FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).
Como retaliação à prisão de traficantes de drogas pela polícia estadual, foi incendiado na terça-feira mais um ônibus em Salvador. O diferencial em relação aos incêndios de coletivos ocorridos anteriormente é que nestes os bandidos mandavam as pessoas que estavam nos ônibus saírem deles, antes de incendiá-los.
No último caso, o desta terça-feira, ocorreu o contrário. Os bandidos impediram que as pessoas saíssem do ônibus, jogaram gasolina no interior do veículo e atearam fogo. Felizmente eram poucos os passageiros. O fato de estar o ônibus quase vazio permitiu que após iniciado o incêndio as pessoas saíssem, ajudadas por outras que não estavam no veículo. Caso o ônibus estivesse com muitos passageiros, no entanto, dificilmente teria sido evitada uma tragédia.
Relutei um pouco em tratar deste assunto. Isto porque certas coisas não usuais costumam se tornar rotineiras quando são divulgadas com frequência. Um exemplo clássico é o dos jovens “selvagens” que se armam até os dentes e, solitariamente, além de aparentemente sem motivo, atiram de surpresa contra colegas, professores e funcionários de suas próprias escolas. Este fenômeno tem se registrado com frequência, ainda que não com exclusividade, nos Estados Unidos.
Há entre os estudiosos do fenômeno, psicólogos, psiquiatras, sociólogos, policiais, um virtual consenso de que a divulgação intensa desses casos acaba contribuindo para sua multiplicação. Entre os milhões de jovens estudantes que tomam conhecimento e são bombardeados pelo noticiário, um certo (ou incerto) número tem a ideia de fazer a mesma coisa e alguns acabam fazendo mesmo. Eles focam o pensamento naquilo e isto é parte do caminho para se decidirem a levar o que pensam à prática.
Daí que há um certo risco em notar (espero que os traficantes não costumem ler o que escrevo) que o crime de terça-feira fez subir de patamar a violência representada pelos incêndios de ônibus em Salvador como retaliação dos traficantes à prisão de alguns deles ou à transferência, para presídios de segurança máxima longe da Bahia, dos chefes do tráfico. Ou, eventualmente, como reação a medidas severas de segurança e fiscalização no sistema prisional.
O risco é o de que esse novo patamar inaugurado na terça-feira, e que pareceu uma atitude isolada pelos que agiram naquele dia, passe a ocupar o pensamento dos traficantes e acabe sendo adotado como tática ou estratégia terrorista, fazendo vítimas entre passageiros, motoristas e cobradores. Como o aparelho de segurança teria de reagir à altura, sob pena de desmoralização e perda total de autoridade, a guerra em curso atingiria um grau de violência e intensidade bem maiores que o atual.
Daí que relutei em abordar o assunto a partir do que aconteceu na terça-feira. Mas cheguei à conclusão que as manchetes de jornais e a abordagem do fato nas emissoras de rádio e televisão já criaram o risco que eu modestamente buscava não reforçar ao abordar o assunto. Daí que escrevi, até para sugerir que o aparelho de segurança esteja atento à nova e abjeta possibilidade.
Aproveito para uma observação bem menos grave, mas justa: o noticiário mostrou que, no episódio, um automóvel, que “nem estava no seguro”, segundo o proprietário, um técnico em enfermagem, foi destruído totalmente pelo fogo. No meu entendimento, é obrigação do governo do Estado indenizar o proprietário, pois, em tese, foi uma falha do Estado, por intermédio do aparelho de segurança pública, que permitiu a destruição do automóvel. Acho que o governo não deve esperar que o proprietário do veículo ingresse com ação judicial e aguarde seu desfecho. Melhor fará se providenciar o meio legal para uma indenização tão justa e quanto espontânea.
Como retaliação à prisão de traficantes de drogas pela polícia estadual, foi incendiado na terça-feira mais um ônibus em Salvador. O diferencial em relação aos incêndios de coletivos ocorridos anteriormente é que nestes os bandidos mandavam as pessoas que estavam nos ônibus saírem deles, antes de incendiá-los.
No último caso, o desta terça-feira, ocorreu o contrário. Os bandidos impediram que as pessoas saíssem do ônibus, jogaram gasolina no interior do veículo e atearam fogo. Felizmente eram poucos os passageiros. O fato de estar o ônibus quase vazio permitiu que após iniciado o incêndio as pessoas saíssem, ajudadas por outras que não estavam no veículo. Caso o ônibus estivesse com muitos passageiros, no entanto, dificilmente teria sido evitada uma tragédia.
Relutei um pouco em tratar deste assunto. Isto porque certas coisas não usuais costumam se tornar rotineiras quando são divulgadas com frequência. Um exemplo clássico é o dos jovens “selvagens” que se armam até os dentes e, solitariamente, além de aparentemente sem motivo, atiram de surpresa contra colegas, professores e funcionários de suas próprias escolas. Este fenômeno tem se registrado com frequência, ainda que não com exclusividade, nos Estados Unidos.
Há entre os estudiosos do fenômeno, psicólogos, psiquiatras, sociólogos, policiais, um virtual consenso de que a divulgação intensa desses casos acaba contribuindo para sua multiplicação. Entre os milhões de jovens estudantes que tomam conhecimento e são bombardeados pelo noticiário, um certo (ou incerto) número tem a ideia de fazer a mesma coisa e alguns acabam fazendo mesmo. Eles focam o pensamento naquilo e isto é parte do caminho para se decidirem a levar o que pensam à prática.
Daí que há um certo risco em notar (espero que os traficantes não costumem ler o que escrevo) que o crime de terça-feira fez subir de patamar a violência representada pelos incêndios de ônibus em Salvador como retaliação dos traficantes à prisão de alguns deles ou à transferência, para presídios de segurança máxima longe da Bahia, dos chefes do tráfico. Ou, eventualmente, como reação a medidas severas de segurança e fiscalização no sistema prisional.
O risco é o de que esse novo patamar inaugurado na terça-feira, e que pareceu uma atitude isolada pelos que agiram naquele dia, passe a ocupar o pensamento dos traficantes e acabe sendo adotado como tática ou estratégia terrorista, fazendo vítimas entre passageiros, motoristas e cobradores. Como o aparelho de segurança teria de reagir à altura, sob pena de desmoralização e perda total de autoridade, a guerra em curso atingiria um grau de violência e intensidade bem maiores que o atual.
Daí que relutei em abordar o assunto a partir do que aconteceu na terça-feira. Mas cheguei à conclusão que as manchetes de jornais e a abordagem do fato nas emissoras de rádio e televisão já criaram o risco que eu modestamente buscava não reforçar ao abordar o assunto. Daí que escrevi, até para sugerir que o aparelho de segurança esteja atento à nova e abjeta possibilidade.
Aproveito para uma observação bem menos grave, mas justa: o noticiário mostrou que, no episódio, um automóvel, que “nem estava no seguro”, segundo o proprietário, um técnico em enfermagem, foi destruído totalmente pelo fogo. No meu entendimento, é obrigação do governo do Estado indenizar o proprietário, pois, em tese, foi uma falha do Estado, por intermédio do aparelho de segurança pública, que permitiu a destruição do automóvel. Acho que o governo não deve esperar que o proprietário do veículo ingresse com ação judicial e aguarde seu desfecho. Melhor fará se providenciar o meio legal para uma indenização tão justa e quanto espontânea.
Nenhum comentário:
Postar um comentário