológicos sobre esses tratamentos, que envolveram mais de 100.000
mulheres.
São principalmente
estudos observacionais, ou seja, mostram um vínculo estatístico, mas não
demonstram uma relação de causa-efeito entre o câncer que algumas mulheres
desenvolvem e o tratamento em questão.
De acordo com suas
conclusões, todos os tratamentos hormonais da menopausa (Terapia Hormonal da
Menopausa, ou THM) estão associados a um risco maior, com exceção dos géis com
estrogênio de aplicação local.
Dessa forma, uma mulher
de 50 anos que segue por cinco anos um THM que associa estrogênio e
progesterona continuamente tem 8,3% de chance de desenvolver câncer de mama nos
20 anos que se seguem ao início do tratamento, contra um risco 6,3% para
mulheres que não são submetidas a nenhum cuidado nesse sentido.
A proporção é de 7,7%
para quem segue de forma intermitente (não todos os dias), e de 6,8% para
aqueles tratados apenas com estrogênio, segundo os pesquisadores.
Se, em vez de cinco, o
tratamento durar dez anos, o risco será "duas vezes maior", enquanto
que, se durar menos de um ano, "haverá poucos riscos", segundo
Gillian Reeves, da Universidade de Oxford e coautora do estudo.
Com a menopausa, os
ovários param de funcionar progressivamente, fazendo com que os níveis de
estrogênio caiam, e a progesterona quase desapareça.
Essas alterações
hormonais podem causar sintomas desagradáveis (fogachos, ressecamento vaginal,
problemas de sono, entre outros) que os tratamentos de reposição hormonal podem
aliviar.
Em 2002, porém, um
estudo americano mostrou que a THM implicava um risco aumentado de câncer de
mama e, nos anos seguintes à sua publicação, o número de tratamentos prescritos
caiu amplamente.
Desde então, eles são
reservados para pacientes que sofrem sintomas especialmente desconfortáveis e
são prescritos com doses menores e com a menor duração possível, com uma
reavaliação anual.
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