Tendência
histórica de aumento de mortes de brasileiras fumantes deve se estabilizar se
diminuição do tabagismo nesta população continuar.
A tendência histórica
de elevação nas taxas de mortalidade por câncer de pulmão entre as mulheres
brasileiras só irá se estabilizar em 2030, estima o Instituto Nacional de
Câncer (Inca) em pesquisa feita com o Ministério da Saúde e divulgada nesta
quinta-feira.
Em 2017, último ano com
dados disponíveis, foram registradas no país 11.792 mortes de mulheres por
câncer de traqueia, brônquio e pulmão. De acordo com o Inca, a estabilização na
taxa de mortalidade entre mulheres é uma consequência da diminuição da
prevalência do tabagismo entre as mulheres, resultado das ações da Política
Nacional de Controle do Tabaco.
Como antecipou a coluna
de Ancelmo Gois nesta quinta-feira, a cada ano, a taxa de mortalidade por esta
causa no Brasil cai entre os homens — e cresce entre as mulheres. Em 1980, por
exemplo, morriam 3,6 homens para cada mulher no país. Agora, o número já é
quase o mesmo: 1,7 homem para cada mulher.
Para chegar a
estimativa presente no estudo, disponibilizado no Dia Nacional de Combate ao
Fumo, pesquisadores calcularam a taxa de mortalidade por câncer de pulmão
padronizada por idade de 1980 a 2017 e estimaram sua evolução até 2040,
separadamente, para homens e mulheres.
A taxa de mortalidade
por câncer de pulmão entre os homens sempre foi superior à verificada entre as
mulheres. No entanto, como desde 2005 a taxa entre os homens está caindo e a
entre as mulheres subindo, as curvas estão se aproximando. A razão entre a
mortalidade homem/mulher diminuiu de 3,6 em 1980 para 1,7 em 2017.
Entre os homens.
Intitulado “A curva
epidêmica do tabaco no Brasil: para onde estamos indo?”, o estudo aponta ainda
que a taxa de mortalidade por câncer de pulmão entre os homens continua a cair
e deve manter essa tendência nos próximos anos. Isso, segundo o INCA, também é
reflexo da redução da prevalência de fumantes.
Entre a população
masculina, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão subiu continuamente desde
o início da década de 1980, estabilizou-se a partir de meados dos anos 1990 e começou
a cair em 2005.
Mirian Carvalho, autora
principal do estudo, aponta que as mulheres brasileiras começaram a fumar
depois dos homens, e "tudo indica que a curva de mortalidade entre elas
seguirá o mesmo padrão verificado entre os homens". – Após um período de
estabilização, a mortalidade feminina vai começar a diminuir – pontua Mirian
Carvalho.
Tabagismo e câncer de
pulmão.
No Brasil, o câncer de
pulmão, que engloba tumores na traqueia, brônquios e pulmões, é o tipo que mais
mata homens e o segundo que mais mata mulheres (depois do de mama). O tabagismo
é a principal causa para o desenvolvimento do câncer de pulmão. Os impactos da
diminuição do número de fumantes na redução da mortalidade por câncer de pulmão
demoram décadas para serem percebidos: um fumante leva de 20 a 30 anos para
desenvolver a doença.
– O estudo
confirma o que já sabíamos: a redução do tabagismo salva vidas – afirma Liz
Almeida, chefe da Divisão de Pesquisa Populacional do INCA e autora do estudo.
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