Resumo da
notícia
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Pesquisas
mostram que 32% dos estudantes com idade entre 14 e 18 anos bebem
exageradamente
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Nessa
fase da vida, o cérebro está em formação e qualquer dose pode afetar seu
desenvolvimento
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Além
disso, o álcool aumenta o risco de envolvimento em brigas, de quedas e de
sexo desprotegido
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Em
longo prazo, a substância também é responsável por doenças como câncer,
infarto e AVC
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Apesar da Lei no
13.106/2015, que criminaliza a venda e oferta, ainda que gratuita, de bebida
alcoólica para crianças e adolescentes, não é novidade para ninguém que muitos
menores de 18 anos abusam no consumo de drinques de todos os tipos.
Dados da última edição
da PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar), de 2015, mostram que a idade
média do primeiro "gole" em uma bebida alcoólica é de 12,5 anos. Já
um levantamento do Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool) aponta que
32% dos estudantes brasileiros com idade entre 14 e 18 anos relataram no último
ano o "beber pesado episódico", isso é, em um período de duas horas
consumiram exageradamente álcool --cinco ou mais mais doses para os meninos e
quatro ou mais para as meninas.
A médica pesquisadora
Camila Magalhães Silveira, do Programa Interdisciplinar de Estudos de Álcool e
outras Drogas do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo),
defende que é inaceitável e inseguro o consumo de bebidas na juventude, pois
nessa fase o álcool é ainda mais prejudicial, especialmente para o cérebro.
"O sistema nervoso
central dos jovens ainda está em formação e qualquer dose pode afetar seu
desenvolvimento. Além disso, é um momento muito importante da formação da
personalidade, de conceitos, de relacionamento, de pertencimento e de
autoestima, e a bebida pode gerar efeitos negativos em tudo isso",
esclarece Silveira. A especialista ressalta ainda que, outro ponto preocupante
é que, diferentemente de um adulto, que busca prazer na bebida, o que muitas
vezes motiva os mais novos a beber é o fato de se intoxicar.
Perigos
à saúde.
Além da intoxicação do
organismo --que logo de cara costuma trazer problemas como dor
de cabeça, náusea, vômito e taquicardia --, beber
excessivamente está relacionado a um maior risco de outros prejuízos imediatos,
como amnésia alcoólica, quedas, envolvimento em brigas, acidentes de trânsito e
sexo desprotegido.
Arthur Guerra de
Andrade, psiquiatra e coordenador do Programa de Estudos de Álcool e Drogas do
Instituto de Psiquiatria do HC (Hospital das Clínicas) e do Programa Redenção
da Prefeitura Municipal de São Paulo, lembra que o álcool é um importante fator
de risco para doenças transmissíveis, como tuberculose e Aids,
e não transmissíveis, incluindo câncer,
infarto
e AVC.
Isso porque, se consumida regularmente, em longo prazo a substância pode afetar
diversos órgãos e sistemas do corpo, especialmente o trato gastrointestinal, o
fígado, o pâncreas, o sistema nervoso e o cardiovascular.
Porta
para outros vícios.
Outro agravante é o
"fator escadinha" que o álcool pode gerar no universo juvenil.
"A bebida é a primeira substância consumida por pessoas que mais tarde
apresentam problemas relacionados ao uso de droga e à dependência
química", afirma Guerra.
Ele explica que
programas de prevenção ao uso indevido de drogas estão entre as mais
importantes intervenções para evitar que mais jovens se tornem vítimas da
dependência química e, recentemente, a Prefeitura de São Paulo lançou a
campanha "Quanto mais cedo, pior", que tem como proposta informar
pais e jovens sobre os malefícios do consumo em excesso do álcool,
especialmente para adolescentes.
"Quanto mais a
gente postergar a idade de início desse uso, melhor. Menos dificuldades a
pessoa terá na vida, menos chance de dependência, menos problemas interpessoais,
comportamentais e de relacionamento. Bom seria se os jovens (e também adultos)
não bebessem e encontrassem outras maneiras saudáveis de se divertir",
ressalta Silveira.
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