Uma das doenças mais
graves que podem atingir o pulmão é o câncer. Estima-se que o câncer de pulmão
seja o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil, atrás apenas do
melanoma. É o câncer com maior incidência e mortalidade em todo o mundo desde
1985, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Apesar de ser
considerado uma das principais causas de morte evitáveis, os números do câncer
de pulmão ainda espantam: estima-se o surgimento de 31.270 novos casos para o
próximo ano, sendo 18.740 homens e 12.530 mulheres. O número de mortes, por sua
vez, fica estimado em 27.931 - sendo 16.139 homens e 11.792 mulheres.
Ainda que o câncer
de pulmão seja uma doença muito estigmatizada, como
mostra a pesquisa da Global Lung
Cancer Coalition (GLCC), existem diferentes alternativas de tratamento para
cada paciente, desde cirurgias tratativas até terapias que estimulam o sistema
imunológico. O mais importante é estar atento aos sinais e procurar o médico ao
notar qualquer alteração significativa.
Detecção precoce e
sinais de alerta.
Em estágio inicial, o
câncer de pulmão - assim como outros tumores - apresenta melhores alternativas
de tratamento, menos invasivas e com maiores chances de cura. Mas como fazer
isso quando os sintomas confundem-se os de com outras doenças, como uma
inflamação de garganta ou mesmo uma pneumonia?
"Um dos maiores
obstáculos para o diagnóstico precoce é a falta de rastreamento. Nem todo mundo
sabe, mas existe um exame preventivo para o câncer de pulmão: a tomografia de
tórax. Ela é indicada anualmente para pacientes entre 55 e 80 anos, fumantes e
com alta carga tabágica. É um exame que ajuda na detecção do nódulo
pulmonar", explica o médico oncologista Fernando Santini.
Com esse rastreamento,
é possível detectar precocemente o câncer e fazer uma cirurgia tratativa, por
exemplo. "Falando de diagnóstico precoce, o rastreamento é algo que ajuda
os pacientes de câncer pulmão a viverem mais e melhor, com mais
qualidade", reforça o especialista.
O grande problema é que
os sintomas de alerta geralmente não são notados até que o câncer esteja
avançado. Ainda assim, alguns pacientes podem apresentá-los no começo da
doença, o que facilita a detecção precoce. Os principais sinais e sintomas,
segundo o INCA, são:
- Tosse persistente
- Escarro com sangue
- Dor no peito
- Rouquidão
- Piora da falta de ar
- Perda de peso e de apetite
- Pneumonia recorrente ou bronquite
- Sentir-se cansado ou fraco
- Nos fumantes, o ritmo habitual da
tosse é alterado e aparecem crises em horários incomuns.
"Ao notar
alterações, o paciente deve procurar auxílio médico o quanto antes possível, e
não ficar esperando o quadro melhorar de forma espontânea", reforça
Santini.
Novos tratamentos.
Após o diagnóstico, uma
equipe multidisciplinar assume os cuidados com o paciente de câncer de pulmão.
Em primeiro lugar, são feitos o diagnóstico histológico e o estadiamento, para
descobrir se a doença está localizada no pulmão ou se existem focos em outros
órgãos. Para cada caso, há uma indicação de um tipo de tratamento ou a
combinação de vários.
Entre os tratamentos
disponíveis mais conhecidos estão a cirurgia tratativa, a quimioterapia e a radioterapia.
Porém, além destas opções, existem alternativas que vêm ganhando espaço nos
centros de oncologia do Brasil: a terapia-alvo e a imunoterapia, dois
tratamentos que estão mudando a história do câncer de pulmão avançado.
A terapia-alvo é
indicada para pacientes cujo tumor tenha determinadas características
genéticas. Então, o paciente recebe uma medicação que atua no combate de uma
alteração genética específica. "Ela é mais indicada para não-fumantes,
quando identificamos uma mutação específica em alguma célula do organismo,
causada pelo câncer de pulmão", explica o oncologista Fernando Santini.
A imunoterapia, por sua
vez, induzir o próprio sistema imune a combater o tumor. Os tumores produzem
proteínas que bloqueiam o linfócito T, célula mais importante do sistema imune
que ataca o tumor. Com a imunoterapia, há o fim deste bloqueio, fazendo com que
o nosso organismo volte a atacar o câncer. "O organismo volta a reconhecer
que há algo anormal, no caso o tumor, e assim as células de defesa voltam a trabalhar
como o esperado", completa o oncologista.
Um dos benefícios da
imunoterapia, assim como a terapia-alvo é que ambas resultam em menos efeitos
colaterais, ao contrário de outras formas de tratamento. "Os pacientes
podem ter alguma inflamação, mas a frequência dos eventos é reduzida. É um
tratamento que permite mais qualidade de vida para os pacientes", diz
Santini.
Ainda que os dados
sobre o câncer de pulmão causem alarme, é preciso tirar o estigma e preconceito
da doença, que não está relacionada somente ao hábito de fumar. Além disso, é
necessário conscientizar a população sobre a doença, mostrando que é possível
prevenir, diagnosticar precocemente e que há opções de tratamento.
Independentemente do estágio em que o paciente está, existem alternativas para
cuidar do câncer de pulmão, com mais qualidade de vida e efeitos adversos
reduzidos.
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