segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

NÃO RESISTO ÀS TENTAÇÕES...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

Resisto a tudo, menos às tentações. A célebre frase de Oscar Wilde me impulsiona a botar para fora determinadas teses que venho elaborando ao longo das últimas semanas. Como não resisto às tentações, passei a ter certa admiração aos alvos de minhas críticas que têm exposto uma capacidade extraordinária de suportar com resignação os petardos que venho atirando nos últimos dias em direção à Ebal, a toda-poderosa dona da Cesta do Povo baiana e quiçá, como diria o programa humorístico, do mundo.
Cada vez estou mais convencido de que se há algum irresponsável nesse caso não sou eu, mas aqueles que se escondem tal qual bandidos temerosos por seus delitos. Não resisto, por exemplo, à tentação de repetir com toda a franqueza que há um (ou mais) desonesto em toda essa história. Afirmei aqui (e vou continuar afirmando) que estraçalharam os cofres da Ebal. Auditoria do atual governo indica um prejuízo de mais de R$ 600 milhões que hoje pode ter atingido a casa de um bilhão de reais. O relatório é oficial e tenho cópia em mãos.
O dramaturgo, escritor e poeta irlandês tem razão ao não resistir às tentações. Sigo seus passos e não resisto em desafiar quem me responda o óbvio: afinal, o lunático, o inescrupuloso é quem faz a denúncia ou quem se fecha em copas para evitar uma satisfação à opinião pública? Tenho recebido vários e-mails de funcionários e ex-funcionários da Ebal, todos a detratando. Como zelo pela boa informação, deixo de lado os apócrifos, mas há os que autorizam a citação da fonte. Um dos e-mail diz o seguinte:
“É muito fácil identificar, ao menos, parte dos recursos desviados da Ebal. Basta apurar o patrimônio, inclusive o não declarado (incluída uma bela mansão em Praia do Forte e uma linda fazenda no interior do estado)”. Em seguida, nomina duas autoridades que tiveram envolvimento direto com a estatal. Uma delas, “com seu salário da Ebal, se mudou de um modesto apartamento na Graça para um mega-apartamento no Corredor da Vitória”. Há também revelações interessantes indicando o retorno a cargo de direção da Cesta da Povo de ex-dirigentes que de lá saíram amaldiçoados por palavras de baixo calão.
O que intriga é que o governo que disse ter fisgado a roubalheira na Ebal é o mesmo que fez da tal Operação Expresso um cavalo de batalha, desmoralizando muita gente de bem, inclusive na Agerba, sem, efetivamente, comprovar materialmente qualquer roubalheira. Esse mesmo governo, porém, trata a Ebal com mais distinção do que era tratada a mulher do imperador romano César. Como diria Oscar Wilde, resisto a tudo, menos às tentações.

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