A baixa umidade
relativa do ar costuma ser mais acentuada no centro-oeste, sudeste e sul do
Brasil entre o inverno e início da primavera. Nessa época, é comum as pessoas
apresentarem problemas como pele ressecada, complicações alérgicas e
respiratórias (devido ao ressecamento das mucosas) e irritação nos olhos.
Além disso, o tempo
seco gera grande impacto na prática de atividades físicas, sobretudo em
esportes ao ar livre e quando a umidade está abaixo do considerado ideal pela
OMS (Organização Mundial da Saúde), que é de 40% a 70%.
"Abaixo dessa
faixa, o atleta pode sentir um cansaço precoce e excessivo para uma intensidade
de exercício que normalmente tolera bem em condições climáticas mais
favoráveis", esclarece Gustavo Starling Torres, médico do esporte e
coordenador da SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do
Esporte). Um dos motivos para essa possível queda de desempenho vem do esforço
do organismo em controlar sua temperatura, já que o suor evapora mais
rapidamente com a baixa umidade.
Respiração
prejudicada.
Outro fator que tende a
afetar seu desempenho no treino quando o tempo fica seco é a dificuldade
enfrentada pelo sistema respiratório em umidificar o ar antes de chegar aos
alvéolos dos pulmões, onde ocorre a troca gasosa --o oxigênio entra no sangue e
o gás carbônico é eliminado. Com a baixa umidade, esse processo se torna mais
trabalhoso para o organismo e há elevado gasto energético para aumentar a
umidade dentro do pulmão.
"No exercício, a
frequência da respiração aumenta, pois o organismo necessita de mais oxigênio
para realizar o trabalho muscular. Se o ar está muito seco, o sistema
respiratório tem que trabalhar ainda mais para umidificar o ar e suprir a
demanda", detalha Ubiratan de Paula Santos, pneumologista do Incor
(Instituto do Coração).
As dificuldades em
manter a prática sem queda de desempenho podem ser ainda maiores nas grandes
cidades, já que a poluição também dificulta a respiração. "Quando a
umidade está baixa, aumenta a permanência e a concentração dos poluentes no ar.
No exercício, como é preciso de mais oxigênio, inala-se mais poluentes, o que
leva à inflamação pulmonar, que se expande para o sistema sanguíneo".
Em atividades intensas
nessas condições, esse processo inflamatório torna mais sentida a queda de
desempenho.
7
cuidados ao treinar com baixa umidade.
1.
Capriche na hidratação Para facilitar o trabalho do corpo quando a umidade está
baixa é importante estar mais atento ao consumo de água, sobretudo durante
atividades físicas. Portanto, procure se hidratar bem ao longo do dia e antes,
durante e depois do treino.
2.
Invista em cremes hidratantes Como resseca, a pele é outra parte do corpo que
costuma sofrer bastante com a baixa umidade. "Para evitar ou aliviar
coceiras e irritações comuns nessa época, use loções e cremes
hidratantes", indica Juliana Toma, dermatologista pela Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo) e especialista em oncologia cutânea pelo
Hospital Sírio Libanês.
3.
Evite o horário de rush Quanto mais baixa a umidade do ar, mais os poluentes se
acumulam na atmosfera, prejudicando a respiração e o desempenho. Prefira
treinar em horários alternativos, como antes das 7h ou após 20h, e o mais longe
possível de avenidas movimentadas. Além disso, nesses momentos a umidade do ar
tende a ser um pouco maior do que no meio do dia.
4.
Cuidado com parques O que poucos sabem é que nos parques, ao longo do dia, há
maior concentração de ozônio --gás tóxico que provoca irritação nos olhos e
vias respiratórias, diminuindo a capacidade pulmonar. "O ozônio
rapidamente reage com os poluentes dos carros. No parque, porém, ele não reage
e permanece mais tempo no ar", explica Ubiratan.
5.
Use protetor solar Por mais que os dias sejam frios nessa época do ano,
proteger a pele ao treinar ao ar livre é essencial. Prefira os protetores que
sejam também hidratantes.
6.
Reduza a intensidade Quem treina em ritmo leve não costuma sofrer tanto os
efeitos do tempo seco. Já os que treinam com foco no desempenho tendem a sentir
mais dificuldade. Portanto, quando a umidade estiver muito baixa, procure
reduzir um pouco a intensidade do exercício ou faça a atividade física em
ambientes controlados (academia).
7.
Invista no soro e no colírio A baixa umidade do ar é propícia para ressecamento
não só da pele, como também das mucosas. Portanto, utilize soro fisiológico
para lubrificar as vias aéreas e reduzir incômodos respiratórios.
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