terça-feira, 1 de dezembro de 2009

TERCEIRA VIA...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).
A tumultuada relação PMDB-PT só tende a se agravar daqui até a eleição de 2010, embora tudo seja possível em política. Não me surpreenderia se Jaques Wagner e Geddel Vieira Lima fumassem o cachimbo da paz, hipótese atualmente impensada e descartável. Mas nada nesse mundo de meu Deus me deixaria atônito. Falar em Deus, Lula, o Messias, pode perfeitamente levantar-se da poltrona e atravessar os céus (quem sabe com asas próprias) e pousar na Bahia para um apelo desesperado de união entre os dois políticos rivais. O presidente, que se vê superior a tudo e a todos, pode, se preferir, chamar Wagner e Geddel para uma conversa mais reservada no bar do Palácio da Alvorada (se todos os acordos fossem feitos na mesa de bar, seríamos um outro país) e selar de uma vez por todas o entendimento que surge como simplesmente fora de qualquer cogitação.
Se nada disso acontecer teremos ainda muitos sobressaltos políticos daqui para frente. PMDB e PT devem se trucidar, elevando o tom das acusações mútuas. As consequências disso tudo são imprevisíveis. Óbvio que quem está no exercício do poder sempre leva certa vantagem. Wagner permanecerá no comando do Estado antes e durante as eleições de 2010. As possibilidades de continuar após o pleito são, portanto, evidentes. Geddel terá de se desincompatibilizar do cargo de ministro da Integração Nacional – tem até abril próximo para fazê-lo, mas retoma seu mandato de deputado federal. Há, como podemos observar, um longo caminho a seguir. Não podemos prever nem antecipar o que aguarda Wagner ou o que aguarda Geddel na próxima curva. A necessidade de se sobreviver politicamente pode fazer com que os opostos se atraiam. Ou não. Está provado que quando os dois querem, os dois brigam. E essa é a tendência. Quem pode lucrar com essa feroz sede de estrangular o adversário? Elementar: o ex-governador Paulo Souto, que segue devagar e sempre na sua caminhada rumo ao pódio. A essa altura, o ex-governador já deve ter sua estratégia traçada para retomar o poder e, quem sabe, devolver a Wagner a derrota fragorosa que sofreu em 2006. Há um espaço vazio a ser ocupado pelo democrata que, se bem explorado, deve render bons frutos. Daí – podemos apostar – toda a campanha de Souto deve ser meramente propositiva, sem agressões e sem demonstração de ressentimentos. Assim, acredita-se, de patinho feio, Souto pode transformar-se num belo cisne e conquistar o cetro e a coroa de volta. É tudo uma questão de tempo. De pouco tempo, espero.

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